Custa-me ver o presidente neste estado. Durante muito tempo, o cenário de uma retirada de Pinto da Costa era fantasmagórico. É a maior figura da história e durante muito até se confundiu um bocadinho com o mesmo, tal o endeusamento - a meu ver, mais do que justificado. Gostava quando enganava os adversários. Deu-me gozo quando disse que não queria o Rodriguez e passado dias este estava a ser oficializado; é memorável também o jornal A Bola no tablier do carro a anunciar o Marco Ferreira na Luz.
Hoje temos o presidente a dizer que só paga comissões quando quer mesmo vender algum jogador. Logo após diz que lhe custou ver sair Hulk e Moutinho. Não entendo. As incongruências são muitas. Choca-me dizer que ficou com o Suk "nos braços"; que foi enganado no caso Adrian; ou que nunca mais autorizava um treinador a contratar um atleta que não conhecesse - passado meses, voilá Depoitre. Também me choca estar constantemente a disparar sobre antigos funcionários: de Angelino a Lopetegui, passando até por Villas-Boas, a pólvora não termina. Critica toda a gente. Fragiliza-se a ele próprio. Fragiliza o clube, sobretudo isso.
Uma das derrotas que mais me doeu na vida foi com o Barcelona, naquele final da Liga dos Campeões disputada num Pavilhão Rosa a ferver, sedento. Fomos roubados escandalosamente, perdemos e no fim os catalães nem puderam receber a taça. Certo é que também não tinham um João Pinto pronto a praticar basebol com os objetos que choviam da bancada. Nós também já não temos. Adiante. Triste com tudo aquilo, a minha tristeza, e a de muitos outros, foi amenizada com o simples facto de termos visto cá fora o presidente. Era o presidente. Que orgulho. O presidente resolve isto. O presidente vai proteger-nos. Era sobre-humano. Respiramos de alívio.
Proteja-nos outra vez presidente. Proteja-nos de si, se necessário. Volte a caminhar por entre nós, como na festa do título de Vitor Pereira, com a cabeça e o punho erguido. Esse indicador em riste, virado para nós, portistas, e para os funcionários que escolheu para continuar a escrever a nossa história, não o reconheço. Se para tudo isso tiver de haver uma "bomba" no nosso universo, parafraseando-o, "esperemos que ela expluda". Por hoje, expludamos com eles.