Um gajo é treinador de bancada, mas será que a equipa técnica mais bem paga do país ainda não conseguiu perceber certas coisa?
1) os adversários mais "pequenos" (principalmente no Dragão), deixam os nossos centrais trocar a bola pois têm plena noção das suas gritantes deficiências a nível técnico, sendo incapazes de iniciar a construção do jogo;
2) fecham as linhas de passe no meio, pois é onde aglomeramos mais gente, na tentativa falhada de colocarmos jogadores entre-linhas;
3) obrigam os centrais a jogar para as laterais, onde do lado direito se encontra apenas o João Mário, e do lado esquerdo o Galeno;
4) a partir de bola no corredor, somos incapazes de virar o jogo rapidamente, sempre tudo muito lento, previsível e mastigado;
5) invariavelmente, tentamos que o João Mário ganhe a linha de fundo e cruze; ao passo que no lado contrário o Galeno ou tem espaço para correr e "cruzar" (sim, porque se de pé esquerdo nem a bola consegue levantar, de pé direito o habitual é cruzar para o 3º poste ou então não passar do 1º homem) ou então passa para trás ou tenta fletir para o meio para nada de importante acontecer;
6) os adversários já perceberam todos que há uma grande probabilidade de, pressionando o Pepê, ganhar a bola e sair em ataque rápido pelo nosso lado direito pois o Pepê é um jogador que se agarra à bola e que, apesar de ter capacidade técnica para se livrar de 1/2 adversários, se o espaço encurta e não tem por onde "explodir" ou fugir (o que é normal no meio-campo ofensivo), acaba por perder a bola na maioria das vezes;
7) não temos quem utilize a linha de fundo no lado esquerdo; todas as corridas do Galeno são paradas aquando da sua chegada à quina da área, para depois ou passar para trás ou tentar vir para o meio; não obrigamos os adversários a chegar perto da linha lateral, abrindo espaços entre lateral e central;
Posto isto, será que vão existir mudanças estruturais e posicionais por parte da equipa técnica? Será que se vão, de uma vez por todas, adaptar aos jogadores que têm à disposição, e não o contrário? Como já li várias vezes aqui no Portal, não podem nem devem pedir ao Pepê que seja Otávio, nem ao Nico que seja Vitinha, ou ao Varela que seja Uribe. Têm de pedir ao Pepê para ser O Pepê, ao Nico para ser O Nico e ao Varela para ser O Varela.
Da mesma forma que não podemos continuar com um modelo de jogo que acumule jogadores no último terço do campo, quando não temos (ao dia de hoje) maneira de abafar os adversários mal perdemos a posse da bola.
É até um contra-senso pedir a jogadores limitados tecnicamente que joguem completamente aglomerados no meio da organização defensiva do adversário, pois se está mais que visto que os nossos jogadores não têm qualidade técnica nem criativa para se poderem desenvencilhar dos adversários em espaços curtos, qual o sentido de os juntar a linhas compostas por, em média, 8/9 jogadores?
Não seria muito melhor alargar o campo, colocar mais jogadores nas extremidades e na zona central do campo de modo a facilitar a circulação de bola rápida, abrindo espaços nas organizações defensivas dos adversários?
O que será mais fácil para quem defende? Estar todos juntos à espera de bolas picadas ou de cruzamentos, ou ter de andar a correr de um lado para o outro a tentar fechar espaços?
Digo eu, mero treinador de bancada, que será mais fácil a primeira opção. Mas nós continuamos a insistir num jogo demasiado afunilado e sem qualquer tipo de imprevisibilidade.
Diria eu, também, que é mais fácil criar oportunidades de golo tendo bastante mobilidade dos jogadores dianteiros, do que juntando 2/3/4 avançados na área à espera de cruzamentos, até porque obrigaria a linha defensiva do adversário a sair de dentro da área.
Mas, lá está, eu sou um mero treinador de bancada, e assim o irei continuar a ser até ao fim dos meus dias.
O Sérgio e a sua equipa técnica é que recebem principescamente, por isso que aproveitem estas 2 semanas de interregno para clarificarem e modificarem as suas ideias, indo de encontro aos jogadores que têm, e não tentando replicar sucessos passados com jogadores completamente diferentes.