Pouco ganhamos em perpetuar o caso. A maioria concorda quanto à indelicadeza do cântico, foi expresso o desagrado, insistir no assunto pouco mais faz que aumentá-lo, acrescentar-lhe volume e dar-lhe maior ressonância.
Actualmente existe uma certa confusão entre liberdade de expressão e ofensa, coisas que me parecem ser de natureza distinta. Embora seja possível defender uma concepção de liberdade anárquica que tudo permite. Questionável. O problema do humor negro, se o assunto fosse esse, é que, de facto, é ofensivo para muitos. Há que ter consciência de que quem opta por versos do género coloca-se em posição difusa, terreno muito movediço. E deve estar preparado para eventuais consequências. As convenções de bom trato, inclusive o pc, political correctness, termo duvidosamente empregue de forma pejorativa, sobretudo quando cunhado por um certo tipo de gente, são fundamentais no mundo actual, são elas que regem a interacção sadia entre pessoas individuais e colectivas. O Porto é uma organização com projecção global, relaciona-se com entidades de todo o tipo, é alvo de enorme exposição mediática
não se pode dar ao luxo de ter um entendimento extremado, e de gosto questionável, do conceito de liberdade de expressão.
Para as claques vale o mesmo, a partir do momento em que são oficiais. Representam o clube, devem estar sujeitas às mesmas regras de conduta. Aliás, dado que gozam de várias prerrogativas, o clube deveria, em contrapartida, controlar o dia-a-dia das claques, monitorizar, vá, ter uma palavra a dizer, tanto quanto possível, incluindo sobre o que elas cantam.
Vamos mas é arrumar a questão.