Crónicas

Bom Porto dos quatro avançados

Os dragões fizeram uma boa pré época, consolidando desde cedo uma estrutura de 4x2x4. Sérgio Conceição percebeu bem a razão do insucesso da época passada (indefinição sobre como operacionalizar a ideia de jogo) e definiu um onze base.

Do quarteto defensivo destaco a única novidade, Ricardo, dos laterais mais completos a nível europeu (aguenta a posição, solícito para receber e tocar, conduz rápido com discernimento de drible, compreende os movimentos do extremo).

No par de médios Danilo carrega um peso excessivo nos momentos de transição. Perde algumas bolas na saída quando recebe de costas, não conseguindo rodar para ligar. Solta-se muitas vezes do seu casulo táctico (fica pouco em contenção à frente da defesa, encurtando para interceptar bem dentro do meio campo contrário), o que expõe o sector recuado a lances de inferioridade. Óliver é o jogador chave, ainda mais preponderante na gestão de ritmos e desenhos atacantes.

O quarteto da frente pressiona sempre muito alto, não permitindo elaboração à equipa contrária, dando sinal aos restantes colegas para avançar em bloco. Os extremos Corona e Brahimi, claramente de vocação interior, procuram essa movimentação preferencial, abrindo espaço aos alas para envolvimentos abertos.

A dupla de avançados centros tem laborado maravilhosamente. Soares, atleta físico, de choque e frio finalizador, está a diversificar o seu jogo. Baixa, segura, aguenta e espera apoio, ou vira-se de frente ameaçando tabela ou tiro.

Cai muitas vezes sobre a esquerda em trocas posicionais, para que se dê a tal “interioridade” dos extremos. Aboubakar tem sido o homem golo. numa mobilidade diferente, mais vertical, procurando entrar nas costas dos defesas em desmarcação. Cada vez melhor na finalização a um toque (saltando no ar ou mesmo deitado no chão em carrinho).