Futebol

Mourinho revela o fator-chave para as conquistas do FC Porto em 2003 e 2004

José Mourinho revelou, em entrevista à “The Coaches' Voice” – e aqui transcrita pelo jornal O JOGO – o fator-chave para as conquistas do FC Porto em 2003 e 2004, quando arrebatou a Taça UEFA e a Liga dos Campeões em anos consecutivos.

O treinador português, na altura ao leme dos dragões, afirma que não teve medo de “mudar a direção” e a política de mercado do clube e explica como só precisou de “mudar o chip” para fazer a transição – de forma vitoriosa – de uma competição para a outra.

“Como antes estava a trabalhar no Leiria, que não tinha potencial financeiro para pensar grande, comprar grande e observar jogadores em lugares de futebol de topo, estava verdadeiramente ciente de muitos jovens talentos nas equipas menores. Não estávamos com medo de mudar completamente a direção do FC Porto, obtendo os melhores jogadores jovens nos clubes mais pequenos em Portugal. Não comprámos um único jogador por milhões, ou de um clube de topo. Todos eram jovens, estavam com fome, motivação e desejo”, começou por contar o “Special One”, prosseguindo na explicação:

“[Na final da Taça UEFA] Estávamos a ganhar 1-0, eles empataram, depois fizemos o 2-1, eles empatam novamente e aí o prolongamento é que é difícil. Mesmo para nós, do lado de fora, é difícil, porque uma final é, na maioria das carreiras, especialmente em Portugal, algo de agora ou nunca. Achas que é uma ocasião única, estávamos longe de imaginar que, 12 meses depois, estaríamos a jogar uma final da Liga dos Campeões. Olhámos para aquele jogo [final da Taça UEFA] como o jogo das nossas vidas, das nossas carreiras. (…) Muitos anos depois, digo o mesmo: às vezes, o melhor investimento que podes fazer é manter os melhores jogadores. No FC Porto, nessa época, toda a gente ficou. Deco, Ricardo Carvalho, Paulo Ferreira, Nuno Valente, Maniche, todos ficaram para o ano seguinte. Foi apenas uma questão de repensar a equipa para o salto para a Liga dos Campeões, porque sabíamos que íamos jogar contra as melhores equipas”, acrescentou Mourinho, que estabeleceu a comparação entre os adversários das duas provas.

“A grande diferença é que na Taça UEFA considerávamos que éramos uma das melhores equipas. Na Liga dos Campeões não éramos. Enquanto que na Champions apanhámos logo o Real Madrid na fase de grupos e depois o Manchester United, na Taça UEFA apanhámos uma equipa da Polónia, outra turca e depois a Lázio e o Celtic. Mas a Champions é a Champions. Sabíamos que não éramos os melhores. Tínhamos de pensar o nosso jogo. Muitas pessoas pensam que o talento é a única forma de vencer jogos, mas também há o lado estratégico. Às vezes é preciso isso”, rematou o treinador.