O meu principal problema com a reformulação é que parece tudo um empurrar para a frente, tentar ter impacto pela mudança, sentimento de mudança esse que mais tarde ou mais cedo acaba e vai-se sentir de novo a necessidade de mudar. Aí com mais facilidade visto que o esquema competitivo em vigor na altura nem a história vai ter do seu lado. E depois de abrir a caixa de Pandora em que os grandes percebem o impacto nas bilheteiras de poderem vender não 2 mas 4 jogos com os rivais - ou os restantes em vez de 3 agora podem ser 6 jogos com os grandes em casa -, é complicado voltar atrás, para um formato que funciona no mundo todo.
Tudo isso sem resolver os problema de fundo que vão desde uma maior abertura e transparência nas questões arbitrais, uma liderança autónoma da Liga que não seja definida pelos clubes, luta por melhores estádios e relvados, melhores condições para o público, bilhetes mais acessíveis, horários definidos, calendarização com lógica, etc, etc. Tudo isto valorizaria o produto não necessariamente no imediato mas definitivamente com mais substância.
Mas qual é a alternativa ? A maior parte do que referes pode e deve ser alterado independentemente da reformulação dos quadros, mas tens um problema que está prestes a explodir que é a redução considerável dos montantes dos direitos televisivos, é preciso uma solução para isso, e o que referes melhora algumas coisa mas não altera o facto do nosso mercado televisivo ser limitado, é preciso pagar contas.
Isso do formato não funcionar no resto do mundo é subjectivo, é muito complicado reduzir o número de equipas num campeonato porque a maior parte das equipas receia descer de divisão e essas equipas votam, logo, o formato tradicional desde que não surjam problemas de viabilidade financeira para essa liga acaba por ser o default.
E não são muitos os paises europeus que experimentaram o mesmo, e eu aliás acho que todos o fizeram de forma exagerada, normalmente e por qualquer razão há a tendência de quando se reformula competições de cair no exagero, ou são equipas a menos no campeonato, ou envolve um play off que não conta com a fase inicial ou outro disparate qualquer, quanto mais simples a competição melhor, a força aliás do formato tradicional é essa, a sua simplicidade.
Tens 14 equipas, tens 2 voltas de 13 jornadas até a 26ª jornada, a partir daí divides o campeonato na tabela de cima e na tabela de baixo e jogas mais 2 voltas de 6 jornadas até à 38ª jornada, não é assim tão complicado, cortamos a taça da liga e a 2ª mão da taça de Portugal para não haver excesso de jogos, criamos incentivos financeiros para que a 2ª metade da tabela queira ganhar jogos mesmo que não esteja em risco de descer, o resto é tudo igual.
Numa época normal corremos o risco de jogar (internamente) no máximo 6 vezes contra regime ou calimeros, 1 na supertaça, 2 no campeonato, 1 na taça da liga e 2 na meia final da taça, no meu cenário corremos o risco de jogar 6 vezes contra os mesmo adversários, 1 na supertaça, 4 no campeonato e 1 na taça, no limite pouco ou nada se altera, a diferença é que no meu cenário é garantido que o faças contra ambos e no actual podes não ter que fazer esses jogos todos e se os fizeres será só contra um deles.