BENFICA
«Um punhado de notas, uma prostituta no quarto de hotel
» - 17 anos depois, Tapie fala do golo de Vata com a mão ao Marselha
Bernard Tapie, histórico antigo presidente do Marselha, recordou em entrevista ao LEquipe a eliminatória diante do Benfica, em abril de 1990, decidida a favor dos portugueses com golo de Vata, obtido com a mão.
Hoje com 74 anos, o homem que devolveu o Marselha aos títulos, na década de 1980, e acabou suspenso por um processo de corrupção, coloca em causa a honestidade do árbitro e a atuação do Benfica nessa célebre meia final da Taça dos Campeões Europeus.
«Vou dizer-te uma coisa grave. Quando o Vata nos eliminou, marcando com a mão, fiquei absolutamente convencido de que o árbitro o viu. Como o golo foi validado, não posso pensar noutra coisa que não em desonestidade, algo como um arranjinho por um punhado de notas, um presente, uma prostituta enviada ao seu quarto de hotel, ou qualquer das situações que estamos habituados a referir nestes casos», disse o empresário.
Tapie, que entrou em contacto com os jornalistas do LEquipe depois de ler uma reportagem na edição de terça-feira do jornal francês sobre o fim da ligação entre o clube que presidiu e a Adidas, acabou rapidamente a falar de outros assuntos, em concreto os problemas com a arbitragem. E os jogos Benfica-Marselha, de 1990, e o Barcelona-PSG desta temporada (6-1) estão no centro das suas atenções.
«Não há dúvida alguma de que o árbitro errou, de que o fez inconscientemente. Os árbitros são homens, apaixonados pelo futebol como eu e tu, muitas vezes ao longo de dezenas de anos. Deixam-se fascinar por certos jogadores e certos clubes. És alemão, arbitras o PSG Barcelona e é óbvio que PSG não te diz nada, nada. O clube não faz sonhar, é o Barcelona que te faz sonhar, não o PSG. Quando o Cavani brilha isso não acaba com o que é Messi. Sobretudo quando o clube mítico joga em casa», refletiu.
Retomando a ligação ao jogo com o Benfica, e para frisar o que disse sobre a importância mediática dos clubes e dos seus jogadores, Tapie recorreu à própria experiência enquanto líder do Marselha: «Depois do jogo com Benfica eu disse percebi e toda a gente gritou que eu ia começar a pagar a árbitros. Na verdade, contratei Franz Beckenbauer uns meses mais tarde, foi nosso treinador algum tempo e depois passou a diretor desportivo. Era incrível! Os árbitros pediam-lhe autógrafos na bola de jogo. Beneficiámos muito da sua incrível notoriedade. Deu-nos o seu prestígio e, é verdade, os clubes grandes são favorecidos».