Isto nunca configurará coação em termos disciplinares, e para esse efeito é irrelevante o que escreva o árbitro no relatório sobre o que sentiu quando confrontado com aquilo (e eu tenho para mim que ele apenas verteu para o relatorio o sucedido e mais nada quanto a estados de alma), pois para sê-lo tinha de haver violência física ou moral (ameaça de mal importante - um ex corriqueiro: para além das imagens, constava um papel em cima da secretária com um aviso "ou te portas bem ou tratamos-te da saúde no fim).
Isto vai ficar na alçada de uma das normais gerais e abstractas do Regulamento Disciplinar que serve para tudo o que não é regulado de forma específica e cuja sanção não passa de uma mera multa.
Isto nem sequer é passível de discussão.
Qualquer estudante de direito responde a isto facilmente.
Quando ao sucedido, acho que foi um enorme erro.
Para além de ser um jogo em que não há grande capital de queixa do nosso lado, tirou o foco dos graves erros de arbitragem que têm beneficiado os rivais, permite que o sector da arbitragem se vitimize, leva a que o FCP perca autoridade quando criticar tentativas de condicionamento de arbitragem por parte de outros e abre uma brecha com um aliado.
O clube não deve comportar-se como um troll de redes sociais mesmo que isso divirta a muitos.
Depois do que sucedeu este fim de semana em Alvalade e Guimarães e durante a semana passada na Luz contra o Tondela, era o momento para marcarmos uma conferencia de imprensa e expor toda esta escandaleira que se tem passado com a arbitragem (com os casos todos) e arrasar quem tem procurado branquear esta realidade, mentindo e deturpando por forma a manipular a opinião pública.
Para alem disso, meter isto na imprensa estrangeira para dar repercussão internacional.
Concordo contigo, na análise jurídica, isto nunca configurará coação. Não há violência física, nem ameaça, nem tentativa de influência direta.
Foi um ato simbólico, sem contacto, sem palavras, sem pressão.
No máximo, encaixa-se naquelas normas elásticas.
Portanto sim, discutir consequências graves é pura ficção.
Agora, onde divirjo um pouco de ti é na leitura estratégica.
Concordo que a reação foi tempestiva, talvez até emotiva, feita durante um jogo, mas também acho que tinha de acontecer.
O silêncio já não era opção.
O ambiente montado nas últimas semanas, com o Regime e o Esportiva a serem beneficiados jogo após jogo, com todos os meios mediáticos a branquear os erros e a vender a ideia de que “está tudo bem”, pedia uma resposta forte, visível e disruptiva.
Se o Porto faz uma conferência de imprensa, fria, bem argumentada, com vídeos e factos, o resultado seria o mesmo:
“Lá estão os do Porto a choramingar.”
“Queixinhas.”
“Pressão sobre os árbitros.”
Ou seja, qualquer forma de reação seria rotulada da mesma maneira, porque, na minha opinião, o que incomoda não é o gesto, é o Porto reagir.
O spin mediático já vem pré-fabricado. Como tu até sabes melhor do que eu.
A diferença é que desta vez, a resposta foi simbólica, visual, mas mexeu-lhes diretamente e por isso, causou tanto barulho.
A tal “televisão impossível de desligar” valeu, para mim, mais do que dez comunicados escritos no site.
No fim, sim, vai dar numa multa e num escarcéu artificial que morre em dias.
Mas pelo menos ficou o sinal de que o Porto não se cala, nem está confortável com o ser prejudicado, e isso, neste contexto, era mais importante do que ficar a parecer sereno enquanto nos vão empurrando jogo após jogo.