Os últimos dias têm sido complicados para o departamento médico do FC Porto. Luuk de Jong, que vinha de recuperar de uma entorse no joelho esquerdo com lesão do ligamento lateral interno contraída num jogo-treino com o Lusitânia de Lourosa no início de setembro, voltou a parar esta semana.
Depois de alinhar frente ao Sintrense e ao Nice, o avançado neerlandês entrou no lugar de Samu Aghehowa no triunfo caseiro sobre o Estoril (1-0) e sofreu novo revés: uma lesão parcial no ligamento cruzado anterior do joelho esquerdo que o afasta definitivamente desta temporada.
A má notícia prolongou-se no fim de semana com mais um caso grave: Brayan Caicedo, avançado da equipa B que chegou a treinar com a formação principal, sofreu a rutura completa do ligamento cruzado do joelho esquerdo. Está previsto ser operado nos próximos dias e também só deverá regressar após a conclusão de 2025/26.
Será a intensidade e a falta de descanso responsáveis?
Estas duas lesões graves, que vão exigir muito trabalho ao departamento médico do FC Porto, juntam-se a outra de grande gravidade sofrida pelo central Nehuén Pérez no início da época, voltando a colocar em debate o tempo de recuperação disponibilizado aos jogadores.
Recentemente, Francesco Farioli, na conferência de imprensa de antevisão do encontro com o Estoril, queixou-se de um tratamento desigual no calendário em comparação com Sporting e Benfica, apontando para alguma falta de tempo de descanso. Coincidência ou não, Luuk de Jong lesionou-se frente aos estorilistas.
“Quanto ao calendário, seria bom termos o mesmo tratamento dos rivais, mas não tendo é uma motivação extra para lutar. Num clube grande esta é a rotina normal, não há nada que reclamar. Quando assinamos contrato queremos jogar mais de 55 jogos. É isto que temos de preparar, para ajudar os jogadores a estarem prontos para estes cenários. O desempenho físico tem sido excelente, corremos mais quilómetros que os adversários. Claro que é preciso ter frescura nas pernas e na cabeça, e também equilíbrio”, destacou o italiano.
Apesar de Farioli não criticar o elevado número de partidas, a vaga de lesões não se limita ao Dragão. Sporting e Benfica também enfrentam problemas médicos, com os bicampeões privados recentemente de Geovany Quenda, Pedro Gonçalves e Francisco Trincão.
A sobrecarga competitiva que condiciona o calendário das equipas de topo parece acentuar-se. Muitas destas formações passaram pelo Campeonato do Mundo de Clubes no verão, encurtando férias. A esse compromisso fora do período habitual junta-se um calendário interno já extenso – com três a quatro competições domésticas – e a participação nas provas europeias, frequentemente a principal fonte de receitas para os clubes portugueses.
É certo que os plantéis são mais vastos e que os departamentos médicos estão mais completos e especializados, com o objetivo de reduzir lesões e prolongar a disponibilidade dos jogadores. Contudo, a intensidade do futebol e o ritmo dos jogos aumentaram. Com menos tempo para treinar e uma rotina de prevenção e reforço que nem sempre é regular, resulta natural que ocorram com maior frequência lesões de maior gravidade.

