O desempenho insatisfatório do FC Porto no Mundial de Clubes agravou uma série de problemas já existentes, resultantes de uma época aquém do esperado, na qual a conquista da Supertaça Cândido de Oliveira se destacou como a única conquista significativa. Para curar essas feridas e iniciar a temporada 2025/26 com aspirações reais de conquistar o título, André Villas-Boas planeia implementar uma série de mudanças na organização, com o plantel como o principal foco, embora possa também abranger a estrutura, incluindo áreas operacionais ligadas à equipa principal. A permanência de Martín Anselmi permanece como uma incógnita, especialmente após o seu regresso precoce dos Estados Unidos, uma vez que a confiança dos adeptos no argentino foi abalada com a eliminação precoce na competição da FIFA.
Os dados indicam uma saída sem glória, com o FC Porto a registar o menor número de pontos entre as equipas do Velho Continente e com atuações aquém das expectativas, o que será considerado na análise a ser feita nas próximas horas. Ontem, o treinador de 39 anos evitou o assunto. “Não é o momento de falar disso”, respondeu, deixando rapidamente a zona de entrevistas após o empate (4-4) com o Al Ahly.
Mais tarde, na sala de Imprensa do MetLife Stadium, Anselmi foi sucinto na análise das razões que levaram a uma temporada que “serviu de aprendizagem para a seguinte”. “Temos feito [a análise], falado e trabalhado. Nunca tivemos a oportunidade de parar e fazer todas as mudanças”, disse o técnico do FC Porto, que também recorreu à expressão usada por André Villas-Boas em uma reunião com adeptos no Sport Clube Português, em Newark, para falar do futuro. “O murro na mesa tem de ser planeado. Como mencionei na conferência de Imprensa [antes do jogo com o Al Ahly], precisamos de avaliar que tipo de murro e como o queremos dar. Não se pode dar por dar. Tem de ser um murro eficaz. Para isso, é necessário olhar para dentro e mudar tudo o que for necessário, corrigindo os erros e satisfazendo as necessidades para a próxima temporada”, indicou.
O estudo realizado em conjunto por Anselmi e a direcção do futebol do FC Porto resultou na conclusão de que as prioridades para 2025/26 devem incluir o reforço da defesa, do meio-campo e das alas. As exigências dos clubes vendedores num mercado tão específico apenas permitiram à SAD assegurar Gabri Veiga a tempo da viagem para os Estados Unidos, mas os processos pendentes serão reabertos, especialmente com vários jogadores em saída. Tiago Djaló já não treina com o plantel, Fábio Vieira regressará ao Arsenal após um ano de empréstimo, e jogadores como Pepê, Otávio e Zaidu procuram novas oportunidades para jogar. Diogo Costa é um alvo desejado após a sua performance na Liga das Nações, Eustáquio tem vários interessados, e há jogadores que não se afirmaram, como Deniz Gul ou André Franco. Assim, a versão 2025/26 do FC Porto promete ser bastante diferente da atual, e os adeptos esperam que as mudanças sejam para melhor.
Encaixe financeiro de 18,4 M€
O FC Porto despediu-se do Mundial de Clubes sem qualquer vitória, resultando em um prémio de participação aquém do esperado. A equipa deixou os Estados Unidos com 18,451 milhões de euros (M€), dos quais 16,7 M€ são referentes à participação na competição e 1,751 M€ aos empates com Palmeiras e Al Ahly.
Vinte jogadores utilizados, apenas dois a jogar todos os minutos
Martín Anselmi utilizou 21 jogadores ao longo dos três jogos da fase de grupos, mas apenas dois disputaram os 270 minutos: Cláudio Ramos e Zé Pedro. Marcano (267’), Moura (267’) e Rodrigo Mora (258’) são os outros três jogadores com mais tempo em campo.
Nove jogadores apenas a assistir
Os jogadores do FC Porto chegaram a Newark com 28 atletas, aos quais se juntaram mais tarde Samuel Portugal e Gonçalo Ribeiro. Desses, nove jogadores passaram o torneio apenas a assistir: Diogo Costa (lesionado), Diogo Fernandes, Zaidu e Vasco Sousa, do plantel principal, e os jogadores da equipa B, Gabriel Brás, André Oliveira e Ángel Alarcón.
Samu foi o melhor marcador do FC Porto
Com apenas dois golos, Samu terminou a sua participação no Mundial de Clubes como o melhor marcador da equipa, com golos frente ao Inter Miami (penálti) e Al Ahly. Rodrigo Mora, William Gomes e Pepê marcaram um golo cada um. O espanhol terminou a época 2024/25 com 27 golos, apenas atrás de Falcao (34), Jackson Martínez (31) e Pena (29) na sua temporada de estreia no Dragão.
Rodrigo Mora, o mais jovem marcador europeu
O golo frente ao Al Ahly permitiu a Rodrigo Mora tornar-se no europeu mais jovem a marcar no Mundial de Clubes (incluindo a Taça Intercontinental), ao fazê-lo com 18 anos, um mês e 20 dias, apenas “perdendo” para Alexandre Pato (17 anos, três meses e 12 dias), Roberto de la Rosa (17 anos, 11 meses e 13 dias) e Lee Hyun-Seung (18 anos e dois dias).