F. C. Porto...
Fds <3Nuno Martins disse:F. C. Porto...
O F.C.Porto nunca morrerá.Nuno Martins disse:F. C. Porto...
Força neste momento difícil. Os meus sentimentos.Mike_Walsh disse:Foi hoje a enterrar, aos 85 anos, um grande portista. Um grande portista a quem devo tudo o que sou hoje. Um grande portista que desde muito cedo começou a levar-me pela mão ao Estádio das Antas e que introduziu em mim a paixão da minha vida, o FC do Porto.
Sabem, eu chamo-me Ricardo, mas ele às vezes chamava-me Nuninho. Era o único quer me chamava Nuninho. Quando queria chamar-me à atenção. Quando queria que eu percebesse que me portara mal. Quando chegava de jogar futebol no Campo do Inatel, encharcado, depois das 8 horas da noite.
Lembro-me vagamente de estar ao lado dele num FC do Porto - Varzim, não sei quando, em que vencemos por 5-1. Lembro-me de como ganhámos ao Barreirense e fomos campeões em 1979. Calor infernal e eu, por ter apenas 7 anos, não consegui ver um minuto que fosse do jogo.
Lembro-me da final da Taça de Portugal de 1983, que foi no Estádio das Antas depois de uma polémica enorme. Ele não queria ir, porque os bilhetes mais baratos custavam 750 escudos e eram no peão, mas tanto o chateei que ele acabou por aceder. Acabámos por perder com um golo o Carlos Manuel e ele, furioso por eu o ter convencido a ir, avisou-me que na época seguinte não íamos ao futebol. Logo aquilo de que mais gostava na vida - ele ia logo de manhã deixar o carro junto ao Estádio das Antas, vinha de autocarro para casa e íamos também de autocarro para o Estádio - o "78" de dois andares que subia a Av. da Boavista.
A verdade é que desde cedo tive de começar a ir sozinho para o futebol. Ele deixou de ir, mas no dia 3 de Abril de 1986, uma quinta-feira, foi deixar-me pela manhã no Estádio das Antas. A minha avó acabara de morrer em minha casa e ele quis afastar-me daquele ambiente. Passei o dia por lá sem saber que a minha avó tinha morrido. Vi o treino, no final esperei pelos jogadores. O Futre e o Madjer deram-me um autógrafo, o Artur Jorge cumprimentou-me educadamente. Almocei no restaurante da Piscina e durante a tarde deambulei pelo pavilhão, vazio, e pelo campo de treinos que ficava nas costas da Arquibancada. Quando ele chegou, perguntei-lhe: «Como está a avó?» Respondeu-me: «Está a descansar». Percebi. Fomos para casa.
30 anos depois, nesta quinta-feira chuvosa do mês de Abril, mês da liberdade, ele libertou-se das algemas que o prenderam a uma cama nos últimos 3 anos e que lhe retiraram a lucidez e a dignidade mínima que qualquer ser humano merece. Nasceu e morreu anónimo, mas quando olho para as minhas filhas, vejo que a sua obra foi grande e nunca irá morrer.
Foste grande, pai. Obrigado por tudo.
Os meus pêsames Mike, Força!Mike_Walsh disse:Foi hoje a enterrar, aos 85 anos, um grande portista. Um grande portista a quem devo tudo o que sou hoje. Um grande portista que desde muito cedo começou a levar-me pela mão ao Estádio das Antas e que introduziu em mim a paixão da minha vida, o FC do Porto.
Sabem, eu chamo-me Ricardo, mas ele às vezes chamava-me Nuninho. Era o único que me chamava Nuninho. Quando queria chamar-me à atenção. Quando queria que eu percebesse que me portara mal. Quando chegava de jogar futebol no Campo do Inatel, encharcado, depois das 8 horas da noite.
Lembro-me vagamente de estar ao lado dele num FC do Porto - Varzim, não sei quando, em que vencemos por 5-1. Lembro-me de como ganhámos ao Barreirense e fomos campeões em 1979. Calor infernal e eu, por ter apenas 7 anos, não consegui ver um minuto que fosse do jogo.
