FC Porto

PSP: “No Name Boys tinham informações sobre jornalistas, dirigentes e comentadores”

PSP deu a conhecer os contornos da operação que levou à detenção de sete pessoas ligadas à claque não oficial do Benfica

A PSP deu a conhecer esta quinta-feira, os contornos da operação que levou a cabo e em que foram detidos sete elementos dos ‘No Name Boys, uma das claques não oficiais do Benfica.

O comissário da PSP, Bruno Pereira, disse em conferência de imprensa que ‘esta investigação surgiu ao abrigo do combate e prevenção à violência no desporto e vem complementar ações levadas a cabo por suspeitos que integram esse grupo organizado de adeptos e que, num passado recente, praticaram fatos violentos, numa escalada declarada de violência’, afirma.

Entre os factos investigados há “agressões a agentes da autoridade ou entre adeptos, dentro dos recintos desportivos, ou fora deles, ou por causa do futebol.”

“Estamos a falar de situações de agressões também praticadas contra adeptos que não são de clubes portugueses”, afirma o comissário Bruno Pereira, dizendo também que houve “ações planeadas pelos suspeitos com situações de conhecimentos prévios junto de moradas, viaturas e rotinas que lhes permitiam orquestrar, com maior probabilidade de sucesso, agressões violentas a adeptos rivais com violência ao ponto de os deixar inanimados e em risco de vida.”

Da investigação que começou em maio de 2019, resultaram agora na detenção de seis pessoas, com idades entre os 22 e 33 anos, ligadas diretamente à investigação, e uma outra, na quarta-feira à noite, “que foi detida colateralmente em flagrante delito com uma arma de fogo proibida e produto estupefaciente.”

No decorrer da operação, a Polícia de Segurança Pública apreendeu “um revolver, várias munições, soqueiras, facas de diversa natureza, potes de fumo, alguns produzidos artesanalmente pelos próprios, proteções que lhes permitiram camuflar a sua identidade [o que acabou por dar rosto à operação], e também uma série de outros artefactos ligados à sua ligação clubística e sprays usados para grafitar locais, colocando lá frases de intimidação e provocação.”

Em causa está “um crime de homicídio na forma tentada, três crimes de roubo, vários crimes de ofensa à integridade física qualificada quer contra agentes da autoridade, quer contra outras pessoas, com dimensões de perversidade que qualificam a agressão, e crimes de furto”, confirma a PSP, acrescentando que há “mais de duas dezenas de vítimas.”

“A violência no desporto preocupa de sobremaneira pelos efeitos altamente perversos e catastróficos que pode causar do ponto de vista de segurança a quem goste de ir aos estádios e que cada vez mais receiam que possam vir a ser atacados por estes grupos de adeptos. Isto foi o que espoletou a investigação”, reiterou a PSP, que adiantou que os detidos serão presentes na sexta-feira a tribunal.

A PSP disse ainda que estas ações criminosas tinham “uma dimensão organizativa que vai para além do que é normal.”

“Havia ações claramente planeadas, orquestradas e é bem indicativo disso mesmo o facto de serem encontrados manuscritos com elementos de identificação e informações relacionados com jornalistas, pessoas com cargos de direção em clubes, comentadores de televisão, claramente demonstrativo daquilo que eram os impulsos que moviam estas ações e grau de planeamento prévio, que foge ao que é uma mera reação de oportunidade ou estímulo.”

Há “indiciação” de que estes detidos estejam ligados às agressões que ocorreram em maio no Lumiar, em Lisboa, a dois elementos da Juve Leo, que foram hospitalizados em estado grave. A PSP não avançou se há ligação ao ataque ao autocarro do Benfica e aos insultos inscritos nas paredes das casas de Bruno Lage e Pizzi, dizendo que esses “factos também estão sob investigação e existe a possibilidade de, entre os suspeitos detidos hoje, e os que possam vir a ser detidos, haver alguma ligação com esses factos.”

A operação decorreu na Área Metropolitana de Lisboa, nos concelhos de Lisboa, Amadora, Loures e Vila Franca de Xira.