Concordo contigo quando dizes que se deveria discutir essencialmente as causas das migrações e não tanto as consequências. Perceber o que leva a estas deslocações massivas e trabalhar com politicas económicas e sociais para evitar que tais exodos se sucedam.Miguel Alexandre disse:É ignorancia dizer que algum dos jogadores da selecção francesa, nao é francês...sao todos franceses por que os direitos adquiridos através da democracia custaram muito a adquirir. Sao franceses de pleno direito.
Sem querer ser rude também nao entendo questionar o que é um português ou um espanhol, ser português é uma memoria colectiva que permite que estejamos aqui a falar nesta lingua, que é a mesma de Camoes, de Pessoa, de Eça, de Sofia Mello Breyner que de certeza que conheces. Existe uma portugalidade, nao apenas de Afonso Henriques mas também...existe uma razao na bandeira e naqueles simbolos, na resistencia a muitos invasores e colonizadores seja de Viriato ou D. João I, existe uma historia conjunta de monarquias, republicas, ditaduras e democracias que foram construidas em conjunto e pagas em sangue, sangue esse que se conseguissemos conseguias fazer um trace ate à tua e à minha familia...
Acho que estás a ver muito mal porque ha uma diferença entre muito grande entre racismo e xenofobia e o valor transversal do que é um povo e uma cultura. O que é multiculturalismo ou diversidade senao diferenças culturais a preservar? Diluir nao é preservar, ja o disse noutro post e repito, preservar nao é fechar mas também nao é diluir.
Se conheceres as culturas da Tanzania, do Nepal, dos Camarões, do Peru vais perceber porque razao nao devem ser diluidas em espanha, frança ou outro qq...
Achas que nao existe um Angolano? Questionas o que é ser Aborigene? Tenho a certeza que nao, igual para os povos e culturas europeias.
A condição humana é terrivel, sao milenios de dominadores e dominados, milenios de culturas que cresceram e cairam, hoje em dia vivemos no periodo em que a arte está no desviar da atenção do real foco de destabilização e no fabricar de confrontos, no fabricar de divergencias, uma nova ordem mundial de consumidores apatridas sem percebermos que fora das camaras continuam patrias inteiras à fome...
Nota: Deixo claro que se sou contra excesso de imigração (e 10% de imigração como actualmente tem a França é excessivo) mas sou totalmente pro defesa e total integração de quem lá está imigrado. É minha opinião que os problemas que levam os imigrantes a quererem imigrar deviam suscitar nos povos a exigencia dum novo modelo economico, esta globalização economica nao existe para resolver nada, existe para defender os mesmos do costume e manter cada vez maiores os desniveis...ja chega de tanto desnivel, todos deviamos perceber que temos que viver com menos. A imigração na sua ESMAGADORA maioria existe por pobreza e fome, que não é resolvida em nada...mantem-se igual...a imigração é usada com a mao direita para por os povos discutirem enquanto que com a maos esquerda se assegura que tudo se mantem igual...mas ja me estou a desviar, o que te queria dizer é que acho que estás a ver mal, existe um sentido de povo e cultura português, o problema é outro é que hoje em dia somos todos desde cedo colonizados culturalmente por hollywood, pelos inglesismos, as construções mentais com que vivemos cada vez mais sao artificiais e abstractas porque nao têm correlação com o que somos e fomos.
É um erro terrivel dizermos que nao existe um ser português, um ser Russo, um ser Moçambicano, um ser mexicano.
Que nos vendem isso, sim vendem, que nos vendem inclusive que pensar assim é sinal de pessoa de virtude...sim vendem, mas nunca isso tem um objectivo saudavel por trás, tem como objectivo é uma engenharia social orwelliana.
Desengane-se quem pense que o que se discute é uma questao de direitos apenas, porque a UNICA coisa que interessa aos donos disto é a economia, e a unica coisa que se mantém sem ser posta em causa é o modelo economico quando na realidade esse é o unico que gere as clivagens e os confrontos.
É um tema que teria todo o gosto de discutir mas noutro tópico, talvez.
Quanto à culturalidade de um país é que já não posso concordar contigo.
A cultura de um país é um ser sempre em plena mutação.
Ela vai mudando ao longo dos tempos. Vai sendo moldada pelas experiências, pelas pessoas que se estabelecem num território, pelos conhecimentos adquiridos noutros locais.
Hoje, é comum e é dado adquirido que o fado faz parte da nossa cultura. Se formos a qualquer lado do planeta e ouvirmos alguém a cantar fado, mesmo que noutro idioma, somos peremptórios em dizer que o fado é nosso.
Mas há 200 anos atrás teríamos dificuldade em fazer uma afirmação como esta, porque o fado tem origens africanas.
A música folclórica portuguesa (viras, chula, etc.) é a que talvez transmita mais a cultura portuguesa, mais tipicamente nacional, nomeadamente, do norte de Portugal. No entanto, mesmo esta, tem raízes celtas. O uso do cavaquinho, a substituição da gaita de foles pelo acordeão/concertina.
Se recuassemos alguns séculos atrás a cultura vigente era muito diferente da actual. Mas sempre foi e sempre será assim.
A cultura é o conjunto de certos costumes adoptados ao longo do tempo e que vão perdurando até serem substituídos por outros.
Onde quero chegar com isto:
A cultura de um país não é algo imutável. Está em permanente alteração.
Hoje podemos dizer que comer bacalhau pelo Natal é tipicamente português mas não o poderíamos dizer há uns séculos atrás. O fado faz parte da nossa cultura agora mas nem sempre foi assim. Assim como hoje o kizomba nada tem a ver com a nossa cultura mas não podemos dizer que será sempre assim.
Culturalmente, Portugal é um país católico. E se há algo que define a cultura de um país é a religião. Toda as nossas obras, monumentos, pinturas, estátuas, etc, tem conotação religiosa.
Mas será um muçulmano menos português que um cristão? Mesmo que a sua família seja totalmente portuguesa e enraizada no país desde os primórdios da nação?
Esta conversa daria pano para mangas. Afinal de contas o que é ser português? O que é um português? O que nos distingue de outras nações? Serão menos portuguesas as pessoas que vivem na fronteira do que as que vivem na capital?
Se há uns séculos atrás esta questão poderia ter um resposta mais concreta porque as sociedades eram mais fechadas, a própria tecnologia não propiciava à interculturalidade, hoje não faz sentido.