Bruno Branco, presente na reunião magna do clube como sócio, revelou que alertou “Macaco” em três ocasiões “para não tomar atitudes que pudessem prejudicar a sua vida e a do clube. Ele afirmou que era necessário gerir a situação de ambas as partes”.
O comandante da PSP afirmou que era amigo de Fernando Madureira até há dois anos, mas que a relação deteriorou-se após Madureira ter ficado irritado com o seu apoio a André Villas-Boas. Antes da Assembleia Geral Extraordinária, soube de tentativas de Madureira para obter cartões de sócio de terceiros e enviou-lhe uma mensagem a alertá-lo: “Cuidado para não arranjares uma forma de impugnar isso. Ele respondeu que não era possível, que a situação tinha-se deteriorado, e que haveria confusão”.
O agente da PSP ficou com a convicção de que “tudo foi planeado”. Ele acredita que os distúrbios da AGE foram provocados por uma “estratégia da direção que pretendia alterar os estatutos a cinco meses das eleições”, uma mudança que “beneficiaria apenas a atual direção. Esse era o seu objetivo. Não há como contornar isso”. Ele exemplificou com a extensão do período eleitoral até junho, a restrição do voto aos sócios com 18 anos, a possibilidade de negócios com familiares da direção e o financiamento direto das casas do clube.
“Catão foi o primeiro a incitar a confusão”
Na noite das eleições, o comandante da PSP relatou ter visto Catão a insultar adeptos que supunha serem apoiantes de Villas-Boas e, em seguida, a dirigir-se a um veículo da SIC que teve de abandonar o local. O agente criticou a conivência dos seguranças, referindo ter visto um vídeo de um membro da SPDE a rir-se durante a intimidação do carro da SIC.
Posteriormente, Vítor Catão dirigiu-se de forma agressiva a uma viatura da PSP. “Ninguém vos chamou. Isto é um evento privado. Não têm nada que estar aqui”, protestou. O ambiente ficou tenso com a explosão de petardos e o acender de tochas, o que levou várias pessoas a saltar a fila para “gerar um clima de intimidação”. Também avistou Fernando Madureira a distribuir pedaços de papel, que, segundo lhe disseram, eram números de sócios. “Vítor Catão foi o primeiro a incitar a confusão”, acusou.
“Ainda vamos sofrer as consequências”
O ambiente na fila ficou tenso e um jovem próximo de Branco antecipou “ainda vamos sofrer as consequências”. Outro admitiu “até tenho receio de tirar o telefone”. Bruno Branco fez a sua acreditação e entrou no auditório. Um amigo que o acompanhava abordou o presidente da mesa da Assembleia Geral para protestar contra a entrada de pessoas que não eram sócias. “O Lourenço Pinto perguntou: tens provas? Ele respondeu que as provas éramos nós que assistimos aos factos”.
Dentro do auditório, várias pessoas levantaram-se a gritar insultos a Villas-Boas e aos seus apoiantes. “O Fernando andava a puxar os cânticos”, relatou. “Os membros da direção permaneciam impávidos, assistindo a tudo”. Os seguranças também. “Foi tudo conivente. O que vi foi isso. Não houve organização”, criticou. “Na minha opinião, há vários responsáveis: quem mobilizou as pessoas e quem permitiu que isso acontecesse”, acrescentou.
“Se ele tivesse entrado no auditório, teriam-lhe caído em cima”
A reunião foi suspensa durante 45 minutos e Bruno saiu. Encontrou um amigo de Villas-Boas e perguntou-lhe se sabia onde o atual presidente do FC Porto se encontrava, para o alertar que a sua vida estava em perigo. “Se ele tivesse entrado no auditório, teriam-lhe caído em cima, literalmente”, alertou.
Villas-Boas soube da mudança de local, contatou o seu advogado, fez declarações aos jornalistas e foi-se embora, recordou. O agente e sócio do FC Porto negou ter prestado segurança de forma ilegal para André Villas-Boas e afirmou que nunca recebeu uma proposta de 2600 euros para trabalhar para ele, recordando que já o apoiava dois anos antes das eleições, numa altura em que ele não era sequer candidato.
Um dos advogados perguntou se, como agente da PSP, não se sentiu na obrigação de intervir ao ver Vítor Catão exaltado. “É necessário saber quando agir e quando não agir. Ele não respeitou os polícias fardados, acha que me respeitaria a mim, que sou um caso do Futebol Clube do Porto?”, questionou Bruno Branco.
“O Fernando foi o melhor líder de claque de Portugal”
Bruno Branco confirmou que fez parte dos Super Dragões e que, ainda hoje, “quando tiver que ir”, assistirá a jogos no seio da claque, que é o local onde mais aprecia estar no estádio. “Sobre as qualidades de Fernando Madureira, disse que “é uma das pessoas com quem se pode ter uma conversa e foi o melhor líder de grupo organizado de adeptos em Portugal”, elogiou, acrescentando que os Super Dragões estão legalizados e que, apesar de desavenças, ainda mantêm respeito mútuo.