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Sérgio Conceição e ausência de parabéns de Rui Vitória: “Fiquei contente. Se me desse seria de forma hipócrita”

Sérgio Conceição deu nesta quarta-feira uma grande entrevista ao Porto Canal, fazendo um balanço da época 2017/18, que terminou com a conquista do campeonato nacional. O treinador do FC Porto falou sobre alguns momentos decisivos da temporada, explicou a forma como foi preparado o grupo para o sucesso e garantiu que já está a trabalhar na preparação da época 2018/19.

O Mar Azul
“Procuro ser o mais frio e racional possível mas é impossível por vezes não sentir o calor das bancadas. Este ano foi fantástico, espetacular. Creio que foi a melhor assistência de sempre no Estádio do Dragão e isso é fantástico. Tento abstrair-me ao máximo disso porque me deixa algo fragilizado. Sou uma pessoa que vive muito o jogo, aquilo que está em jogo, para além da paixão que sinto pelo futebol e por um clube que me diz muito.”
 
Já a preparar a próxima época
“Não gosto muito de festas, sinceramente, a mim as festas incomodam-me imenso. As festas antes do tempo nem as posso ver. A festa no dia ainda encaixo. Dois dias depois já me começa a criar um pouco de comichão. Já estou a pensar naquilo que será a responsabilidade que nós temos de dar continuidade ao que fizemos de tão bom. É a minha forma de ser. Até porque as festas cansam-me bastante, festejei bem e no dia seguinte nem fui ao Olival. Mas entretanto, já há dois dias que vamos ao Olival para preparar a próxima época.”
 
Um momento decisivo
“A derrota de Belém afetou o grupo e foi ali que senti verdadeiramente que nós estávamos muito perto de ganhar o título. Uma hora e meia depois do jogo, nem um jogador tinha ainda tomado banho. Estavam todos a olhar-se olhos nos olhos e a dizer umas verdades. Essa energia positiva que senti, dentro da dificuldade…sinceramente, vai-me ficar marcado para toda a vida o momento no balneário em Belém. Acho que foi fundamental para a conquista deste título.”
 
A superioridade nos clássicos
“É muito importante contra os rivais dar uma demonstração de força e nós este ano fomos verdadeiramente fortes, mais fortes que os outros. Fomos mais fortes que o Sporting nos jogos do campeonato, fomos mais fortes nos jogos da Taça de Portugal, na meia-final da Taça da Liga fomos a melhor equipa e com um golo regular. Contra o Benfica foi exatamente igual. Foi assim no Dragão e foi assim na Luz, onde fomos um justíssimo vencedor, contra tudo e contra todos. Foi uma grande demonstração de uma mentalidade forte, de um grupo ambicioso, determinado, que queria ganhar o campeonato. E isso partiu muito do que falei há pouco, daquela conversa em Belém.”

Ausência de parabéns de Rui Vitória
“Fiquei muito contente. Prefiro alguém que me dê os parabéns de uma forma natural, que venha do coração, do que dar de forma hipócrita. O Jorge Jesus estava triste por não ganhar o campeonato mas no dia a seguir telefonou-me a dar os parabéns. Se o Rui Vitória me desse os parabéns, seria de forma hipócrita. Surpreendeu-me a coerência dele entre o sentimento e o discurso, desta vez. Não se sentiu em condições de dar os parabéns à melhor equipa do campeonato, não deu.”

 
Sem tempo para descansar

“É impossível desligar do futebol. Estou sempre ligado, fazparte da minha vida. Estando num projeto como este, com esta dimensão, com estaresponsabilidade também, é impossível desligar. Terei algum tempo agora para afamília mas sempre estando do outro lado a perceber o que se está a fazer,porque há uma época para se programar, para delinear da melhor maneira, para seconseguir no mínimo fazer o mesmo que este ano. No mínimo.”