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Jorge Coroado confessa ter sido coagido por vice-presidente do Benfica

Numa entrevista dada ao Observador, Jorge Coroado confessou ter sido coagido por Gaspar Ramos (vice-presidente do benfica) e por outros adeptos em mais do que uma situação.

Num benfica – Torreeense

[Observador] Benfica-Torreense. O que lhe diz este jogo?
[Jorge Coroado] Na Luz. O Torreense, que faz aí a sua última época na 1.ª divisão, era treinado pelo Manuel Cajuda. E onde errei foi não ter assinalado um penálti contra o Benfica, por falta do Neno. O próprio confirmou-me anos depois. Fez falta sobre um brasileiro chamado Bigu.

[Observador] E mais, e mais?
[Jorge Coroado] Zero-zero e expulsei Paulo Sousa, na primeira parte, por falta. Depois, já no fim, o César Brito, por palavras, e o Pacheco, também por palavras. Aliás, a história do Pacheco tem piada.

[Observador] Então?
[Jorge Coroado] O Mozer é que me contou, depois confrontei o Pacheco e ele confirmou-me. Ao minuto 90, há um lance na área do Torreense, gera-se uma confusão e é daí que sai o vermelho para o César Brito, por palavras. O Pacheco, que até nem estava ali, veio a correr na minha direção e disse-me na cara, neste português, ‘meu filho da puta, não tens colhões para me mostrar o vermelho’. Ainda ele não tinha terminado a frase e já lhe estava a exibir o vermelho, não por palavras, porque como lhe digo nem ouvi o que ele me disse, a forma de se dirigir a mim é que foi insultuosa e merecedora de expulsão. Conta o Mozer, e depois o Pacheco, que quando mostrei o vermelho, o Pacheco desabafou ‘tens mesmo colhões!’ Há mais, atenção.

[Observador] Uyyyyy…
[Jorge Coroado] No final do jogo, o Gaspar Ramos convidou-me para ir à sala de imprensa e aceitei. Cheguei lá e não havia nem um jornalista, só sócios do Benfica. Saí logo, claro.

Sobre o benfica – Sporting de 1995

[Observador] Como saiu da Luz nesse dia?
[Jorge Coroado] Pelo outro lado.

[Observador] E depois?
[Jorge Coroado] Na cabina do árbitro, o Gaspar Ramos [dirigente do Benfica] estava muito nervoso e incontrolável. Pedi-lhe então que se retirasse. É verdade que aquela casa [Estádio da Luz] era dele, e ele até era delegado ao jogo, pelo que podia estar ali mas não naquele estado, mas aquele espaço era meu.

[Observador] A verdade é que a FPF instaurou-lhe um processo?
[Jorge Coroado] Já lhe disse que foi kafkiano, não já?

[Observador] Então?
[Jorge Coroado] Mal entrei na sala para depor, o relator do processo [Sampaio Nora, do Conselho de Justiça da FPF, pertencente à lista de Vale e Azevedo para as presidenciais do Benfica uns anos depois] disse-me para estar tranquilo porque não gostava de mim.

[Observador] Arrumado? Sei de uns episódios estranhos por conta do vermelho ao Caniggia.
[Jorge Coroado] Nada de especial. Fui ameaçado de morte com uma pistola e depois com uma faca, à porta do meu emprego, ali na José Malhoa.

[Observador] O quê?
[Jorge Coroado] De manhãzinha, ainda antes da 8h30. Foram pequenos-almoços diferentes. Eram adeptos de cabeça perdida que queriam fazer justiça com as próprias mãos. O da pistola só me queria assustar, o da faca do mato tentou atingir-me só que falhou o alvo e estragou-me o casaco. A sorte dele é que conseguiu fugir. O azar é que lhe fiquei com a faca.