FC Porto

O grupo de investigação de Farioli que analisa tendências do futebol

O encontro de quinta-feira assume um significado particular para Francesco Farioli, que vai medir forças com a única equipa entre os cinco maiores campeonatos que já orientou. O Nice identificou na Turquia um jovem treinador de 34 anos a quem confiou a missão de voltar o clube às provas europeias – objetivo alcançado – antes da passagem pelo Ajax e da chegada ao Dragão, onde começou a época em grande. A seguir descreve-se como o atual líder dos dragões foi parar ao sul de França.

Os resultados conseguidos no modesto Karagumruk foram determinantes para chamar a atenção, mas não bastaram: sucederam-se várias entrevistas de avaliação. Melhor ouvir o relato do próprio. “No final da época, tive a minha primeira entrevista com o diretor-desportivo, Florent Ghisol, e Dave Brailsford, [executivo da INEOS, empresa dona do Nice e do Manchester United]. Fizeram uma análise com os dados e da lista apareceram alguns dos nomes, e eu era um deles”, explicou. Seguiu-se o processo de recrutamento. “Foi uma entrevista bastante longa, umas cinco horas ou algo assim. No dia seguinte, tive outra entrevista com Jean-Claude Blanc (diretor-executivo da INEOS Sport). Depois, tive mais uma reunião com Florent, juntamente com o CEO (Fabrice Bocquet) e o presidente do Nice (Jean-Pierre Rivière). Foram muitas reuniões e muitas horas, mas fiquei muito feliz porque me deram a oportunidade de expressar-me. Eles estavam muito preparados para tudo e tinham plena consciência de quem tinham em mãos”, referiu Farioli, em novembro de 2023, numa entrevista ao “The Telegraph”.

Licenciado pela Universidade de Florença, com a tese “O futebol como renascimento: a estética do jogo e o papel do guarda-redes”, Farioli manteve um lado mais filosófico no Nice e criou um grupo de WhatsApp para a equipa técnica que baptizou de “laboratório criativo”, designação que preservou no FC Porto, embora tenha renovado os adjuntos. Paralelamente, constituiu uma equipa de investigação independente na mesma aplicação, destinada a acompanhar tendências globais do futebol e a compilar dados e análises sobre campeonatos, jogadores e clubes.

“Tenho um pequeno grupo paralelo de pessoas que não fazem parte da minha equipa técnica, mas que trabalham remotamente. É como um grupo de investigação, porque é impossível analisar tudo quando se trabalha num clube. Trabalha a pensar no futuro, a ver jogos e a estudar as tendências e coisas do género, o que está a acontecer no Brasil, na Argentina, em Portugal. Depois, discutimos tudo, mantém-me bastante atualizado e dá-me uma perspetiva sobre o que está a acontecer no mundo. Isso ajudou-me muito no meu primeiro impacto em França, porque quando cheguei é claro que não tinha o mesmo conhecimento que tinha passados alguns meses. Há um “tipo” na Escócia que vê futebol britânico e também é apaixonado pelo futebol sul-americano, um em Itália, um em Portugal e outro em Espanha”, revelou. Um grupo que, certamente, contribuiu também para a adaptação de Farioli ao Dragão.