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“Pinto da Costa morreu porque o Fernando Madureira está preso”

Nuno Cerejeira Namora afirma que Pinto da Costa faleceu porque “tomou as dores de Fernando Madureira, acreditando que o ex-líder dos Super Dragões estava encarcerado devido a ele”. O ex-vice-presidente da mesa da Assembleia Geral (AG) responsabilizou Lourenço Pinto pelos tumultos que ocorreram na Assembleia Geral Extraordinária de 13 de novembro de 2023.

“O presidente da AG teve uma enorme responsabilidade em tudo isso”, afirmou Cerejeira Namora, criticando o ex-presidente da AG como “egocêntrico” e insensível aos avisos que recebeu. Mencionando a sua idade, 88 anos, e problemas de audição, ele afirmou que “Lourenço Pinto não percebeu a metade do que aconteceu na Assembleia Geral, nem ouviu as orientações da mesa da AG”.

O advogado e membro do Conselho Superior observou que “as redes sociais estavam em chamas” e, reconhecendo que Lourenço Pinto não estava a perceber “o que se aproximava”, solicitou uma reunião três a quatro dias antes da AG, a fim de “evitar uma tragédia”. Cerejeira Namora queria escolher um espaço seguro e garantir que houvesse mesas e escrutinadores. “Ele ignorou totalmente e o que aconteceu, aconteceu”, lamentou.

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Advogado Cerejeira Namora, ex-vice-presidente da mesa da Assembleia Geral do FC Porto
Foto: Cerejeira Namora, Marinho Falcão Advogados

“Ouviste, José Lourenço? Pára já com isso!”

Cerejeira Namora revelou que, às 21 horas, percebeu que não havia condições. “O que fez o presidente? Não se reuniu com a mesa e decidiu organizar o pavilhão, sem segurança. Foi uma decisão totalmente sua. Se ele tivesse consultado a mesa, não se teria realizado”, afirmou.

As condições no pavilhão eram inadequadas. “Ninguém se ouvia. Tínhamos colunas atrás de nós que eram provavelmente piores do que as que tenho em casa. Estava constantemente a aproximar a coluna do Lourenço Pinto para que ele ouvisse o que se passava. Ele estava bastante desorientado”, revelou Cerejeira Namora.

“Eu e toda a mesa já lhe tínhamos dado 500 conselhos sobre o que ele deveria fazer. Ele só parou quando, do nosso lado esquerdo, o Jorge Guimarães [presidente do Conselho Fiscal] gritou entre a minha cabeça e a de Lourenço Pinto: ‘Pára já com isso. Ouviste José Lourenço? Pára já com isso. Isto é uma vergonha. O que estás a fazer? Pára já com isso e encerra a Assembleia’. Foi assim que ele parou a AG”, contou Cerejeira Namora, recordando que, em uma entrevista posterior, Pinto da Costa afirmou que foi ele que deu a ordem a Jorge Guimarães para encerrar a reunião.

Madureira “aproveitou a ascensão social”

Questionado sobre a sua opinião sobre Fernando e Sandra Madureira, Cerejeira Namora admitiu que, há 30 anos, não se agradava nem apreciava o comportamento da claque. Atualmente, até se junta aos Super Dragões para festejar e teria “orgulho em ter o casal a jantar em sua casa” com todos os seus amigos.

O advogado elogiou a forma como o ex-líder dos Super Dragões conseguiu tirar proveito das oportunidades que a vida lhe deu. “Ele trabalhou para a vida e conseguiu uma ascensão social. É um jovem astuto e empreendedor. Um jovem que acredita em Deus, que tem um enorme amor pelo FC Porto. E um líder notável da claque”, elogiou. “Gosto muito do Fernando. Tem um grande defeito que é a sua vaidade. E está a ser punido por isso”, observou.

