Concordo em grande parte com o que escreves.Grande post. Vou só comentar este trecho porque me parece pertinente fazê-lo.
Acho que no fundo PDC sabia que com o André o clube ficaria, associativa e desportivamente falando, bem entregue, com futuro, com visão e com liderança forte.
Só que tentou a via da terra queimada porque AVB aparece como candidato sério numa altura em que já era demasiado tarde para PDC esconder o rasto do que foi feito nos últimos anos.
E AVB tem dois grandes defeitos para o olhar estratégico de PDC:
1) não ser facilmente seduzido pelo esquemas de poder (como foram todos os outros que fizeram oposição a PDC)
2) ser extremamente rico
Sabendo que, se AVB ganhasse, a nova direção iria auditar as contas antigas, PDC optou por hostilizar ao máximo AVB, fazer dele um inimigo do Porto em vez de um adversário de PDC, para garantir pelo menos mais um mandato, mais tempo para ir apagando o rasto das tropelias.
E sabendo PDC que seria muito provavelmente o seu último mandato em vida, sendo reeleito pela última vez pelo menos não teria de lidar com o aftermath da derrota e do escrutínio. Eu acho muito sinceramente que PDC, quando sentiu pela primeira vez que podia perder as eleições (imagino que foi quando decidiu fazer campanha e nasceu o Todos pelo Porto) já nem queria mais 4 anos para continuar a roubar à grande porque rico à conta do clube já ele e a família estavam. Queria era mais quatro anos para esconder à grande o roubo dos últimos quinze/vinte anos e proteger a única coisa que fica quando partimos da vida: o legado.
Foi o desespero de tentar segurar a sujeira toda que havia debaixo do tapete que o motivou a lançar todos os canhões contra AVB e a criar este fratricídio insano mesmo sabendo lá no seu íntimo portista, que o clube não ficaria em mãos melhores do que nas de AVB.
Mesmo o assinar contratos ruinosos a dias das eleições foram meras manilhas secas que PDC foi lançando para a mesa para ver se ganhava o jogo no último ponto.
PDC sempre foi belicista por natureza, nunca precisou foi de usar esse músculo para dentro.
Agora, infelizmente para ele, vai provavelmente partir no ponto mais baixo do seu portismo. E nos próximos anos só se vai falar do pior lado de PDC. E só daqui a décadas é que a memória vai começar a suavizar o que ele fez e a lembrá-lo mais pelo prisma dos títulos.
Mas acho que, para além disso, PdC foi tomado (como acontece quase sempre em situações como a dele) por um fortíssimo sentimento de posse relativamente ao clube.
E AVB surgiu como o jovem impertinente que "ousou" tentar tirar-lhe o que era dele.
Essa motivação emocional (não permitir que alguém apareça e lhe tire aquilo que é dele e que lhe custou tanto a construir) está também fortemente por trás da sua postura na campanha.
Eu não me esqueço que no dia das eleições (não sei se muitos terão reparado), já da parte da tarde, quando era perceptível que iria perder (por causa da afluência) e aqueles em redor dele lhe terão transmitido isso mesmo, ele veio dar uma entrevista à SIC, dizendo que, "se os sócios quiserem mudar, ficam com a responsabilidade por aquilo que correr mal".
Em pleno acto eleitoral, atira-se à garganta dos sócios por terem ousado tirar-lhe o que era seu.
É acima de tudo a campanha que eu não lhe perdoo. A ele e ao SC.
E é também nisso que AVB tem sido notável. Porque ele, mais do que qualquer um de nós, teria razões para querer mal aos dois. E tem tido uma elevação muito difícil de ter, e (julgo) exclusivamente no interesse do clube.