Tens 4 ou 5 jogadores que produzem resultados, o resto não produz. Não produziram com Anselmi, tal como com VB e... não produziram com Sérgio Conceição.
Concordo totalmente não querer tapar o sol com a peneira. Então vamos a números:
Na última época do Sérgio, com uma equipa "trabalhada nos últimos 7 anos", sofremos 0.80 golos por jogo com uma equipa que tinha Galeno, Nico, Varela, Francisco, Evanilson.
Com Anselmi, em 15 jogos, sofremos uma média de 1 golo por jogo. Tiveste um outlier com o Benfica onde sofres 27% dos golos desta amostra. Depois tens casos como contra o Vitória em que o Djaló para não levar vermelho não faz falta e dá golo. Tens casos como contra o Rio Ave em que jogadores, sem pressão, fazem merda e dão 2 golos. Só aqui, nestes 3 golos estúpidos... Já tinhas uma performance igual à do Sérgio (0.80). Houve pelo menos 3 ou 4 outros golos assim. Ainda agora no Mundial.
Portanto, se o Anselmi, sem pré-época, sem jogadores que têm uma forte componente defensiva mas com qualidade conseguia ter uma performance igual à do Sérgio... Quer dizer que também não havia competência com o Sérgio?
Surpresa das surpresas... O VB também tinha uma média de sofrer 0.78 golos por jogo.
Portanto o Sérgio tinha 0.80, o VB tinha 0.78 e o Anselmi tem 1.0 com inúmeros erros estúpidos.
Estão todos mal? Agora temos que jogar com 11 trincos para não sofrer golos ou podemos dizer que os jogadores são merda? Acima de qualquer táctica, são merda?
Pepê, Franco, Eustáquio, Zé Pedro, João Mário são sim parte dos culpados da situação onde estamos. Queres mais? Fábio Vieira, Namaso, Otávio. Varela que não consegue fazer um passe a 5 metros.
Portanto para ti é fácil: É só não meter 9 jogadores.
Desculpa dizer-te isto assim mas és um pateta. Estás a exigir qualidade, compromisso e atitude e ao mesmo tempo a defender Pepê, Franco, Eustáquio, Zé Pedro, João Mário, Fábio Vieira, Namaso, Otávio, Varela...
Fazes todo o sentido. Esses jogadores são o apex da qualidade, compromisso e atitude num jogador do futebol. o Ex-libris diria eu. Deviam até ter fotografias no museu e tudo.
Não estou aqui para defender jogadores que enfim, e parece que não foi perceptível para ti exatamente o que quis dizer. O problema não está apenas nos jogadores serem “curtos” tecnicamente — o maior problema é o papel que lhes é atribuído dentro de campo, muitas vezes incompatível com as suas qualidades reais, e a exigência tática que lhes é imposta por um treinador que claramente não sabe aproveitar o que tem à disposição. Ou não quer - o que ainda é pior.
A última época do Sérgio Conceição foi uma aberração — foi um autêntico desastre. O desgaste natural após tantos anos no comando era evidente e o ciclo deveria ter terminado antes dessa última época. Mas por ser uma aberração não devia servir como comparativo para nada, mas mesmo assim, por mais esgotado que o SC estivesse não podíamos dizer que não sabíamos "como e ao que jogávamos". Hoje vemos malta que quer defender o Anselmi a pedir extremos quando ele nem os utiliza, tal é a confusão que reina.
Quanto ao VB e ao Anselmi, são erros de casting puros e simples. Não é só uma questão de falta de resultados; é uma questão de visão e capacidade técnica. Não se pode esperar que o FC Porto cresça e se imponha com quem não tem plano, nem estratégia clara.
Já tentei explicar várias vezes, na minha opinião, mostrando por A + B, o quão falhado é a ideia de jogo do FC Porto do Anselmi.
Centrais constantemente expostos a bolas nas costas e um meio-campo que, em várias fases do jogo, está completamente desligado do resto da equipa. Um meio-campo que não oferece linhas de passe, que raramente se posiciona entre linhas, que não pressiona alto com critério nem baixa em bloco coeso. A bola circula entre centrais, vai ao guarda-redes, volta aos centrais… e quando finalmente tentamos ligar ao meio, há um vazio — de movimentos, de ideias.
O futebol exige adaptação — dentro da tua ideia, sim, mas com desdobramentos claros e treinados. Se não há isso, não tens um sistema, tens teimosia pura e dura.
E é aqui que o Anselmi falha completamente. Podes até ter uma ideia no papel que parece boa, mas se os teus centrais não têm saída curta, se o meio-campo não segura a bola, e se jogar com linha alta com jogadores lentos é suicídio… então, como treinador, o teu dever é proteger a equipa, não insistir no erro, não repetir comportamentos que já sabes que vão partir-te a equipa.
Quem está no banco tem de perceber onde dói e meter gelo. Não pode insistir no que já está partido. Isso não é convicção, é imprudência.
Podes entrar com uma boa ideia, mas se o jogo te dá outra coisa, tens de reagir. Tens de ajustar o bloco, mudar a pressão, trocar dinâmicas, fazer substituições a tempo. Tens de ler o jogo, sentir o momento e proteger a equipa.
E o que mais choca neste FC Porto não é perder — perder faz parte do jogo — mas perder sempre da mesma maneira, jogo após jogo. Levar com a mesma jogada 3, 4 vezes por partida. Os mesmos espaços abertos. As mesmas perdas no meio-campo. E ninguém corrige.
O FC Porto atual não tem jogo posicional. Tem uma ideia desconectada do contexto competitivo em que se insere. Chamar “jogo posicional” a uma equipa que só tenta ligar dois passes a partir do pontapé de baliza e depois vive de contra-ataques sem critério é esticar o conceito até rebentar.
Não há ocupação racional dos espaços. Não há apoios interiores. Não há zonas de criação definidas. Há bolas perdidas, um meio-campo em inferioridade constante, jogadores perdidos que não sabem se pressionam ou recuam, e uma linha defensiva que sobe no terreno… e depois “meu Deus” perdermos a posse de bola.
Quando a bola é perdida — que é com demasiada frequência — o que vemos é um campo partido, sem coberturas, sem reação organizada, jogadores a correr desordenadamente para trás. Isto não é um modelo, é uma armadilha tática montada por quem não entendeu as limitações (e as capacidades) do seu grupo.
Não é o sistema de 3 centrais que é mau. Pode-se ganhar com 3, 4 ou 5 atrás. O que importa é treinar bem, perceber o grupo e construir a partir do que tens, não fingir que jogas futebol moderno só porque metes um lateral por dentro e um central a abrir.
Isto não é fruto do acaso, mas sim da incompetência da liderança técnica que insiste em manter um modelo de jogo que não resulta, mal planeado e mal executado, mesmo quando os resultados mostram claramente que não funciona. Esta gestão tática destrói a moral dos jogadores e mina a confiança do grupo.
Sem uma mudança radical, não vai haver melhoria. É preciso coragem para assumir erros, limpar o plantel, mudar o treinador e implementar um projeto coerente, moderno e ambicioso. Continuar a insistir nesta mediocridade é um crime contra a história do FC Porto e contra os seus adeptos.