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Possível dispersão de adeptos portistas pelas bancadas de Alvalade causa receio

Em afirmações à agência Lusa, a presidente da Associação Portuguesa de Defesa do Adepto (APDA) referiu que “não foi dada a possibilidade ao FC Porto de vender os seus próprios bilhetes”, o que irá originar a perda de controlo por parte dos azuis e brancos “relativamente aos bilhetes que vende para os seus adeptos”, o que levantará certamente dificuldades de segurança.

“Vai haver uma afluência de adeptos do FC Porto que vão, provavelmente, chegar à bilheteira e conseguir comprar bilhetes para outra zona do estádio. Não é preciso ser-se nenhum visionário para perceber que isto vai acontecer e pode, naturalmente, aumentar os problemas de segurança”, alertou Martha Gens.

Condenatória para com as declarações do secretário de Estado da Juventude e do Desporto (João Paulo Rebelo referiu que “ninguém é obrigado a fazer o cartão” de adepto), a presidente da APDA argumentou que, sendo assim, “também ninguém é obrigado a usar as zonas com condições especiais de acesso e permanência (ZCEAP)”.

“O que acontece é que os adeptos que fazem parte de grupos organizados se vão dispersar por outras zonas do estádio. Isso está a acontecer e a ser alvo de alguma repressão, inclusivamente por parte das forças policiais”.

Outro problema de segurança relacionado com o cartão do adepto reside na hipótese de cada portador conseguir declarar-se apoiante de até três clubes, sem qualquer verificação por parte das autoridades, possibilitando, dessa forma, que se infiltrem nas bancadas ocupadas por adeptos rivais.

“Mais uma vez, nós também já tínhamos alertado para essa situação que pode acontecer e, pelo visto, vai acontecer, ou existe uma grande probabilidade de que aconteça. Naturalmente, é um problema de segurança que não foi muito equacionado”, condenou a presidente da APDA.

“Tudo isto é um mundo novo, com o qual não concordamos. Mais ainda quando a plataforma implica um custo acrescido na venda do bilhete. Portanto, aquilo com que nos deparamos, mais uma vez, é que o adepto é que paga a ‘fava’ final”, lamentou a representante dos adeptos portugueses.

Ainda assim, o desagrado dos adeptos não se fica apenas nos problemas de segurança. A necessidade de adquirir bilhetes para a ZCEAP via uma plataforma eletrónica também causa transtorno, maioritariamente pelo valor elevado da comissão exigida na venda do bilhete.

A portaria que implementou o cartão do adepto foi publicada em 26 de Junho de 2020, mas o encerramento das bancadas aos espectadores na temporada 2020/21, devido à pandemia de covid-19, adiou a sua prática.

Com a possibilidade de receber apoiantes nos estádios começou o desagrado com este novo dispositivo implementado pelo Governo, que visa possibilitar aos seus adquirentes a estadia nas ZCEAP, por norma utilizadas somente pelas claques.

O ‘ruído’ em volta da obrigatoriedade do cartão de adepto, no entanto, já era esperado pela APDA, que conhecia “muito bem as consequências que traria”.

“Obviamente que, ao primeiro clássico, isto iria tomar uma proporção muito mais acentuada”, admitiu Martha Gens, antes de reiterar que esta medida é “conhecida desde há muitos anos como falhada” noutros países, que optaram por recusar a sua consumação.

“Não temos uma fórmula nem uma bola de cristal. Temos factos que já aconteceram e que vemos que em Portugal será a mesma coisa. A verdade é que acontecendo todos estes percalços e estas questões, vamos tendo também factos que consubstanciam a nossa opinião. O cartão do adepto não é a fórmula mágica para o que quer que seja e só vai trazer problemas em vez de soluções”, finalizou a presidente da APDA.