Futebol

Entrevista de André André ao Porto Canal

Em entrevista ao Porto Canal, o médio do FC Porto deixa promessa para as “seis finais” que os dragões têm pela frente

Empate contra o V. Setúbal: “Estava na bancada e fiquei nervoso. Em mil jogos como esse não perdíamos nenhum. Jogámos bem, criámos muitas oportunidades. Nos minutos finais, com aquela ânsia de querer ganhar, entrámos não em desespero mas em ansiedade. O que era normal porque podíamos passar para a frente. Não passámos aí, mas passamos na próxima”.

Tentativas de colar esse resultado a um mau desempenho na Luz: “Começámos a perder, mas depois dominámos o jogo. Fizemos o empate e tivemos oportunidade de o Tiquinho fazer o segundo. A partir daí foi um jogo equilibrado. Empatámos, não ficámos fora, mas queríamos ter ganho”.

Sente, como o treinador, que se ganharem os jogos que têm pela frente serão campeões?: “Sinto isso. Sentimos todos isso”.

O facto de o Benfica nos próximos jogos jogar antes do FC Porto tem alguma influência?: “Acho que não. Entramos nesta reta final e isso não terá influência”.

Orgulho para os jogadores saberem que trazem cada vez mais gente aos estádios?: “Claro. É sinal de que estamos em sintonia, tanto os adeptos como a equipa. Sinal também que sentem prazer a ver este FC Porto a jogar e reconhecem a entrega que temos tido. Queremos continuar assim até ao fim”.

Plantel é um grupo unido. O que destaca mais?: “Somos uma família, damo-nos todos bem. Sabemos distinguir a brincadeira de quando é para treinar”.

O que esperar dos seis últimos jogos?: “Vitórias, seis vitórias. Vamos pensar numa final de cada vez, mas temos de ganhar os jogos todos para sermos campeões. Na nossa cabeça não há uma segunda via”.

Como se gere isso estando um ponto atrás?: “Temos de ficar à frente de qualquer maneira. Não vai ser campeão o que jogou mais ou menos, mas todos”.

Conquistar os adeptos: “Sinto esse carinho. O meu pai ensinou-me a dar sempre tudo, mesmo que não esteja a correr bem não desisto. Se errar um ou dois passes tenho de pedir a bola outra vez e tentar. Levo esse pensamento comigo”.

André André revela o pior momento que atravessou ao serviço do FC Porto

Derrota na final da Taça de Portugal: “Foi um golpe mais duro porque chegar a uma final e não ganhar é sempre difícil. Custou da forma que foi. Mas mais duro é o FC Porto ainda não ter ganho qualquer título desde que cheguei”.

Início perigoso esta época: “Engatámos um bom arranque. Eliminámos o Roma, só perdemos com o Sporting, mas depois voltamos a arrancar para mais vitórias”.

Saída da Taça frente ao Chaves: “Aquela bola podia ter entrado… Tínhamos passado. Mas pronto. Penáltis fazem parte. Futebol tem destas coisas, acredito que vamos ganhar noutras coisas”.

Série de empates consecutivos. Sentiu a angústia?: “Estar no banco ou na bancada é pior do que estar a jogar, sofre-se muito mais. E a mim, como portista que sou, custou-me ainda mais. Acabavam os jogos e tínhamos de olhar para o que fizemos de menos bem para fazer bem no jogo seguinte. Tivemos essa sequência, falhámos muitos golos, mas depois o Rui Pedro faz aquele golo com o Braga no último minuto. Voltámos a acreditar aí. O futebol tem fases, numa época nem tudo é bom. Temos de estar agarrados a tudo nesses momentos”.

O jogador do FC Porto recorda os primeiros passos no mundo do futebol e conta o que é ser filho de um campeão da Europa

Escolha entre mar e futebol: “Quando comecei já havia a escola como alternativa mas conheci muitos amigos que tinham de optar e muitos são pescadores. Outros são futebolistas. Era esse o espírito antigamente. Se quero melhorar não posso faltar mais aos treinos para estudar. Comecei a evoluir e a jogar sempre no escalão acima”.

Varzim: “Tive um bom primeiro treino no Varzim mas não tinha chuteiras, fui de sapatilhas. O meu pai não ia aos treinos e eu não deixava que ele fosse aos jogos, queria sentir-me livre a jogar. Depois habituei-me à presença dele”.

Influência do pai, António André: “Nasci logo a sentir o que é o futebol e o FC Porto. Quando percebi onde estava disse que um dia queria ser jogador. O meu pai nunca me incentivou, disse que podia ser o que quisesse. (…) Quem me dera ganhar o que ele ganhou. Sempre quis construir a minha carreira não levando o meu pai às costas para subir os degraus, mas apenas pelo orgulho que sinto pelo que ele foi”.

