Escrevo estas palavras com a perfeita noção de que poucos as lerão; mas, fruto da minha profissão, sei bem que o luto é a experiência individual mais colectiva de todas, e que a partilha é o melhor instrumento para o apaziguamento singular.
Hoje parte um dos maiores de todos nós, portistas. Será impossível às gerações futuras definir os valores do portismo — da cidade e do clube — sem mencionar as qualidades inegáveis de Jorge Costa. A sua garra, a sua seriedade, o seu compromisso e o seu profissionalismo são icónicos. Jorge Costa não foi apenas um jogador que venceu tudo pelo clube do coração; foi alguém que nos fez acreditar que nós também podíamos vencer. Nunca me senti um adepto submisso a uma estrela; Jorge era um de nós, teve o privilégio de vencer connosco.
Ele personificou o meu portismo de infância. Não é exagero dizer que construí a minha postura como adepto — como portuense — à volta do simbolismo inerente à figura do “Bicho”. Duro, mas sério. Imparável, mas responsável. Um mito que tive o privilégio de testemunhar em vida
Penta. UEFA. Champions. Mas o egado de Jorge Costa ultrapassa os títulos.
Hoje, o FCP ergue-se gigante sobre os ombros de Homens como tu.
Hoje, eu sou portista graças ao teu exemplo.
Amanhã, os meus filhos serão portistas, apoiados na história de Homens como tu.
Estou desolado.
Obrigado, Jorge Costa.
Imortal.
2.