Cerejeira Namora fez questão de deixar uma mensagem, recordando que teve um contacto próximo com Pinto da Costa após a derrota nas eleições. “Alguns acreditam que foi o cancro que o matou. Outros dizem que foram os sócios com 80%. Outros ainda falam da auditoria. Mas eu quero afirmar que Pinto da Costa faleceu porque o Fernando está encarcerado. Pinto da Costa tomou as dores de Fernando Madureira e acreditava que ele estava preso por sua causa”, revelou.

Proposta incluía norma transitória que foi retirada

Cerejeira Namora esclareceu que a decisão de rever os estatutos foi tomada em 2020, após as eleições desse ano. Após um período sem progressos, Lourenço Pinto solicitou que ele presidisse a uma comissão de revisão. Assim, Cerejeira Namora elaborou uma proposta de revisão de estatutos, sem consultar a direção. A proposta foi revista pelos sete membros da comissão em 40 a 50 reuniões, sendo, em seguida, apresentada uma proposta de revisão ao Conselho Superior (CS), que foi aprovada por unanimidade.

Houve uma divergência: a comissão acreditava que, devido à proximidade das eleições, deveria ser incluída uma cláusula de salvaguarda para que os artigos sobre os atos eleitorais se aplicassem apenas às eleições seguintes e não às subsequentes. O CS alterou a redação e eliminou essa norma transitória. “Lourenço Pinto considerava que era um ato de cobardia não se aplicarem os estatutos já com todas as alterações em vigor”, explicou Cerejeira Namora, assegurando que apenas falou duas vezes com Pinto da Costa sobre os estatutos, e que ele não lhes atribuía grande importância.

Fernando Madureira demonstrou uma grande emoção com as palavras de Cerejeira Namora, a ponto de um dos guardas prisionais da sua escolta se aproximar para verificar se estava bem. Sandra Madureira não se encontrava presente, pois acompanhava um familiar próximo que estava a ser submetido a uma pequena cirurgia.

Ex-administrador do FC Porto alega ter sido insultado por adepta agredida

O ex-diretor-geral para o futebol afirmou que presenciou duas confusões na zona Norte. “Na primeira, uma senhora loira e um senhor tiveram um desentendimento com outras pessoas que se transformou em agressão”, contou. Após isso, a SPDE interveio e retirou a senhora para o espaço onde Luís Gonçalves estava sentado, atrás da mesa da assembleia, com outros diretores e funcionários.

Questionado sobre se os estatutos eram um tema relevante na direção, Luís Gonçalves esclareceu que se dedicava à equipa de futebol e que raramente estava com a direção nos camarotes. “Eu não fazia parte da equipa que discutia esses assuntos”, assegurou.

Anteriormente, Jorge Coutinho havia testemunhado que ele era o verdadeiro líder dos Super Dragões da Maia e não Hugo Loureiro, como se havia afirmado. O dirigente, amigo de Hugo Loureiro, conhecido como “Fanfas”, considerou que ele era “tranquilo” e que nunca teve problemas com ele, afirmando que não esteve presente na Assembleia Geral de 13 de novembro.

Na sessão desta quarta-feira, foi ainda divulgado que a defesa de Fernando Madureira decidiu prescindir do testemunho de Sérgio Conceição, o que significa que o ex-treinador do Porto não irá testemunhar em tribunal.

Jorge Silva, amigo pessoal de Fernando Madureira, testemunhou que havia muita gente no auditório, mas que não notou nada de anormal e nunca sentiu que houvesse falta de segurança. O empresário afirmou que ouviu reações ao discurso de Pinto da Costa que nunca antes tinha escutado, “desde mamão a velho, ou vai-te embora e filho da p***”.

Jorge contou que, após observar os desacatos que se seguiram ao discurso de Henrique Ramos, se dirigiu à bancada Norte e o abordou. “Disse-lhe: ‘Henrique, era escusado teres feito esse discurso’”. O empresário confirmou que é membro dos Super Dragões, embora já não possua cartão, e que tinha disponibilizado uma das suas casas para acolher Fernando Madureira, caso ele fosse beneficiado com prisão domiciliária.