A chegada de Francesco Farioli ao Dragão provocou uma alteração profunda em vários domínios, sobretudo na mentalidade e no sentido de compromisso dos jogadores com o FC Porto. Um caso em particular sobressai face à época anterior, durante a qual viveu fases atribuladas e uma óbvia falta de confiança, algo que admitiu publicamente em entrevistas recentes: trata-se de Pepê, que parece viver uma segunda etapa no clube azul e branco, recuperando o futebol que já exibira nos relvados nacionais e assumindo um papel decisivo como nunca.
O internacional brasileiro, de 28 anos, operou um verdadeiro reinício face ao que lhe correu mal em 2024/2025 e evidencia-se como um jogador claramente transformado e revitalizado, tanto nas qualidades inatas como nos números registados nos quatro encontros oficiais que já disputou pelo FC Porto nesta temporada. O extremo contabiliza dois golos – frente ao Vitória de Guimarães, em casa, e em Barcelos, frente ao Gil Vicente – e uma assistência de grande qualidade em Vila do Conde para o golo de Gabri Veiga, que selou a vitória portista num terreno habitualmente difícil. É o melhor arranque individual desde que ingressou nos dragões, em 2021. O início de época passou ainda por uma lesão inusitada: um traumatismo no olho direito que o impediu de defrontar o Casa Pia e o Sporting. Regressou em boas condições perante o Nacional e voltou a ser determinante frente ao Rio Ave.
Estamos perante um futebolista que atravessou momentos difíceis na época anterior, marcado por alguma fadiga mental que o impediu de contribuir como seria esperado numa das temporadas mais desastrosas a nível desportivo para o FC Porto.
Renovação após o ‘mea culpa’
Na pré-época, Pepê fez um trabalho de introspeção e reconheceu que esteve aquém das expectativas em 2024/25. A possibilidade de saída foi várias vezes mencionada, mas o jogador assumiu a sua responsabilidade com um ‘mea culpa’ sobre o fraco rendimento e sobre o episódio em que criticou nas redes sociais o então treinador Vítor Bruno. Esse momento serviu de ponto de viragem para a sua nova vida no Dragão. André Villas-Boas entendeu que Pepê continuava comprometido com a causa azul e branca, disposto a alterar a imagem deixada na época anterior, e recompensou-o com uma renovação até 2028, com opção por mais um ano, a exercer-se automaticamente caso se cumpra um determinado número de jogos, ou unilateralmente se o FC Porto assim o decidir. A cláusula de rescisão manteve-se nos 75 milhões de euros.
Inserido neste contraste com a temporada anterior, Pepê tem somado intervenções decisivas em campo que lhe valeram elogios do treinador, Francesco Farioli, que reconhece no extremo uma peça importante dentro das quatro linhas e no balneário do Olival. «Está a fazer um grande trabalho. A minha avaliação sobre ele foi analisar o que aconteceu antes de eu chegar, em vídeo, e fiquei com a imagem de um jogador que teve momentos fantásticos no passado. Na época passada teve problemas, alguns altos e baixos, mas faz parte do futebol. Desde que cheguei que encontrei um jogador com um desejo grande, com um sorriso na cara, que é capaz de trazer sorrisos aos colegas e ao treinador», disse o italiano.
De assobiado a aplaudido, Pepê voltou a conquistar o apreço dos adeptos portistas com exibições cativantes e protagonismo. Após a tempestade, o brasileiro encontrou a tranquilidade que procurava no Dragão. Francesco Farioli reconhece esse retorno e os portistas celebram o seu ressurgimento.
