FC Porto

Do abismo financeiro às contas saudáveis em apenas 15 meses

Ao assumir a presidência do FC Porto, em maio de 2024, André Villas-Boas encontrou o clube e a SAD mergulhados em dívidas, com salários em atraso, dependentes de empréstimos dos sócios, fragilizados no mercado e com receitas televisivas já antecipadas. Embora os resultados desportivos da época anterior tenham sido dececionantes, a equipa por si escolhida para recuperar as finanças – em particular o CFO José Pedro Pereira da Costa – conseguiu, através de meses de trabalho intenso, reverter a situação e restaurar a estabilidade financeira, permitindo um investimento significativo no plantel durante o verão.

Foram implementadas medidas estruturantes essenciais para afastar o FC Porto da iminência de falência técnica: emissão de papel comercial de €12 M a 5%, um financiamento pessoal do presidente de €500 mil sem juros e iniciativas de aumento de receitas comerciais a custo zero – como campanha de sócios, lugares anuais, bilhética e hospitalidade corporativa – acompanhadas de contenção de custos, designadamente salariais, tanto na equipa principal como entre os funcionários e na Administração. Registou-se também uma redução expressiva em fornecimentos e serviços externos, operações no mercado de transferências com vendas e empréstimos que renderam €59 M fixos e €20 M em variáveis, diminuição das comissões de intermediação e outras medidas que permitiram assegurar o cumprimento do controlo/monitorização da UEFA «Solvabilidade/Overdue Payables» a 30 de junho e a 30 de setembro.

Antes do final de 2024 concluiu-se a venda de 30% da Porto Stadco à Ithaka, com revisão do valor de €65 M para até €100 M, aumento do primeiro pagamento de €40 M para €50 M e inclusão de opção de recompra do capital. Negociou-se ainda a emissão de dívida lastreada na Porto Stadco – a operação Dragon Notes (€115 M a 5,6%), com maturidade de 25 anos e sem garantias -, que permitiu ao clube operar sem constrangimentos de tesouraria, bem como uma nova emissão de obrigações de retalho 2024/2027 no montante de €21 M. O passivo de curto prazo foi significativamente reduzido, com a dívida a outros clubes totalmente regularizada e pagamentos acordados com fornecedores mais credores, assegurando o cumprimento do controlo da UEFA a 31 de dezembro.

No início de 2025 (janeiro a março) fechou-se o mercado de transferências com vendas na ordem dos €111 M e aquisições de apenas €13 M, evidenciando que o FC Porto não teve de vender por necessidade imediata de tesouraria. Essa posição permitiu a André Villas-Boas maximizar os valores obtidos em saídas, como aconteceu com Nico González, transferido pela cláusula de rescisão. Foi ainda realizada uma emissão obrigacionista de retalho 2025-2028 de €50 M para refinanciar integralmente a emissão anterior. Estas operações permitiram cumprir a 100% o indicador «Estabilidade/Football Earnings» da UEFA no exercício 2024/2025 – sem considerar a venda dos 30% da Porto Stadco à Ithaka, essencial para evitar que o FC Porto voltasse a cair sob alçada do ‘Fair-play financeiro’ – e possibilitaram amortizações de dívida financeira mais onerosa, nomeadamente os €52 M devidos à Apollo (contratados a 11% de juro), entre outros financiamentos.