Nos meus quase quarenta anos, é a primeira vez que sinto depressão futebolística.
Passei mal a noite à conta do Porto.
O estado do clube era, há já alguns anos, deplorável.
Fomos mantendo alguma competitividade à conta de uma gestão desportiva com visão imediatista e à conta de um treinador que, sem talento em abundância, virou-se para a força e garra.
Hoje, o projecto é diferente. Mais a médio e longo prazo e menos imediato.
No entanto, o que nos acontece de imediato?
Não temos talento. Nem temos um treinador com força e garra.
Como vamos resistir?
Assim não dá.
Dói ver o Porto. Dói ver alguns jogadores com a camisola vestida.
Dói ver o treinador na conferência de impressa, com aquela postura corporal e com aquele discurso.
Bem sei que é fácil dizer para despedir o treinador. Bem sei que é uma decisão difícil.
É difícil porque custa dinheiro. Custa credibilidade. Custa admitir mais um erro. Custa passar a imagem de que somos um cemitério de treinadores, até porque isto dificulta a tarefa de atrair alguém para o cargo.
Mas, o que custa manter o treinador?
O que custa manter um futebol que ninguém perceber?
O que custa perder garra, força e coragem?
O que custa perder o sentimento que nos distingue há muitos anos de todos os outros?
O que custa permanecer no erro?
Decidir é muito, muito, muito fodido, mas faz parte.
Coragem, presidente, mas foi para isto que quis ser eleito.