Futebol

FC Porto 1 – Estoril 0: “Prova de paciência”

 

Prova de paciência.

Não se pode fugir do incontornável, estes últimos dias foram marcados pela não contratação do Rafa, a favor do Benfica. Perde-se um bom jogador, mas não se faz um negócio exagerado, aliás é “impossível” não haver um alvo de qualidade semelhante que custe menos. É para isso que temos um departamento de scouting.

O certo é que continua a ser notória a existência de lacunas no plantel e voltamos a cair no erro de encostar jogadores que, antes de saírem, poderiam dar o seu contributo. Aboubakar e Brahimi, por exemplo. Não teriam ajudado a resolver o problema mais cedo e a não “obrigar” o treinador a recorrer a André André e Sérgio Oliveira como opções para desbloquear um 0-0?
Já faz mais de um mês do jogo do PSV e só chegou o Depoitre. Curto, muito curto.

Em relação ao jogo, esperávamos todos que jogadores e treinador se esquecessem por momentos que temos que ir ao Olímpico de Roma marcar golos e que continuássemos na senda das vitórias no campeonato.
Copio o treinador dizendo que a melhor maneira de não jogar mais playoffs é ganhando o campeonato.

Do 11 que empatou contra a Roma saiu o Alex Telles por castigo, o AA provavelmente por exibições menos conseguidas e o Danilo talvez num misto de poupar um dos nossos jogadores mais fulcrais e de permitir uma melhor e mais rápida variação de jogo com os passes precisos do Ruben Neves.

Torna-se difícil fazer um resumo do que foram 66 ataques, 25 remates e 17 cantos contra um adversário mais limitado que o normal (para a valia do Estoril) e que tentou defender o nulo ao máximo, fazendo um remate digno de registo que o Casillas defendeu com facilidade e uma boa jogada coletiva a meio da segunda parte, que também não resultou em nada.
O resto foi só FC Porto.

Notou-se muita entrega, muito querer e pressão rápida sobre o portador da bola no meio campo do Estoril, o que são sempre sinais animadores. Por outro lado, faltou sempre algum critério no último passe, especialmente nos cruzamentos da linha de fundo, e por momentos perdíamos a lucidez no meio campo super povoado de amarelo. Otávio fez talvez o jogo menos conseguido com a nossa camisola, também muito por culpa do Anderson Esiti que é um dos elementos em destaque da equipa da linha. O outro é o Moreira, neste jogo. Nos outros jogos veremos.

“Um daqueles jogos”. Este pensamento perseguiu-nos durante 84 minutos. Defesas atrás de defesas. Bolas na trave, remates atrás de remates. Más decisões no último passe ou na recepção que mete a bola redondinha e pronta para a escolha do lado da baliza em que vai acabar. Podia-nos estar a perseguir a nós, adeptos. Mas aos jogadores não estava. Nunca desistiram, nunca pararam para olhar para o relógio, para o calendário, para o quer que fosse e foi esse querer que nos deu o tão desejado golo.

Não consigo dar nota negativa a nenhum dos jogadores, houve exibições mais conseguidas – ambos os laterais – e outras menos conseguidas, mas numa equipa que faz 66 ataques há sempre espaço para qualquer jogador ter uns momentos melhores e outros de pior definição de lances. O mais grave é mesmo a falta de soluções que nos poderia ter custado e muito. Já falei dos jogadores encostados, mas com Depoitre lesionado, mete-me confusão a não chamada do Bueno que na pre-época mostrou pormenores muito interessantes. Espero bem que não passe outra temporada a ver navios, porque tem talento que deve ser aproveitado.

Depois de ultrapassada a prova da reviravolta, passamos com distinção na prova da paciência.
Segue-se a prova da determinação, vai ser preciso muita para marcamos golo(s) no Olímpico de Roma. Entrar sem medo é super importante, não podemos deitar a eliminatória ao ar nos primeiros minutos. Seria preciso velocidade para as transições, mas mais uma vez decidimos encostar o jogador do plantel que nos oferece rapidez. É por isso que apostaria em Layún a extremo. Otávio/Corona no outro lado e Herrera no apoio ao nosso blindado. Dar liberdade ao nosso capitão para poder correr, poderíamos surpreender a Roma. Ruben e Danilo mais recuados.

Não fugíamos da nossa identidade, mas conseguíamos torná-la mais vertical, mais determinada!

por Nuchae