Um empate em treze jornadas evidencia com nitidez um dos melhores arranques do FC Porto no Campeonato, situando com clareza a sua autoridade na tabela, agora reforçada, enquanto Sporting e Benfica deixaram pontos no clássico de Lisboa – o líder distancia-se por cinco e oito pontos, respetivamente. A solidez defensiva sobressai como o fator decisivo desta fuga azul-e-branca. O título começa a fervilhar na mente dos adeptos, com a muralha atrás bem organizada. Diogo Costa só sofreu um autogolo de Bednarek, diante do Sporting, Alanzinho (Moreirense) e Víctor Gómez (Braga).
Para além dos impulsos internos, os três golos sofridos são um motor de pontos, configuram um sistema de segurança elevada e resumem, em última análise, uma equipa capaz de ampliar horizontes e reescrever capítulos. Tal registo remete-nos a 1995/96, quando o FC Porto orientado por Robson, com centrais como Jorge Costa, Aloísio e Zé Carlos, chegou à 13.ª jornada com apenas dois golos encaixados, tendo Baía na baliza.
Nesta retrospetiva longa, nenhuma outra formação igualou esse feito até agora, pelo que Farioli pode orgulhar-se de ter construído a melhor coerência defensiva das últimas quase três décadas. Existe, porém, um paralelo curioso nos arquivos estatísticos: em 2005/06, com três golos sofridos ao cabo de 13 rondas, o Vitória de Setúbal ocupava o 3.º lugar e ostentava a melhor defesa do campeonato. Norton de Matos era o treinador; Janício, Auri, Ricardo Chaves, Fonte e Nandinho compunham uma linha defensiva de luxo à frente de Moretto. Nandinho, ex-lateral-esquerdo, recorda-se com orgulho. “Éramos a melhor defesa da Europa nessa altura”.
De facto, o FC Porto destaca-se em 2025/26 entre as principais ligas europeias. A consistência defensiva explica grande parte da liderança robusta na Liga, alimentada por uma euforia constante; e é impossível falar do mérito defensivo sem referir Bednarek e Kiwior, dois pilares capazes de elevar o rendimento colectivo. Tirando partido das qualidades dos internacionais polacos, acentuam-se as diferenças face ao FC Porto da época anterior, que mostrava fragilidades na retaguarda. A autoridade no centro da defesa honra o legado de Aloísio, Fernando Couto e Jorge Costa, protagonistas de uma era; de Jorge Costa ou Ricardo Carvalho no ciclo de Mourinho; e de Bruno Alves, Pedro Emanuel e Pepe, que protagonizaram outra fase vitoriosa. Há ainda um paralelo defensivo próximo com a equipa de Jesualdo Ferreira em 2007/08, que então consentiu quatro golos em 13 rondas.
Nandinho conhece bem como um bloco recuado alimenta a confiança e fortalece o grupo. “Uma defesa bem estruturada, coesa e concentrada, envolve mais-valias para uma equipa. O resto acaba por se fortalecer. Não sofrer golos dá ânimo e confiança, o trabalho fica mais fácil e os jogadores sentem-se mais fortes e seguros.”
Aloísio rendido ao impacto de Bednarek e Kiwior no eixo
Figura central do FC Porto em várias épocas, Aloísio integrava a retaguarda em 95/96 junto a Jorge Costa, quando a equipa só havia sofrido dois golos nas primeiras 13 jornadas. “Uma defesa sólida e segura, é garantia de poucos golos sofridos. Se o meio-campo e ataque não funcionam como se espera, entra em análise a solidez dos defesas. E, nesse particular, os centrais polacos têm sido fundamentais para a equipa sofrer tão pouco”, corrobora. “A melhor defesa começa no ataque, porque havendo pressão na saída de bola, isso facilita bastante o setor defensivo. O FC Porto tem isso e, quanto menos sofre, mais confiança vai buscar. A união está à vista, trabalham para o mesmo. Essa é a chave para ganhar títulos”, acrescenta.

