Deco concedeu uma longa entrevista à edição desta segunda-feira do jornal britânico The Times, onde abordou vários temas, incluindo “o fantástico sonho” que viveu ao serviço do FC Porto quando, em 2004, conquistou a Liga dos Campeões sob o comando do atual treinador do Benfica, José Mourinho.
O antigo internacional português começou por dizer: “Hoje em dia, seria mais difícil. Eu espero que volte a acontecer. Adoro a cidade, mas não é fácil para o FC Porto segurar os jogadores. Eu fiquei lá durante cinco anos, mas um jogador como eu ou Ricardo Carvalho, hoje em dia, ficariam, no máximo dois anos”.
Recorde-se que o criativo chegou às Antas em 1999, proveniente do Salgueiros, por uma verba próxima dos oito milhões de euros, e foi depois vendido ao Barcelona por 21 milhões de euros. Deco explica agora esse passo com a vontade de cumprir “um sonho” que trazia desde criança.
Sobre a transferência para o Chelsea, em 2008, por dez milhões de euros, afirmou: “Quando eu decidi que o meu tempo no Barcelona tinha chegado ao fim, tinha duas opções. Tinha o Internazionale, com José Mourinho. É claro que a influência de [Luiz] Felipe Scolari foi importante para mim, mas não teve apenas a ver com isso”.
Sobre a escolha pela Inglaterra, manteve: “Eu queria jogar na Premier League, ter esse tipo de experiência. A decisão deveu-se ao projeto do Chelsea. Eu conhecia a equipa, os jogadores. O Chelsea foi melhor para mim”. A experiência no futebol inglês acabou por não corresponder às expectativas e, dois anos depois, rumou ao Fluminense.
Deco explicou a ligação familiar à mudança: “Naquela altura, a minha ex-mulher decidiu voltar ao Brasil. Era demasiado longe para os meus filhos. Antes, eles estavam em Portugal. O meu mais velho tem, agora, 25 anos de idade, mas, na altura, tinha oito. Agitou-me muito. Essa foi uma das razões pelas quais decidi voltar. Era feliz, aqui, ainda que o meu segundo ano não tenha sido tão bom”.
Sobre o saldo dessa etapa, admitiu: “Eu não gosto de desculpas, porque toda a gente tem os seus próprios problemas, mas, se eu pudesse, teria gostado de passar mais anos no Chelsea”.
“A minha ideia não era ser diretor desportivo do Barcelona”
Após terminar a carreira, em 2013, Deco enveredou pela gestão de jogadores e foi estreitando laços com o Barcelona. Uma década depois tornou-se a escolha do presidente Joan Laporta para ocupar o lugar de diretor desportivo – uma função que, garante, nunca imaginou desempenhar.
Nas suas palavras: “Sou um adepto do clube. Desde que me retirei, mantive amigos, aqui. Tenho casa, aqui. O clube precisava de uma mudança, de uma reconstrução, e eu queria ajudar, de fora. A minha ideia não era ser diretor desportivo. Depois de ser eleito, o presidente disse-me sempre ‘Tens de tornar-te no diretor desportivo”, concluiu o ex-internacional português.

