Desde 2015, quando vendemos o Jackson Martínez, que o FC Porto não conta com um ponta-de-lança do perfil e eficácia do Samu. Aos 20 anos, na sua primeira época sénior num contexto de ataque continuado, o Samu marcou 27 golos e fez isso num clube em crise, com modelos táticos inconsistentes e inconsequentes, que raramente potencializaram as suas qualidades.Não existe sequer proposta e já vejo colegas a falar em acordos.
É o que digo. Estão cheios de vontadinha.
Querer “despachar” um ponta-de-lança com estes números e este potencial, sob a justificação de que é “cepo” ou que “não oferece apoios”, é ignorar o valor real e o contexto da sua produção. Um avançado com esta capacidade de finalização, nesta idade, é um ativo raríssimo e ainda mais num mercado onde jogadores com muito menos golos, mas com físico interessante, são vendidos por valores astronómicos.
O argumento de que “não oferece apoios” parte de uma visão redutora do papel do ponta-de-lança moderno. O Samu, mesmo que não seja o avançado mais participativo na construção, compensa com o que mais custa encontrar no futebol, golos. E golos mudam jogos, títulos e balanços financeiros. Além disso, o que falta em apoios pode ser trabalhado taticamente, já a frieza e a capacidade natural de finalizar são atributos muito mais difíceis de ensinar.
Abrir mão de um ponta como o Samu nesta fase seria repetir erros do passado, desperdiçando uma oportunidade de ter finalmente um goleador que pode marcar uma era no clube.