O bom da economia é que não é um sistema estático e a dinâmica industrial pode ser moldada por decisões estratégicas e investimentos direcionados. A Europa ainda mantém setores de elevado valor acrescentado, como a biotecnologia, farmacêutica e serviços financeiros - apesar do Brexit - maquinaria, aeronáutica, setor de luxo... Falta-nos é uma política industrial robusta com capacidade de antecipação e adaptação às novas tendências. O setor energético é um exemplo paradigmático disso: em vez de termos assumido uma posição de liderança, fizemos a transição ao contrário, alterando no consumo e não na produção, porque esta continua a ser ditada por gigantes norte-americanas, prolongando a dependência em modelos tradicionais (fósseis).
Os EUA e a China apostaram agressivamente em políticas industriais expansionistas, sustentadas por incentivos massivos à inovação e produção doméstica. A Europa, como referi, restringe as empresas internas, mas não aplica as mesmas restrições a quem exporta para cá. Se queres recuperar um papel de destaque, tens de adotar medidas que serão necessariamente "anti mercado-livre".
Exemplo prático: O setor dos semicondutores depende largamente das importações chinesas, quer pelas matérias-primas, como em todo o processo de fabrico e montagem. Tens uma solução alternativa muito mais próxima e que nos permitiria ser "independentes": África. A UE é um carebear que manda dinheiro para todos os países africanos, mas contrapartidas zero, enquanto outros enfiam lá IDE, em que a componente social é apenas laboral, precário, mal pago e inseguro. Porque não sermos o principal agente de transformação em África, com investimentos que também tragam retorno para a Europa? Tornavas a Europa no principal ator em todo o mercado tecnológico.