Os Tribunais aplicam penas brandas em tudo, não é só em relação à violência doméstica. Não podemos fazer nada quanto a isso exceto alterar as componentes de formação de novos juízes, fazer mais alterações à lei de modo a diminuir o espaço de decisão deles e aumentar os limites mínimos e máximos das penas - "burro velho não aprende línguas".Em vez de nos distrairmos com debates sobre a nacionalidade dos agressores, devíamos prestar atenção a isto com muito mais seriedade:
Violência doméstica: poder judicial em Portugal aplica "sanções brandas e desproporcionadas" | Euronews
Não consigo compreender por que razão a justiça portuguesa continua a tratar a violência doméstica com tanta leveza — como se ainda vivêssemos numa sociedade em que a culpa, de forma implícita ou explícita, recai frequentemente sobre a vítima: 'ela provocou', 'se quisesse, já tinha saído', 'algo deve ter feito para merecer'. Esta lógica perversa perpetua um sistema judicial que desvaloriza a gravidade do crime e protege o agressor mais do que a vítima.
É grave quando este tipo de discurso aparece em redes sociais — mas é inaceitável quando encontra eco nas decisões dos tribunais. A justiça devia ser factual, rigorosa e centrada na proteção das vítimas. Infelizmente, parece mais zelosa quando o agressor é indostânico e desconhecido da vítima. Nesses casos, o país inteiro acorda indignado. Quando o agressor é nacional e íntimo? Volta tudo ao silêncio e à banalização. Entre marido e mulher, ninguém mete a colher etc etc
De um modo geral, o nosso sistema é muito garantístico, isto é, oferece demasiadas garantias ao arguido. O in dubio pro reo é levado a um nível extremo.
O que tu dizes é facto - quando o agressor é nacional, muita gente se cala. Acho isso condenável. No entanto, parto de um lugar de genuína preocupação pelas mulheres. No que toca à violência doméstica, cheguei a trabalhar com deputados (que eram, inclusive, de esquerda) tendo em vista a alteração de uma lei nesse âmbito. Excetuando a questão das penas, as leis nesse domínio são boas, o problema é que não são implementadas de forma correta. Podemos e devemos ir mais longe.