O nível das campanhas eleitorais, seja política ou desportiva, é preocupante, mas muito revelador do estado do pais e, em particular, do nosso clube.
É preocupante porque, cada vez mais, assistimos a um discurso baseado na suspeição, em afirmações vagas, conclusivas, imponderadas e vazias.
E é revelador porque denota a falta de vontade de criar um ambiente propício à crítica construtiva, ao debate de idéias e ao engrandecimento das instituições.
Nós, o eleitorado, somos tratados como alguém sem capacidade crítica, sem capacidade de avaliação e como sendo susceptíveis de ser influenciados por um discurso que é tolinho e imbecil.
O clube é tratado como estando em segundo lugar, já que não se promove qualquer debate construtivo, qualquer partilha de ideias que possa reforçar o futuro do clube, seja quem for o vencedor. Há a preocupação em defender o reino, sabe-se lá a que custo, e a preocupação em denegrir e dividir.
Custa-me muito assistir a um discurso baseado no ódio, na suspeição e no desrespeito total por aqueles que pensam diferente.
Esperava diferente de PC, porque foi um homem que viveu em ditadura, que assistiu aos primeiros passos da democracia em Portugal, que teve oportunidade de ver com os próprios olhos que os países, os clubes e as instituições ganham muito com a liberdade de opinião, com a diferença e com o debate.
Eu, porque sou mais novo, não vivi nada disto, mas os livros ensinam-me muito e fazem-me respeitar quem pensa diferente.
Apesar de me custar dizer isto, cada vez mais vejo semelhanças do discurso do PC com o do André Ventura.
Os dois discursos são baseados na mentira, na falta de respeito democrático, na suspeição e no vazio de ideias.
Estas eleições pelo menos têm o poder de revelar que no nosso clube a palavra democracia diz muito pouco e que o eleitorado é visto como um monte de acéfalos. É o que é.