Apito Encarnado

«Os guardas dizem-me que Portugal precisa de mais pessoas como eu»

Na longa entrevista à revista alemã Der Spiegel, Rui Pinto falou das expectativas para o julgamento que terá em Portugal, deu o Benfica como exemplo da impunidade da indústria do futebol e abordou o lado mais pessoal, em concreto as rotinas na prisão.

Tratamento dos guardas-prisionais: “Tratam-me muito bem, conversamos muito. Eles dizem que a prisão não é o lugar certo para mim e que Portugal precisa de mais pessoas como eu, pessoas que estejam preparadas para combater a corrupção.”

Rotina na prisão: “Agora estou numa ala com outros prisioneiros que têm permissão para trabalhar desde a prisão. Cozinham, tratam da roupa, alguns até têm uma pequena loja. Eu posso sair da cela e passar algum tempo com eles, mas não estou autorizado a trabalhar. Também não posso ir para o pátio, são ordens do diretor da prisão.”

Seis meses na solitária: “Só podia andar entre a minha cela e um pátio muito pequeno. Caminhava em círculos e dava pontapés numa bola. Também fazia algum exercício na minha sela, lia e escrevia. Foi difícil no início. Os humanos precisam de se relacionar. Mas tinha aceitar a situação e adaptar-me.”

Natal detido: “Vai ser duro. Não só para mim como para toda a gente. Vamos tentar esquecer um pouco a triste realidade. É suposto passar o Natal com os teus familiares, mas às vezes é preciso fazer sacrifícios.”