Escrevi isto, no final da primeira época.
Fiquei comovido com o Ares, foi um ano difícil (época do Covid) e ele acabou por passar a época longe da família e focado nos objetivos do clube. Quando a época terminou o homem estava mesmo comovido.
Pessoalmente gosto dele. Lembro-me que tinha algumas dúvidas, creio que ele vinha do hoquei feminino ou algo do género, mas foi realmente um bom treinador que passou por cá.
Tenho pena que saia, melhor não vamos ficar de certeza absoluta. Mas pronto... Felicidades para ele.
Com Ares, a cordilheira dos finais felizes.
Polos de emoção no deleite das grandes vitórias, dos grandes títulos.
Quando chegou, conhecia pouco, desconfiei muito.
Um sentimentalão “escondido” que absorveu e encarnou Porto, sintonizando com a secção.
Inteligência tática prática em coragem libertadora.
Soltou o individual ofensivo para (tentar) colar ordem coletiva.
No seu circular de substituição, amplitude e fundos laterais com chegadas ao terceiro homem e rasgos de primeiro toque.
Faltou tirar talvez mais e mais vezes de detrás da baliza.
Defensivamente, sem trabalho de tanto detalhe, pagou demais a predisposição de todos para defenderem juntos exponenciando fragilidades no corredor central.
Metralhou como grafonola incessante no banco, gelando cabeça nos timeouts e pedindo astúcia.
Nas decisões, detectou e decifrou adversários, no seu frágil, convencendo a jogar e gerir “outro jogo”, não olhando a nomes, para arrebatar títulos de sonho em casa alheia. Contra-marca de autor.
No tumulto das crises e contestação, no desgaste da rotina, nunca quis que saísse.
Mais que uma vez, a grandeza de regressar com a equipa quando pareciam mortos.
Conseguiu unir e reunir para uma linha mais humilde e de compromisso, jogando pelo companheiro.
O denominador comum de várias equipas técnicas que teve.
E o contraditório de talvez ser mesmo o melhor estilo de liderança (tática e emocional) para tirar mais dos perfis de qualidade e vontade individuais deste plantel.
Por cima das desilusões, as tantas alegrias do jogo, dos golos, dos troféus. 3 campeonatos em 4 anos, com PO! Mais as várias taças e a inesquecível...O tesouro maior da mais apetecível e inalcançável Champions depois de um deserto agoniante de 33 anos. Impagável.
Os registos a eternizar resultados. A memória a perpetuar emoções.
Tocou o coração.
Sai agora, melhor treinador, pela porta grande que fica aberta para um dia voltar (como dirigente?!)
A despedida foi rasgante. Com um título duríssimo e deliciosamente “impensável” que amplifica as saudades de todas as conquistas. Grande!