Os dois mais recentes golos de William Gomes revelam algo que vai além de episódios de inspiração: contra o Estoril e agora diante do Tondela, o extremo do FC Porto demonstrou, novamente, que a pressão alta pode ser uma arma decisiva. Em ambas as situações atacou o espaço, antecipou o erro adversário e, sem vacilar, recuperou a bola antes de terminar na baliza. No fim da receção à equipa da Amoreira, resumiu a evolução com simplicidade: “É fruto de treino. O Dave Vos e o Callum Walsh trabalham muito comigo e fui feliz.”
No início da época, William destacou‑se com golos “à Hulk”: arrancadas da direita para o centro finalizadas com o seu potente pé esquerdo. Contudo, a repetição desse gesto tornou‑o previsível e os adversários passaram a fechar-lhe os caminhos. Diante dessa realidade, os adjuntos de Francesco Farioli sugeriram-lhe outra forma de chegar ao golo: aproveitar o erro do oponente, assumir a primeira fase defensiva e converter recuperações altas em oportunidades claras.
Foi esse pormenor que levou o Record a investigar como o FC Porto estrutura o treino sob a orientação de Francesco Farioli. A extensa equipa técnica do treinador italiano, de 36 anos, organiza o trabalho por áreas específicas e, na vertente da pressão ofensiva, o adjunto principal Dave Vos e o preparador físico Callum Walsh desempenham um papel central, também devido às aptidões que possuem para essa função. Com a supervisão final do treinador, são eles que definem tarefas individuais para cada jogador, destinadas a aprimorar o rendimento colectivo.
Ainda assim, apurámos que a personalização do treino não é novidade no modelo de Farioli: essa abordagem já se notava na eficácia do FC Porto nas bolas paradas, sobretudo nos cantos, trabalho conduzido por Lino Godinho, Lucho González e Carlos Pintado. Esses lances têm rendido benefícios evidentes aos dragões: foi numa jogada desses que se inaugurou o marcador em Tondela.
Nas últimas semanas, William Gomes tem sido o exemplo mais visível de como estes métodos desbloqueiam partidas. E, pelo que tem exibido em campo, é também um dos jogadores mais empenhados.
Na direita por sugestão própria
Contratado em janeiro para colmatar a saída de Galeno, vendido nessa altura ao Al Ahli, William Gomes chegou ao Dragão como extremo esquerdo, posição em que efectuou toda a sua formação e onde começou pelo FC Porto. Logo com a chegada de Farioli, o extremo, de 19 anos, conversou com o treinador italiano e manifestou a preferência por jogar como extremo direito. O técnico considerou que essa opção valorizava as suas qualidades e começou a testá‑lo nessa posição já na pré‑época, é aí que tem sobressaído.
Sem cláusula para os 20 por cento em falta
Em janeiro, o FC Porto pagou 9 milhões de euros ao São Paulo por 80 por cento dos direitos económicos de William Gomes, num acordo que inclui ainda um montante adicional até 1 M€ em objectivos. Segundo apurou o Record, os dragões não asseguraram qualquer cláusula para adquirir os 20 por cento restantes do passe, embora essa opção esteja em aberto, ainda que não para já. Avançar para essa compra exigirá uma nova negociação, mas as boas relações actuais entre os dois clubes facilitam esse processo. A SAD liderada por Villas‑Boas escolherá o momento mais adequado para tentar a aquisição da totalidade do passe de William Gomes, sabendo que o extremo, de 19 anos, é o segundo melhor marcador da equipa e tem vindo a valorizar‑se no mercado.
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