Jorge Costa - #E2erno Capitão (1971 - 2025)

Devenish

Devenish

Tribuna Presidencial
11 Outubro 2006
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2
Porto
  • Reinaldo Teles
  • Março/19
Um post brilhante de Luís Osório que a maioria deve conhecer.

Um elogio ao FC. Porto
1.
Discutir futebol ou política com elevação é infelizmente uma impossibilidade.
Benfiquistas – como eu – não podem elogiar adversários.
Da mesma maneira que alguém não pode expressar opiniões políticas sem ser torpedeado com alarvidades de caserna.
Não interessa, continuarei a tentar.
Nestes tempos de cólera, neste dia em que nos despedimos de Jorge Costa, quero fazer o elogio de um clube verdadeiramente único com uma identidade própria e que faz da união e da solidariedade entre todos o seu modo de vida, a sua força e razão de existir.
O FC. Porto não é apenas um clube, é um modo de expressar o orgulho de uma região tantas vezes esquecida pelos poderes, tantas vezes ostracizada.
Impossível perceber o clube sem nos perdermos nas ruas da Ribeira, na faina dos pescadores de Vila do Conde e da Póvoa (apesar do Rio Ave e do Varzim), nos bairros de gente pobre e trabalhadora, gente habituada ao frio que corta no inverno, frio que magoa a pele, mas que não quebra.
Impossível perceber o clube sem entendermos as lágrimas dos mais velhos com umas tripas feitas à antiga, as portas abertas entre vizinhos, as porradas dos miúdos nos seus jogos de bola na rua, as asneiras transformadas em modo de vida, o poder dos “pintas”, mas também a arte única que têm de oferecer a única camisola que têm no corpo a um estranho que possa ter frio.
2.
Ser do FC. Porto é um ato de resistência.
Vestir aquela camisola é um grito contra as injustiças, contra os poderes que condenam o norte a ser um parente pobre, contra os jornais que oferecem sempre as suas primeiras páginas ao Benfica ou ao Sporting, contra os que não compreendem que a vida custa a ganhar, contra os privilegiados.
Ser do FC. Porto é comer a camisola e fazer o que é preciso para ganhar.
Numa guerra faz-se o que for preciso.
3.
Ser do FC. Porto é respeitar a pronúncia e o Douro, é ter orgulho nas duas margens do rio, é saber respeitar os mortos e a memória.
Jogar no FC. Porto é fazer parte de uma família e contribuir para uma história que torna cada pessoa mais importante do que os títulos que ganha.
4.
É assim que vejo o FC. Porto.
Irrita-me?
Muitas vezes.
Gostaria que o Benfica pudesse ser assim?
Não. Pela simples razão de que a identidade não é um desejo, a identidade de cada clube depende da sua história e do lugar de onde se é.
Benfica e o Sporting têm a sua própria identidade.
Mas não me digam que o FC. Porto não é extraordinário.
Não me digam que não é mais do que um clube.
Não me digam que não é uma bandeira dos que acreditam que não há derrotados por antecipação – na vida ou num campo de futebol – que tudo é possível quando se combate com convicção pelo que se acredita.
Não é, Jorge Costa?
 

Raba

Tribuna Presidencial
13 Junho 2013
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  • Jorge Costa
  • André Villas-Boas
  • Fernando "Bibota" Gomes
  • Alfredo Quintana
Acho que, caso regresse para o ano como se falou, o Ruben Neves ficava muito bem com a camisola 2. Foi o mais jovem a usar a nossa braçadeira, é um líder nato e grande portista.
Por acaso também estava a pensar nisso.
Ficar o 2 vago este ano, e no próximo ano atribuir ao Neves que é um grande portista e que acredito que vem para fazer ainda uns 5/7 anos e retirar-se aqui...
 
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orlandomro

Bancada lateral
21 Agosto 2016
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Eu sei que no dia de hoje não devíamos dar importância a vermes como o caracolinhos, mas ouvir este fdp a falar do nosso eterno capitão da maneira como falou hoje revolta me
 

Rower

Bancada central
3 Junho 2014
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Acho que não percebeste nada do que aconteceu hoje ..
O que aconteceu hoje não tem relação nenhuma com o possível regresso do Pepe. É normal pensar logo em uma referência de Portismo para tentar encaixar no enorme vazio deixado pelo Bicho, mas falar do Pepe? A sério?
 

