FC Porto

André Villas-Boas aplica solução pouco vista no reinado de Pinto da Costa

Após uma temporada instável e sem grandes conquistas, o FC Porto anunciou, neste domingo, Francesco Farioli como o novo treinador, sucedendo Martín Anselmi e marcando uma continuidade na aposta em treinadores estrangeiros por parte da direção.

Desde que Pinto da Costa assumiu a presidência, André Villas-Boas já alterou o comando técnico em três ocasiões em pouco mais de um ano, começando pela escolha de Vítor Bruno como sucessor de Sérgio Conceição, que esteve na equipa técnica durante sete anos e conquistou diversos troféus.

O ex-adjunto teve uma breve passagem como treinador principal, que durou apenas uma meia temporada, até a chegada de Martín Anselmi. Contudo, a situação não melhorou e agora é a vez de Francesco Farioli demonstrar o seu valor, uma vez que todas as escolhas de Villas-Boas têm em comum a aposta em treinadores mais jovens.

O momento de reavivar a tradição de treinadores estrangeiros

O FC Porto já teve 36 treinadores estrangeiros de sucesso, como Bobby Robson, Béla Guttmann e Dorival Yustrich, mas é necessário olhar para o passado para relembrar as ocasiões em que a aposta em treinadores não portugueses foi consecutiva.

Anos Apostas consecutivas em estrangeiros
1906-1927 Cattulo Gada (italiano), Adolphe Cassaigne (francês) e Akos Teszler (húngaro)
1928-1947 Joseph Szabo, Mihály Siska, Ferenc Magyar, Lippo Hertzka (húngaros) e Franz Gutkas (austríaco)
1947-1949 Eladio Vaschetto (argentino) e Alejandro Scopelli (ítalo-argentino)
1950-1953 Francesco Reboredo, Dezso Gencsy, Lino Taioli (argentinos), Anton Vogel (romeno), Dezso Gencsy (húngaro) e Luis Passarín (espanhol)
1955-1966 Dorival Yustrich, Flávio Costa, Otto Vieira, Otto Glória (brasileiros), Otto Bumbel (híspano-brasileiro), Béla Guttmann, Gyorgy Orth, Jeno Kalmár (húngaros), Ettore Puricelli (ítalo-uruguaio), Ferdinand Daucik (eslovaco), Francisco Reboredo (argentino)
1972-1975 Fernando Riera (chileno), Béla Guttmann (húngaro) e Aymoré Moreira (brasileiro)
1991-1996 Carlos Alberto Silva (brasileiro), Tomislav Ivic (croata) e Bobby Robson (inglês)
2004-2005 Luigi Delneri (italiano) e Víctor Fernández (espanhol)

Como é evidente na tabela, as sucessivas apostas em treinadores estrangeiros ocorreram, em grande parte, durante o primeiro século do clube, enquanto na presidência de Pinto da Costa, a maioria das escolhas recaiu em técnicos portugueses.

As temporadas de 1991 a 1996 constituem uma exceção, quando o brasileiro Carlos Alberto Silva iniciou um ciclo de conquistas, que não foi continuado pelo croata Tomislav Ivic (escolhido por Pinto da Costa na histórica temporada de 1987/88), seguido pelo icónico Bobby Robson, que reestabeleceu a senda vitoriosa do FC Porto.

O legado italiano

Para recordar a última vez que o FC Porto teve dois treinadores estrangeiros consecutivos, é necessário voltar à temporada 2004/05, quando o italiano Luigi Delneri sucedeu o aclamado José Mourinho, numa passagem que durou apenas algumas semanas, devido a desentendimentos com a direção de Pinto da Costa, após não ter comparecido a uma reunião. Aí, o espanhol Víctor Fernández assumiu o comando. Desde então, apenas o neerlandês Co Adriaanse (2005/06) e o espanhol Julen Lopetegui (2014-2016) foram escolhidos pelo ex-presidente do clube.

Oficial: Francesco Farioli é o novo treinador do FC Porto