Democracia? Trata-se de um regime supremacista étnico e religioso, colonial, que mantém sob ocupação ilegal (sucedem-se os votos de condenação na ONU) um outro povo num sistema de apartheid. Uma espécie de democracia, sobretudo para os judeus israelitas. Para mais nesta sua iteração extremista, sob o comando de alguém a quem foi emitido um mandado de captura internacional por crimes de guerra e crimes contra a humanidade.
Tão pouco se trata de uma guerra convencional, como acontece na Ucrânia. Passado um ano sobre o início do conflito, tendo arrasado Gaza, contra quem continua Israel a lutar? Ainda não conseguiu derrotar uns quantos milhares de guerrilheiros e resgatar os reféns?... Que guerra é essa em que a esmagadora maioria das vítimas são civis, nenhuma infraestrutura é poupada, seja ela hospital ou escola, e nem sequer a ajuda humanitária é permitida? Quando se arrasa o sistema de saúde, se restringe o consumo de alimentos ao ponto da inanição, se impossibilita a actuação de organizações humanitárias (matando os seus funcionários e tornando impossíveis as suas funções), se força milhares e milhares ao deslocamento constante sem que se encontre sítio seguro... contra quem é feita a guerra? Contra o Hamas? Contra toda a população? Ok... é uma guerra. E é também um limpeza étnica, plausivelmente um genocídio, como afirma o ICJ e a Amnistia Internacional.
Nós, no mundo ocidental, temos dificuldade em categorizar o que se passa em Gaza de limpeza étnica ou genocídio por o perpetrador ser um dos nossos aliados. Compreende-se que muitos actores sintam embaraço, até porque alguns fornecem armamento à matança. O mandado de captura de Putin é bom, mas o que impende sobre Netanyahu já... enfim... temos de ir com calma, não é bem assim... é complexo.
Sobre isto, a história fará o seu julgamento. A história possível, já que Israel não permite a entrada dos média estrangeiros em Gaza. Porque será...