Dacastroman

Bancada central
4 Agosto 2016
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  • Deco
Não consigo ver.
Lido mal com isto.
Não consigo conceber estar bem e depois já não estar cá.
Tive a sorte de O ver levantar as nossas taças.
Obrigado por tudo Enorme Jorge Costa.
Graças a Deus também nasci nessa época Dourada, de ver a passagem de testemunho do número e da braçadeira do João Pinto para o nosso Bicho, de o ver levantar diversas taças, ver nele a raça do Dragão, ver a personificação do Jogador à Porto.
Recordarei sempre com imensa alegria e saudade este nosso grande Capitão
 

Pavão

Tribuna Presidencial
25 Maio 2014
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  • Novembro/21
  • João Pinto
  • Jorge Costa
  • Paulinho Santos
Um post brilhante de Luís Osório que a maioria deve conhecer.

Um elogio ao FC. Porto
1.
Discutir futebol ou política com elevação é infelizmente uma impossibilidade.
Benfiquistas – como eu – não podem elogiar adversários.
Da mesma maneira que alguém não pode expressar opiniões políticas sem ser torpedeado com alarvidades de caserna.
Não interessa, continuarei a tentar.
Nestes tempos de cólera, neste dia em que nos despedimos de Jorge Costa, quero fazer o elogio de um clube verdadeiramente único com uma identidade própria e que faz da união e da solidariedade entre todos o seu modo de vida, a sua força e razão de existir.
O FC. Porto não é apenas um clube, é um modo de expressar o orgulho de uma região tantas vezes esquecida pelos poderes, tantas vezes ostracizada.
Impossível perceber o clube sem nos perdermos nas ruas da Ribeira, na faina dos pescadores de Vila do Conde e da Póvoa (apesar do Rio Ave e do Varzim), nos bairros de gente pobre e trabalhadora, gente habituada ao frio que corta no inverno, frio que magoa a pele, mas que não quebra.
Impossível perceber o clube sem entendermos as lágrimas dos mais velhos com umas tripas feitas à antiga, as portas abertas entre vizinhos, as porradas dos miúdos nos seus jogos de bola na rua, as asneiras transformadas em modo de vida, o poder dos “pintas”, mas também a arte única que têm de oferecer a única camisola que têm no corpo a um estranho que possa ter frio.
2.
Ser do FC. Porto é um ato de resistência.
Vestir aquela camisola é um grito contra as injustiças, contra os poderes que condenam o norte a ser um parente pobre, contra os jornais que oferecem sempre as suas primeiras páginas ao Benfica ou ao Sporting, contra os que não compreendem que a vida custa a ganhar, contra os privilegiados.
Ser do FC. Porto é comer a camisola e fazer o que é preciso para ganhar.
Numa guerra faz-se o que for preciso.
3.
Ser do FC. Porto é respeitar a pronúncia e o Douro, é ter orgulho nas duas margens do rio, é saber respeitar os mortos e a memória.
Jogar no FC. Porto é fazer parte de uma família e contribuir para uma história que torna cada pessoa mais importante do que os títulos que ganha.
4.
É assim que vejo o FC. Porto.
Irrita-me?
Muitas vezes.
Gostaria que o Benfica pudesse ser assim?
Não. Pela simples razão de que a identidade não é um desejo, a identidade de cada clube depende da sua história e do lugar de onde se é.
Benfica e o Sporting têm a sua própria identidade.
Mas não me digam que o FC. Porto não é extraordinário.
Não me digam que não é mais do que um clube.
Não me digam que não é uma bandeira dos que acreditam que não há derrotados por antecipação – na vida ou num campo de futebol – que tudo é possível quando se combate com convicção pelo que se acredita.
Não é, Jorge Costa?

Estou demasiado em choque para conseguir falar hoje... obrigado pela partilha deste belo texto, já fiz questão de o partilhar com amigos e nas redes sociais... é um dia muito triste para qualquer portista

Abraço a todos
 

normal_person

Tribuna Presidencial
27 Julho 2017
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  • Lucho González
  • Domingos
  • Deco
Eu acho que mais do que retirar a camisola 2 deve se mantê-la, honrar quem a usou e só a atribuir a quem a mereça, é a maior honraria do nosso clube poder enverga-la e a continuação do legado de quem a honrou.
Sim. Também concordo. Uma coisa era o Jorge ter falecido enquanto jogador e possuidor dessa camisola. Como ele já tinha deixado de jogar e essa camisola já tinha sido entregue a outros entretanto, já não faz sentido retirá-la. Esta época pode ser feito isso uma vez que ela ainda não está atribuída. E é até a homenagem óbvia.
Doravante quem vestir essa camisola que saiba o peso que ela tem
 

RXavier10

Tribuna Presidencial
25 Maio 2013
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Quis a ironia do destino que entrasse no carro e recebesse a notícia da morte do nosso Bicho, enquanto tocava a música "Dust in the wind". A vida é de facto efémera, mas o legado que deixamos... esse não se apaga.

