Futebol

FC Porto 1 – FC Copenhaga 1: “O mundo às avessas”

 

 

O mundo às avessas: FC Porto 1-1 Copenhaga

Declarações calmas e tranquilas sobre a maneira como todas as equipas deste nível se conhecem umas às outras foram as palavras de ordem do nosso treinador na antevisão do jogo.
Portanto as qualidades do Copenhaga não seriam uma surpresa, pois são comuns às equipas mais cotadas daquela região, já acontecia o mesmo nos tempos do Rosenborg ou, mais recentemente, nas últimas incursões do Malmo na prova milionária.
“Good fundamentals”, sempre em futebol apoiado e usando a estatura dos seus atletas no último terço para incomodar as defesas. Por outro lado se rapidamente pressionados é comum atrapalharem-se com a bola, perdendo posse muitas vezes, devido a não terem a técnica que tentam compensar com a tática super estruturada. Simples, certo?

Errado. Durante a maior parte dos minutos em que jogamos onze contra onze, o que aconteceu foi exatamente o contrário. Ideias às avessas. Mas já lá vamos.

O jogo até começa de uma maneira extremamente positiva. Equipas a encaixarem uma na outra, pressão alta mal se perdia a bola em algumas situações e, naturalmente, surge o nosso único golo. Rapidez de movimentos, de decisão e de remate. Fácil, certo?

Errado, porque isto nunca (ou quase nunca) voltou a acontecer no resto do jogo. Ordens para existir zero pressão acima do meio-campo? Deixar o Copenhaga, qual Barcelona ou Bayern, estar no nosso meio-campo com um à-vontade tão grande que até os centrais se aventuravam no último terço para criarem mais linhas de passe? Se alguém me dissesse que era assim que íamos jogar, não acreditava. Nem que não tivesse visto o jogo e o resultado tivesse sido uma derrota caseira. Sabia que as probabilidades eram baixas, mas podia acontecer.
Após o 1-0 parecia que estávamos a tentar aumentar as probabilidades.

Transições rápidas não significa necessariamente recuperar a bola nos últimos 30 metros e em 2 passes chegar à área contrária, com o André Silva a fazer de Vardy. Nem Otávio, Corona e Óliver são jogadores para isso. Eu considero o nosso golo fruto de uma transição rápida. Transição é a junção de recuperação + aproximação rápida à baliza contrária. Não foi assim que o nosso golo surgiu? Porque é que tentamos fazer o mesmo mas recuando 50/60 metros no campo?
Não faz sentido nenhum, propositadamente diminuir as nossas qualidades e aumentar as do Copenhaga.

Quando acordamos para a vida e vimos que era o Copenhaga e não o Barcelona que estava do outro lado do campo, a falta de soluções ofensivas ainda se evidenciou mais. “We are only shooting blanks.”
Não tínhamos um plano para atacar com posse, com passes curtos, envolvendo vários jogadores no processo ofensivo, tanto que os construtores de jogo eram quase sempre os laterais, especialmente Layún, claramente o jogador mais inconformado da nossa equipa.

Saí do estádio a pensar que talvez os treinadores do FC Porto e do Copenhaga tenham batido cabeça com cabeça antes do jogo e trocado de táticas e ideias de jogo estilo Space Jam, só que o talento ficou nos jogadores.

Não há que fugir ao assunto, até à expulsão quase que sabia a 1 ponto ganho, mais do que 2 perdidos.
E claro que alguns jogadores renderam menos que outros (Herrera, Corona, o próprio André Silva…), mas estávamos completamente com o plano de jogo às avessas e isso sim é mais preocupante.

Obviamente que a equipa ainda está em construção e com processos por assimilar, mas necessitamos de ser muito mais agressivos e confiantes nas nossas capacidades, não é por um jogo que se vaticina o que quer que seja, mas continuamos num carrossel no que toca às sensações produzidas pelos jogos.
Não podemos alterar entre o bom, o mau, o suficiente, o bonzinho e o assim-assim de acordo com a previsão meteorológica.

PS: Se alguém não entrou às avessas foram os mesmos que acham que a equipa melhora com assobios ou que acham que fica bonito assobiar um capitão de equipa, por pior que ele tenha jogado. Esses entram sempre com uma mente fechada, focados na sua tarefa.

por Nuchae