Lembro-me da final da Taça de Portugal de 1983, que foi no Estádio das Antas depois de uma polémica enorme. Ele não queria ir, porque os bilhetes mais baratos custavam 750 escudos e eram no peão, mas tanto o chateei que ele acabou por aceder. Acabámos por perder com um golo do Carlos Manuel e ele, furioso por eu o ter convencido a ir, avisou-me que na época seguinte não íamos ao futebol. Logo aquilo de que mais gostava na vida - ele ia logo de manhã deixar o carro junto ao Estádio das Antas, vinha de autocarro para casa e íamos também de autocarro para o Estádio - o "78" de dois andares que subia a Av. da Boavista.
A verdade é que desde cedo tive de começar a ir sozinho para o futebol. Ele deixou de ir, mas no dia 3 de Abril de 1986, uma quinta-feira, foi deixar-me pela manhã no Estádio das Antas. A minha avó acabara de morrer em minha casa e ele quis afastar-me daquele ambiente. Passei o dia por lá sem saber que a minha avó tinha morrido. Vi o treino, no final esperei pelos jogadores. O Futre e o Madjer deram-me um autógrafo, o Artur Jorge cumprimentou-me educadamente. Almocei no restaurante da Piscina e durante a tarde deambulei pelo pavilhão, vazio, e pelo campo de treinos que ficava nas costas da Arquibancada. Quando ele chegou, perguntei-lhe: «Como está a avó?» Respondeu-me: «Está a descansar». Percebi. Fomos para casa.
30 anos depois, nesta quinta-feira chuvosa do mês de Abril, mês da liberdade, ele libertou-se das algemas que o prenderam a uma cama nos últimos 3 anos e que lhe retiraram a lucidez e a dignidade mínima que qualquer ser humano merece. Nasceu e morreu anónimo, mas quando olho para as minhas filhas, vejo que a sua obra foi grande e nunca irá morrer.
Foste grande, pai. Obrigado por tudo.
Força!Mike_Walsh disse:Foi hoje a enterrar, aos 85 anos, um grande portista. Um grande portista a quem devo tudo o que sou hoje. Um grande portista que desde muito cedo começou a levar-me pela mão ao Estádio das Antas e que introduziu em mim a paixão da minha vida, o FC do Porto.
Sabem, eu chamo-me Ricardo, mas ele às vezes chamava-me Nuninho. Era o único que me chamava Nuninho. Quando queria chamar-me à atenção. Quando queria que eu percebesse que me portara mal. Quando chegava de jogar futebol no Campo do Inatel, encharcado, depois das 8 horas da noite.
Lembro-me vagamente de estar ao lado dele num FC do Porto - Varzim, não sei quando, em que vencemos por 5-1. Lembro-me de como ganhámos ao Barreirense e fomos campeões em 1979. Calor infernal e eu, por ter apenas 7 anos, não consegui ver um minuto que fosse do jogo.
Lembro-me da final da Taça de Portugal de 1983, que foi no Estádio das Antas depois de uma polémica enorme. Ele não queria ir, porque os bilhetes mais baratos custavam 750 escudos e eram no peão, mas tanto o chateei que ele acabou por aceder. Acabámos por perder com um golo do Carlos Manuel e ele, furioso por eu o ter convencido a ir, avisou-me que na época seguinte não íamos ao futebol. Logo aquilo de que mais gostava na vida - ele ia logo de manhã deixar o carro junto ao Estádio das Antas, vinha de autocarro para casa e íamos também de autocarro para o Estádio - o "78" de dois andares que subia a Av. da Boavista.
