Não me choca ou sequer impressiona a fragilidade demonstrada hoje. Já vi equipas portistas incomparavelmente superiores levarem ensaboadelas semelhantes ou piores, com a correspondente tradução no marcador. Hoje tivemos a sorte que nos escapou em inúmeras noites europeias contra equipas de maior poderio, em que os erros grosseiros dos nossos jogadores foram implacavelmente punidos: alguém escorregava ou assistia o adversário contrário, o guarda-redes abria a capoeira, a equipa apequenava-se para lá do expectável... esta noite tornámos a cometer muitos erros, foi notória a tremedeira em momentos de maior sufoco, não se conseguiu criar jogo ofensivo e, no entanto, obteve-se um ponto e garantiu-se o apuramento num jogo em que o resultado mais natural seria a derrota.
O Porto não tem de vencer jogos a equipas como o Manchester, embora deva tentar superar-se, seguindo os seus próprios exemplos históricos. Este não é, porém, o Porto que bateu o pé (pelo menos no primeiro jogo) ao Bayern, pegando num exemplo hoje utilizado. Esse contava com jogadores que se vieram a afirmar em clubes como o Real Madrid e a Juventus. Alguém imagina os maiores colossos virem reforçar-se com Uribe, Mbemba, Oliveira, Otávio... para não listar outros de mais modesta reputação e/ou qualidade: Marega, Manafá, ... . Compreendo a frustração, também estava habituado a outro Porto. Entendo que se peça a saída dos "craques" Marega, Otávio, etc. Recordo que no banco estão os "craques" Nakajima, Taremi, Toni, ... e alguns jogadores com potencial, mas nada do outro mundo. Quantos jogadores realmente bons, claramente acima da média, possuímos hoje? Talvez Corona, quando se encontra em boa forma. Pepe, que é um caso singular. Marche tem qualidade... há expectativa em relação a Días, Evanilson, Fábio... mas é pouco. E é este o nosso drama, submetemo-nos a um downgrade brutal. Hoje é mais difícil surpreender um colosso, vencer um assim-assim, chegar aos oitavos-de-final. Porque hoje somos mais assim-assim e menos Porto. Conceição poderá não ser o homem indicado para recuperar o Porto de que nos lembramos, mas não foi ele quem nos trouxe até aqui, nem é ele o principal culpado. Muito longe disso. Aliás, no mínimo, foi importante para evitar o naufrágio iminente.
Também se compreendem as dúvidas sobre o papel do treinador no futuro do clube. Se se continuar a jogar tão pouco, é natural que se chegue a um ponto em que o futebol praticado se torne insuficiente. Em todo o caso, desengane-se quem pensa que bastará trocar de treinador para recuperar o Porto. São grandes as probabilidades de permanecermos no fio da navalha, como escrevia um colega, enquanto não houver uma melhoria significativa das condições gerais do clube. Porque ainda estamos em situação de emergência.