pequeno texto que escrevi sobre o Mourinho. Podia ter sido escrito antes de ir para os rabolhos, este mourinho não é novo.
Sim… reabriu. Mas conseguiram fazer um autogolo perfeitamente evitável no penálti e ainda sofreram o empate com mais trinta minutos por jogar. Que fantochada! Há muitos anos que Mourinho é isto.
Nos últimos tempos abdicou daquele estilo de comunicação bélico. Agora, raramente mostra as garras — e, quando o faz, é sempre de forma subtil. Tornou-se mais magnânimo. Não acredito que tenha trocado o papel de sargento na frente de batalha pelo de general-embaixador, que não suja as mãos, por estatuto ou cansaço da idade. Fê-lo pela sua própria sobrevivência.
O sargento é o líder que arrisca a vida pelos seus e cujos falhanços são demasiado visíveis. O general, pelo contrário, é o líder que não engelha a farda, que chegou onde chegou graças ao passado e cujos insucessos podem sempre ser atribuídos a questões operacionais.
Só um Mourinho-general conseguiria sobreviver à destruição das suas próprias equipas.
Mas se o seu papel para o exterior mudou, o futebol das suas equipas nem por isso. Continua amorfo, insistindo em enjaular os jogadores em sistemas táticos anacrónicos. Amiúde vence jogos difíceis, cujos louros reclama para si, enquanto os insucessos são sempre de responsabilidade alheia — o árbitro, o relvado, o jogador A ou B, ou até o plantel inteiro.
As desculpas mantêm-no inocente enquanto o processo de degradação das suas equipas prossegue. Mourinho é um especialista em sabotagem. Sporting e Porto, por mais que tentassem, jamais teriam um espião no arquirrival com tamanha eficácia.
Poderia escrever este mesmo texto sobre o “Special One” anos antes de chegar ao Benfica. Acompanhei o futebol internacional e torci fervorosamente por ele. Em parte, posso considerar-me uma vítima de Mourinho. Assistia àqueles grandes jogos da Premier League na esperança de ver o seu Tottenham vencer — mas quase sempre o desfecho era desapontante.
E pior do que o resultado era a exibição: jogadores descaracterizados para cumprir um plano de jogo pintado apenas a preto e branco.
A aura! A presença! Era com isso que Mourinho enfeitiçava os adeptos que ainda viam nele luz — quando, na verdade, Mourinho era o buraco negro que a sugava por onde passava.