Ao contrário do que muitos apregoam, este Porto do Farioli não vive tanto da posse ou da iniciativa constante.
O segredo está onde sempre esteve nas grandes equipas, na organização defensiva.
Há quem confunda jogar bem com ter bola, mas o futebol também é saber quando não a ter, e este nosso Porto começa a dominar essa arte.
A equipa é hoje muito sólida sem bola (é ver o que fazíamos sem bola na época passada, ainda tenho pesadelos com o Kikas na Reboleira), fecha-se rápido, as linhas encurtam, e o bloco ganha corpo, alma e agressividade.
O Braga teve bola, é verdade, mas tirando uma (Navarro) ou outra ocasião de menor perigo, nunca conseguiu desmontar.
E é precisamente aí que está a força desta equipa, não precisamos dominar o jogo para o controlar.
Quando sentimos o toque, recuámos com inteligência, juntámos as linhas, pusemos músculo e entrámos no “jogo da espera”, aquele futebol de paciência e leitura. E quando chegou o momento, fomos letais. Basta um erro, um espaço mal coberto, e este Porto acelera e fere.
É um Porto pragmático, adulto e competitivo, que sabe sofrer, sabe esperar e sabe reagir.
Um Porto que transforma o desconforto em força e o silêncio em resposta dentro de campo.
Um Porto que domina mais do que uma forma para ganhar jogos, múltiplas armas, múltiplos perigos, vários caminhos para a vitória. Uma equipa bem treinada para responder em qualquer cenário que o jogo lhe ofereça, e que muito trabalho é preciso fazer para em meses conseguir isto.
O bloco defensivo é a fundação deste crescimento, e quem quiser travar o Porto terá de saber feri-lo no último terço, porque enfrentar este Porto de frente é suicídio tático. É estar sempre a espera de morrer numa transição ou numa bola parada. É um jogo armadilhado, tal como víamos nas boas e velhas equipas italianas.
Ainda há caminho a percorrer no processo ofensivo, sim, mas as equipas que lutam por títulos começam sempre por saber defender.