A verdade é que desde cedo tive de começar a ir sozinho para o futebol. Ele deixou de ir, mas no dia 3 de Abril de 1986, uma quinta-feira, foi deixar-me pela manhã no Estádio das Antas. A minha avó acabara de morrer em minha casa e ele quis afastar-me daquele ambiente. Passei o dia por lá sem saber que a minha avó tinha morrido. Vi o treino, no final esperei pelos jogadores. O Futre e o Madjer deram-me um autógrafo, o Artur Jorge cumprimentou-me educadamente. Almocei no restaurante da Piscina e durante a tarde deambulei pelo pavilhão, vazio, e pelo campo de treinos que ficava nas costas da Arquibancada. Quando ele chegou, perguntei-lhe: «Como está a avó?» Respondeu-me: «Está a descansar». Percebi. Fomos para casa.
30 anos depois, nesta quinta-feira chuvosa do mês de Abril, mês da liberdade, ele libertou-se das algemas que o prenderam a uma cama nos últimos 3 anos e que lhe retiraram a lucidez e a dignidade mínima que qualquer ser humano merece. Nasceu e morreu anónimo, mas quando olho para as minhas filhas, vejo que a sua obra foi grande e nunca irá morrer.
Foste grande, pai. Obrigado por tudo.
Os meus sentimentos!Mike_Walsh disse:Foi hoje a enterrar, aos 85 anos, um grande portista. Um grande portista a quem devo tudo o que sou hoje. Um grande portista que desde muito cedo começou a levar-me pela mão ao Estádio das Antas e que introduziu em mim a paixão da minha vida, o FC do Porto.
Sabem, eu chamo-me Ricardo, mas ele às vezes chamava-me Nuninho. Era o único que me chamava Nuninho. Quando queria chamar-me à atenção. Quando queria que eu percebesse que me portara mal. Quando chegava de jogar futebol no Campo do Inatel, encharcado, depois das 8 horas da noite.
Lembro-me vagamente de estar ao lado dele num FC do Porto - Varzim, não sei quando, em que vencemos por 5-1. Lembro-me de como ganhámos ao Barreirense e fomos campeões em 1979. Calor infernal e eu, por ter apenas 7 anos, não consegui ver um minuto que fosse do jogo.
Lembro-me da final da Taça de Portugal de 1983, que foi no Estádio das Antas depois de uma polémica enorme. Ele não queria ir, porque os bilhetes mais baratos custavam 750 escudos e eram no peão, mas tanto o chateei que ele acabou por aceder. Acabámos por perder com um golo do Carlos Manuel e ele, furioso por eu o ter convencido a ir, avisou-me que na época seguinte não íamos ao futebol. Logo aquilo de que mais gostava na vida - ele ia logo de manhã deixar o carro junto ao Estádio das Antas, vinha de autocarro para casa e íamos também de autocarro para o Estádio - o "78" de dois andares que subia a Av. da Boavista.
A verdade é que desde cedo tive de começar a ir sozinho para o futebol. Ele deixou de ir, mas no dia 3 de Abril de 1986, uma quinta-feira, foi deixar-me pela manhã no Estádio das Antas. A minha avó acabara de morrer em minha casa e ele quis afastar-me daquele ambiente. Passei o dia por lá sem saber que a minha avó tinha morrido. Vi o treino, no final esperei pelos jogadores. O Futre e o Madjer deram-me um autógrafo, o Artur Jorge cumprimentou-me educadamente. Almocei no restaurante da Piscina e durante a tarde deambulei pelo pavilhão, vazio, e pelo campo de treinos que ficava nas costas da Arquibancada. Quando ele chegou, perguntei-lhe: «Como está a avó?» Respondeu-me: «Está a descansar». Percebi. Fomos para casa.
30 anos depois, nesta quinta-feira chuvosa do mês de Abril, mês da liberdade, ele libertou-se das algemas que o prenderam a uma cama nos últimos 3 anos e que lhe retiraram a lucidez e a dignidade mínima que qualquer ser humano merece. Nasceu e morreu anónimo, mas quando olho para as minhas filhas, vejo que a sua obra foi grande e nunca irá morrer.
Foste grande, pai. Obrigado por tudo.