Mais uma vez, para ficar bem esclarecido: a fase inicial de contaminação de médicos não decorreu em meio hospitalar. Os primeiros casos em médicos não foram reportados em meio hospitalar e sim adquiridos no exterior.
Na fase posterior, de transmissão comunitária activa, verificou-se sim transmissão de e para médicos e utentes.
Já em fase de mitigação, que se iniciou a 16/03 ainda existiam serviços (plural) de urgência neste país onde os profissionais eram desaconselhados ou proibidos de usar máscara.
Já agora, transcrevo a alínea relevante da Norma da DGS de 16/03: 3.Durante a pandemia COVID-19 todos os profissionais de saúde devem utilizar, de forma responsável, máscara cirúrgica quando em contacto direto com doentes.
https://www.umpassoafrente.pt/
Podes não reconhecer legitimidade a esta plataforma, ou às declarações dos responsáveis das ordens e sindicatos, ou às notícias em diversos jornais, ou às declarações dos profissionais nos terrenos, mas verificam-se repetidamente carências em diversos postos neste país. E uma escassez de Norte a Sul será também causada pela distribuição central. Mais, dado o intervalo que separou Portugal da China e primeiros focos infecciosos na Europa, houve tempo para menorizar estas carências, e não realizarem aquisições já durante a 1ª fase de mitigação (ver contratos no BASE).
Devem existir máscaras cirúrgicas disponíveis para todos os profissionais de saúde, em número suficiente para ser trocadas no fim do período de vida útil (e não recicladas com técnicas artesanais e reutilizadas, que é o que se verifica em quase todo o lado, vulgo política de uma máscara por dia/turno). O uso de FFP2 reserva-se para risco elevado de transmissão de partículas como sejam procedimentos invasivos/geradores de aerossóis. Para quem não sabe, os esternutos e a tosse também emitem gotículas, logo também geram partículas aerossolizadas. Num contexto de transmissão intracomunitária, todos os doentes com quadro respiratório serão potencialmente COVID, logo devem ser empregues FFP2 no seu manuseio.
Consultar a norma 007/2020 da DGS de 29/03.
Tenho dificuldade em aceitar que, por preconceito às classes, não se perceba que os profissionais de saúde só querem ter as melhores condições de trabalho e segurança para si e para os que os envolvem e, pejorativamente, se denominem de "necessidade de protagonismo".
O aproveitamento político é um fenómeno secundário para a maior parte das pessoas que trabalham na prestação de cuidados aos doentes. É um fenómeno muito mais prioritário para outros profissionais que trabalham nos hospitais.