Crónicas

FC Porto 1–0 Club Brugge: “Valeu apenas pelo resultado”

 

Custa escrever quando se perde. E custa escrever quando se joga pouco como hoje.

Do ponto de vista factual e estritamente objectivo, conseguimos o mais importante. A vitória, 3 pontos e aproveitamos o empate do Copenhaga x Leicester. O apuramento está mais perto.

Depois podemos analisar as oportunidades perdidas e dizer que podíamos ter goleado. Mas aquilo que vi foi uma exibição pobre, de uma equipa com pouco fio de jogo, que não conseguiu dominar o adversário e que acabou o jogo a defender o resultado e a expor-se ao golo… Para cúmulo terminamos a partida a perder tempo! Contra uma equipa perfeitamente ao nosso alcance. A mais fraca do grupo. Isto é ser Porto?

Mas comecemos pelo princípio. NES não abdica do seu sistema de jogo. 4x1x3x2. A única novidade residiu na entrada de Maxi para o lugar de Layún.

Os primeiros minutos ainda prometeram… tivemos intensidade, iniciativa, pressão.

Do outro lado, tenho de salientar que o Brugge veio jogar aberto, o jogo pelo jogo, bloco médio. Nunca se remeteu à defesa.

Aos 2 avançados do Porto, a equipa belga respondeu com 3 defesas e não se preocupou com as laterais. De certo modo, o jogo da Bélgica repetia-se neste aspecto: a forma de desequilibrar a defesa contrária era jogar pelos corredores, com extremos ou jogar a explorar essas zonas. Nunca ou raramente tal aconteceu. Não consigo perceber como é o nosso treinador insiste em jogar com os laterais a dar profundidade e largura.

O Porto tinha ligeiro ascendente em termos de posse de bola, mas o jogo no último terço era confuso, havia muita precipitação no último passe e demasiado jogo interior.

Boa defesa de Casillas, aos 24’ e aos 33’ o Porto respondeu com Alex Telles a acertar na barra (marcação de um livre) e Danilo na recarga ficou perto do golo.

Pouco depois surge o golo. Num lance de bola parada, claro. Porque em jogo corrido… o Porto parecia preso e pouco inspirado. Alex Telles cruzou, André Silva desviou para a baliza. A bola ainda sofreu um desvio de um defesa que traiu o seu guardião.

A 1ª parte valeu pelo facto de termos duas equipas a procurar o golo, o Porto era claramente superior em termos de valores individuais mas infelizmente em termos colectivos a diferença não foi assim tão grande.

A 2ª parte começou com o Porto a querer decidir o jogo. Marcar o segundo golo e arrumar a questão. E de facto houve oportunidades para o efeito. Insisto que defrontamos uma equipa limitada que nunca se remeteu à defesa. Havia espaço para jogar, fazer circular a bola e controlar o jogo com a bola em nosso poder. Mas o Porto de Nuno Espírito Santo é a antítese de Lopetegui. O que o anterior tinha em demasia, o actual não tem.

O Porto joga sem bola mas hoje nem sequer aproveitou o espaço nas costas da defesa.

À medida que o tempo ia passando o Brugge foi subindo as linhas, o tal espaço foi aumentando. 60’ bela jogada de André Silva, Jota com remate ao lado de Óliver.

Seguiu-se a substituição de Herrera por Rúben Neves. Era a oportunidade para ter mais bola e mais esclarecimento no momento do passe

Mais tarde, aos 70’, saiu Jota e entrou Corona. O mexicano mexeu com o jogo porque jogo mais no corredor e com a sua velocidade criou 2/3 lances de golo “quase feito”.

Na recta final do encontro, já com Layún no lugar de Otávio sentiu-se o cansaço da equipa e do meio-campo. E verdade seja dita: os últimos 10 minutos foram de sofrimento e como já referi acima… em nada consentâneos com o SER PORTO, com o jogo de uma EQUIPA GRANDE que jogava em casa.

Tivemos cantos contra. Uma distração de Danilo que podia ter custado cara e a intervenção de Casillas que segurou a vantagem mínima.

Foi confrangedora e miserável a exibição da nossa equipa nos últimos 10 minutos. No último canto, jogamos canto curto, 4 homens na defesa e conseguimos ao final de três passes perder a bola.

As declarações de Nuno Espírito Santo no final da partida são de quem não sabe o que é treinar uma equipa grande ou de quem está desligado da realidade.

Espero estar completamente errado. Aceito as vossas críticas e desejo do fundo do coração que no Domingo a equipa demonstre o contrário do que vi hoje!

Quero uma equipa à PORTO, que jogue SEM MEDO! Não foi o que aconteceu hoje.

O meio-campo não funciona e a ligação aos homens da frente só se faz em zonas interiores, pelo centro do terreno. O jogo ofensivo é facilmente contrariado porque apenas os laterais preenchem os corredores. Já escrevi isto N vezes. O treinador insiste. Oxalá NES esteja certo e eu errado.

Força Porto!

 

Positivo:

1) A primeira parte de Alex Telles. Bem a percorrer o flanco, cruzamentos perigosos e uma bola na trave. Na segunda parte, não conseguiu atacar como no primeiro tempo.

2) Danilo. Numa equipa sem fio de jogo, valeu o espírito de sacrifício do trinco portista.

3) A postura do Brugge. Jogou “olhos nos olhos”, o que só valoriza o espectáculo e permite que uma equipa superior, em termos individuais, chegue ao golo com mais facilidade.

4) A vitória e o empate em Copenhaga entre a equipa local e o Leicester.

Negativo:

1) A exibição do Fc Porto. A jogar em casa, frente a um adversário fraco, que prescindiu do seu melhor avançado, a equipa portista raramente conseguiu controlar o jogo com bola. Não teve serenidade, nem qualidade para concluir as jogadas de perigo que foi criando. E para cúmulo… acabou a defender o resultado com 10 homens em cima da sua grande área, como se fosse uma equipa pequena.

 

Por Jorge_Dragao_Aveiro