Já o disse aqui: muito mais do que o vírus, preocupa-me o efeito catastrófico que ele vai ter na economia. Acredito que a economia se possa reerguer, mesmo com uma queda brutal de 5% ou 10% no PIB, se a quarentena se mantiver durante um ou dois meses. Mais do que isso é impensável, seria a falência geral do sistema económico e financeiro global: as cadeias de financiamento, produção e distribuição corriam o risco de quebrar para sempre.
Em poucas palavras, esta quarentena geral parece-me uma via rápida para o colapso. Aquilo que se devia ter feito era criar condições de isolamento para os mais vulneráveis (durante um ano e meio que fosse, até se descobrir a cura ou a vacina) e permitir que os resto da economia continuasse a funcionar. As pessoas iriam contrair a doença, mas como as probabilidades de morte em pessoas saudáveis são ínfimas, esse risco era infinitamente menor do que as eventuais consequências duma economia em colapso.
Porque se as cadeias de financiamento, produção e distribuição se quebram, se as matérias-primas deixam de ser produzidas por falta de procura e essas indústrias forem à falência, acreditem que o risco é de morrermos todos à fome. Não só os mais velhos e os doentes: todos. Porque sem uma economia global em funcionamento, nem um saco de batatas se consegue semear neste país, porque até as sementes são importadas (já para não falar de adubos, combustíveis, etc.)