Subcapitão juniores FC Porto: “Correu bem, podia ter corrido melhor se tivéssemos sido campeões. Perdemos o campeonato nos últimos segundos em Alvalade”.

Esperança de dar o salto para a equipa principal do FC Porto: “Tinha contrato com o Varzim. Se o FC Porto quisesse teria de me comprar e não sei se chegou a fazer proposta. Sabia que, de qualquer das maneiras, ia para o Varzim e para a II Liga e fazia o meu trajeto”.

Memórias do Estádio das Antas: “Ia ao balneário com o meu pai, lembro-me que o meu pai vinha três horas e meia antes do jogo e eu ficava no carro. Quando chegava a um certo ponto subia para a bancada com a minha mãe. Lembro-me de estar no relvado na festa do “penta”. Todos os jogos em casa eu vinha ver”.

Despedida do pai: “Lembro-me, foi contra o Marítimo. O FC Porto era campeão”.

Médio do FC Porto falou sobre a decisão de assinar pelo Deportivo da Corunha e recordou o regresso ao Varzim

Deportivo da Corunha: “Havia essa possibilidade e achei boa. Estava com muita vontade de ir e experimentar novas coisas, mas cheguei lá e vi que aquilo não era para mim. Adorei a cidade, mas fui para a equipa B e a distância para a equipa principal era muita. Reparei logo nisso. Sou de ideias fixas e quando vejo que uma coisa não está bem fico a pensar enquanto não fizer a coisa certa, nesse caso era voltar. Não estava ali a fazer nada. Felizmente voltei para o Varzim. Foi uma forma de evoluir e de saber que nem tudo é fácil”.

Regresso ao Varzim: “Voltei para o Varzim e nesse meio ano infelizmente descemos à II Liga. Fiz os três primeiros jogos, fiz uma fissura na tíbia e só joguei o último depois. O clube abriu-me as portas quando precisei e fiquei lá na IIB para ajudar à subida. E foi o que aconteceu”.

Salto para o V. Guimarães e estreia na I Liga: “Foi contra o Sporting. Empatámos 0-0. Ao princípio estava ansioso, mas penso que correu bem. Chegámos à final da Taça e ganhámos ao Benfica”.

Conquistar a Taça frente ao Benfica: “Chegar à I Liga era um objetivo, jogar num clube grande como o Vitória era outro e depois chegar à final da Taça e ganhá-la, o primeiro título do Vitória, com aqueles adeptos… Não sei, foi uma coisa que jamais irei esquecer. Faltam-me outros tantos para alcançar o meu pai”.

Médio recordou os primeiros momentos ao serviço do FC Porto e a época negativa de 2015/16

Interesse do FC Porto: “Surgiu o interesse do FC Porto e sempre dei essa prioridade. Queria jogar no FC Porto, era um objetivo e felizmente as coisas deram certo”.

Chegada ao FC Porto com 25 anos: “Sendo tarde como alguns dizem, o meu pai chegou com 26 e ganhou não sei quantos títulos e jogou até aos 36, 37. Nunca é tarde para essas conquistas e jogar a um grande nível”.

Estreia pelo FC Porto: “Estreia contra o V. Guimarães foi uma mistura de sentimentos. O Varzim, o Vitória e o FC Porto são os clubes que estão no meu coração. Ainda hoje acompanho o Vitória, vejo todos os jogos em casa e sinto-me vitoriano”.

15 dias alucinantes com a estreia na Champions, golo ao Benfica e golo ao Chelsea: “Jogar na Champions era outro objetivo, ouvir o hino pela primeira vez e com a camisola do FC Porto foi um momento especial. Depois, esses dias loucos correram bem. Até à lesão…”.

Golo ao Benfica. Percebe a verdadeira emoção do Dragão?: “Sensação única, todos os golos tem sensações únicas, mas nos últimos minutos e contra o maior rival foi a cereja no topo do bolo”.

Lesão: “Infelizmente apareceu uma lesão chata que me impedia de fazer muita coisa. Ainda fiz vários jogos com dores, mas chegou a um ponto em que não aguentava mais e disse não valia a pena estar a forçar. Tive que parar. Voltei mais tarde mas ainda não estava confortável”.

Viragem da época, derrota em Kiev e desconfiança da época anterior: “Nesse jogo entrei ao intervalo. Perdemos 0-2… No FC Porto todos os anos é obrigatório ganhar. Na época anterior a essa já não se tinha ganho e com esse resultado tínhamos de ir ganhar a Londres. Tudo ficou mais difícil e os adeptos, habituados a ganhar, começaram a ter essas desconfianças. Tentámos dar a volta, mas não foi possível. Talvez tenha sido o início de uma era negativa”.

(fonte ojogo.pt)