FC Porto

“André Villas-Boas? Quando não há resultados, existe contestação, sobretudo de pessoas ligadas a outra forma de pensar”

O FC Porto não atendeu às expectativas na temporada 2024/25, mas o presidente André Villas-Boas e o treinador Martín Anselmi precisam de tempo para estabilizar o clube, atualmente na terceira posição da I Liga, de acordo com o ex-jogador jugoslavo Ljubinko Drulovic.

“Após a era Pinto da Costa, era esperado que as coisas mudassem, mas o desejo de mudança era legítimo. Quando André Villas-Boas ingressou, sabia que o desafio seria difícil. A situação não era favorável, especialmente a nível financeiro. É preciso tempo para que tudo se estabilize”, analisou o ex-avançado, que conquistou 14 títulos nacionais com o FC Porto de 1993 a 2001 e se tornou pentacampeão.

Com duas jornadas restantes na I Liga, o FC Porto ocupa o terceiro lugar, com 65 pontos, igualado com o Sporting de Braga e a 13 pontos de Sporting e Benfica, correndo o risco de não terminar no pódio pela primeira vez desde 1974/75, antes da liderança de Pinto da Costa, que esteve à frente do clube por 42 anos.

“Sem dúvida, esperava-se mais. O FC Porto perdeu jogos e pontos cruciais e afastou-se da luta pelo título. Um clube deste calibre está habituado a lutar até ao fim, mas Sporting e Benfica estão mais fortes e decidirão entre si o campeonato. Com a experiência deste ano e a contratação de jogadores chave, espero que o FC Porto consiga recuperar a normalidade e se torne um sério candidato ao título”, afirmou.

Classificados para a Liga Europa 2025/26, seja diretamente ou por meio de pré-eliminatórias, os dragões falharam o título pela terceira vez consecutiva, apesar de terem iniciado a temporada com um triunfo na Supertaça Cândido de Oliveira, vencendo o Sporting por 4-3 após prolongamento.

“É difícil de entender. O FC Porto começou a temporada de forma promissora, conquistando um troféu. A vitória sobre o Sporting foi um feito raro. Contudo, a equipa perdeu algum ímpeto. Com as numerosas mudanças na formação, incluindo a saída de jogadores experientes e de qualidade, o clube ressentiu-se, ficando com um plantel mais jovem e com estrangeiros que ainda não se adaptaram ao que é o FC Porto”, avaliou Drulovic, um dos seis que participou de todas as épocas do único pentacampeonato do futebol português, de 1994/95 a 1998/99.

O ex-avançado sublinha a importância de o FC Porto terminar no pódio e pede paciência para com o treinador argentino Martín Anselmi, que foi contratado em janeiro como sucessor de Vítor Bruno e que adotou uma formação tática com três defesas centrais.

“Ele começou em um período complicado. A direção escolheu um treinador jovem com potencial. Com certeza, recebeu informações, mas não conhecia a mentalidade do FC Porto e o futebol português, e é preciso tempo para se ajustar às expectativas dos adeptos. Se continuar na próxima temporada e tiver a oportunidade de contratar jogadores, será interessante ver o que decidirá sobre o futuro da equipa e do clube”, contextualizou.

Drulovic recorda que o FC Porto “não jogava com três centrais há muitos anos”, mas Anselmi tentou “proporcionar mais segurança na defesa e explorar a qualidade ofensiva” do plantel que começou a ser montado por Villas-Boas, que está a completar o primeiro ano de mandato, no meio de contestação ao treinador após três meses.

“Quem está no FC Porto precisa habituar-se à pressão e demonstrar as suas capacidades e qualidade. As expectativas são altas porque o clube está habituado a ser um dos melhores da Europa e o melhor em Portugal. É necessário voltar ao que era: uma equipa forte que não dava chances ao adversário para lutar pela liderança. Isso não se verificou este ano, mas espero que recupere essa força”, recordou.

Apesar do desempenho da equipa de futebol, Drulovic, de 56 anos, elogia o trabalho de André Villas-Boas, sucessor de Pinto da Costa após 42 anos e 15 mandatos, acreditando que, “com uma gestão séria e uma boa organização”, os dragões “têm tudo para construir um plantel forte e vitorioso que esteja sempre presente na Liga dos Campeões”.

“Ele conhece bem a casa e as suas exigências. Quando não há resultados, há contestação, especialmente de pessoas ligadas a outro sistema, mas os adeptos do Porto precisam unir-se e apoiar ao máximo. É crucial, pois só juntos será possível vencer”, concluiu.