Obrigado por personificares melhor que ninguém o que significa o Futebol Clube do Porto. Descansa em paz, Bicho!
 
P

psychopiu

Bancada lateral
30 Julho 2018
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Que merda de dia, este!!
O Jorge Costa foi, desde muito cedo, um jogador que adorava. Não (só) pelo que jogava, mas pela atitude, por dar tudo de Dragão ao peito.
Não era um ídolo (acho que ídolos no FCP terei tido dois: o Bibota e o Madjer), era um exemplo. Ou melhor, era um de nós. Representava-me, a mim, sócio e adepto do FC Porto, que não tinha jeito para a bola. Ele tinha e por isso representava-me durante aqueles 90 minutos no relvado e nos outros todos fora dele, enquanto vestia as nossas cores.
Ele amava o clube como eu. No mínimo.

Ganhou tudo o que podia ganhar pelo nosso clube (meu e seu). Foi maltratado e empurrado para fora do clube, por duas vezes, por dois idiotas que, circunstancialmente, foram treinadores do NGC.
Não teve direito à despedida enquanto jogador que deveria ter tido, junto dos seus.

Com as nossas cores era 'odiado' pelos rivais, mas com as cores da selecção era defendido por todos. Não é, por isso, estranho que hoje haja notas de pesar vindas de todos os lados e de todas as cores.

Não me lembro de mais nenhum jogador ter tido a prefaciar um livro sobre si o Presidente da República, como o Bicho teve. Numa época em que o futebol era motivo de polémica, um presidente afecto a um clube rival colocar o seu nome num livro sobre um jogador de futebol diz muito sobre esse jogador (e sobre o Presidente, já agora).

Descobri 2022, aquando do seu primeiro enfarte, que vivia em Cascais e que visitava amiúde um restaurante em Lisboa que fica no prédio onde trabalho. Sempre quis vê-lo a entrar lá só para lhe dizer que um dia voltaria ao Porto e agradecer tudo o que fez pelo NGC. Infelizmente, nunca o vi por lá.

Saí, na madrugada de 27 de Abril 2024, em direcção ao Porto muito por causa dele e da função que lhe ia ser atribuída. A sua presença dava-me confiança na estrutura. Se ele confiava nela, como poderia eu ter dúvidas?? Depois de votar, ao descer para o metro soube pelo Twitter que ele estava na fila à espera da sua vez. Arrependo-me (e hoje muito mais) de não ter voltado para trás para o ir cumprimentar.

Hoje, levei um soco no estômago, quando vi aqui no Portal um post a dizer que tinha sido levado em estado grave para o hospital. Depois veio o que já todos sabemos.

Passei a tarde a fazer scroll no twiter e a fazer refresh aqui para ver tudo o que se dizia/ escrevia sobre o Meu Capitão.
Cheguei a casa, abracei-me à minha mulher e chorei. Chorei por uma pessoa que nunca conheci, mas que sentia que era um dos meus. Não foi por um jogador do meu clube. Foi pelo Jorge Costa, o Bicho, o nosso camisola 2. O Capitão de Sevilha e de Gelsenkirchen. Chorei e fiquei com a voz embargada porque perdi alguém que era dos meus, apesar de nunca o ter conhecido.

Comprei bilhete para o Guimarães e lá ia eu fazer 600Km, só porque queria estar presente em homenagem ao Jorge Costa. Agora, com o mais que justo e compreensível adiamento, não vou conseguir ir. Falho-te, aqui, mais uma vez Bicho.

Hoje, pela terceira vez, tentaram-te empurrar para fora do clube, ignorando que tal é impossível, pois já fazes parte dele e da sua história.
Terei sempre presente a tua felicidade em Sevilha e Gelsenkirchen e o teu espanto ao entrares nas Antas com a taça Uefa nas mãos.
Passaste à minha frente, encostado à rede, na Superior Norte. E eu bati-te palmas!

Obrigado, Jorge Costa!
Descansa em Paz!