FC Porto

Andoni Zubizarreta e a saúde mental: “Há duas horas da minha vida que não sei onde estão”

Andoni Zubizarreta, ex-diretor-desportivo do FC Porto, vive atualmente em San Sebastián, a cidade onde nasceu, afastado dos grandes holofotes do futebol.

Esta quarta-feira, contudo, deu uma entrevista à rádio OndaCero na qual recordou um episódio da sua carreira no Valência, no contexto do tema da saúde mental.

Transferiu-se para o clube che em 1994, depois de oito anos como guarda-redes do Barcelona. O último jogo que disputou pelo Barça foi justamente a final da Liga dos Campeões 1993/94, perdida perante o Milan por 0-4.

«Na minha transferência do Barça para o Valência, nesse processo, tínhamos perdido a final da Champions em Atenas por 0-4. O início em Valência foi bom, tínhamos o [Carlos Alberto] Parreira como treinador e excelentes jogadores. Começámos muito bem o campeonato e, por volta de outubro, um dia, eu estava a ir para o treino. Vivia em Rocafort e ia para Paterna, que fica a cinco minutos de carro. A certa altura, não sei porquê, parei o carro e fiquei ali estacionado durante não sei quanto tempo. O que eu pensei que foram cinco minutos, na verdade, foi muito mais», começou por dizer.

«Depois, arranquei com o carro e fui para o treino. Quando cheguei, já tinha acabado. O Parreira olhou para mim e disse: ‘O que se passou? Você é um profissional’. Estive duas horas parado, e há duas horas da minha vida que não sei onde estão. Teria sido um bom motivo para procurar terapia e ter trabalhado isso», reconheceu.

Hoje em dia, Zubizarreta mora em San Sebastián e mantém uma vida reservada, longe da exposição mediática. Apesar de se manter afastado de cargos executivos, continua ligado ao futebol – quer como consultor, comentador ou através de diversas iniciativas desportivas em Espanha.

Zubizarreta, refira-se, deixou o FC Porto no verão. Tinha assumido a pasta de diretor-desportivo dos dragões aquando da eleição de André Villas-Boas como presidente do clube, em abril de 2024.