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35 E A SOMAR
A 15 de janeiro de 2018, a idade de Reinaldo García vai igualar o número de títulos que já conquistou
A 15 de janeiro terá 35 anos e 35 títulos. É uma enormidade, mas Reinaldo, Nalo para os amigos, sorri. Diz que não chega e projeta colecionar muitos mais, sem a pretensão de os escolher, mas com uma predileção especial por um que perdeu com FC Porto e já ganhou com o Barcelona. Começou tudo aos sete anos, quando aprendeu a patinar, e quase acabou aos 18, quando esteve a um passo de fazer as malas, deixar o Porto e voltar para a Argentina. Esta é a aventura de Reinaldo García contada num Passe de Letra.
O começo
Comecei a patinar aos sete anos. Quem me levou a praticar hóquei e a aprender a patinar foi o meu pai, que praticou quase todos os desportos: futebol, basquetebol
fez de tudo menos hóquei. Como tínhamos um clube de hóquei em patins perto de casa [o Rivadavia], ele levou-me para que eu experimentasse. Gostei e fiquei.
A marca de Gómez
Aprendemos sempre alguma coisa ou muita coisa com todos os treinadores, mas um treinador que me marcou muito foi o Miguel Gómez, que foi durante muitos anos selecionador da Argentina. Foi ele quem me pôs a jogar desde muito novo [no Olimpia] antes de vir para cá. Aprendi muito com ele e ele marcou muito a minha carreira.
Adeus, Argentina
Não foi fácil, mas eu tinha o sonho de jogar na Europa e tive a sorte e a oportunidade de o concretizar ainda com 18 anos. Sinceramente, não foi fácil. Nas duas primeiras semanas até pensei em desistir e voltar para o meu país, onde tinha os meus amigos e a minha vida, mas acabei por perceber que tinha que fazer um esforço para poder continuar, para concretizar este sonho. Hoje adoro cá estar.
No meio dos craques
Aquilo era uma equipa de craques, todos já jogadores formados, internacionais, com experiência. Sinceramente, tentava olhar para eles e aprender com cada um deles as coisas boas que tinham, que eram muitas. Cada um tinha a sua maneira de jogar e eu tentava aprender o mais que podia com todos eles. Gostava muito do Pedro Alves, do Paulo Alves, do Filipe Santos
Acho que gostava de todos. Eram os meus ídolos e o facto de poder jogar com eles foi muito bom, porque aprendi muito com eles.
Não há título como o primeiro
Se calhar, o mais importante terá sido o primeiro
Acho que foi o primeiro título que ganhei como sénior, foi esse que mais me marcou. Era a minha primeira época de sénior e ganhar logo o campeonato foi especial, até porque também marcou um pouco a minha carreira. No ciclo do deca, eu ganhei seis. Dificilmente outra equipa conseguirá fazer o mesmo.
Era de ouro
Acho que era o rigor nos treinos, a vontade, a raça
Foi um conjunto de fatores que fizeram com que o FC Porto estivesse sempre lá em cima e fosse decacampeão. Foi uma era de ouro, porque não é fácil conseguir uma sequência assim. A vontade que todos tinham de trabalhar, de melhorar a cada dia e a cada semana, fizeram com que ao final de cada época fossemos campeões.
Fânzeres ou Dragão?
São pavilhões totalmente diferentes. No de Fânzeres, como é mais pequeno, os adeptos estavam mais próximos do rinque e parecia que conseguiam multiplicar-se. Terá uma capacidade para 2.000 pessoas, mais ou menos, mas quando enchia parecia que estavam 5.000. Era arrepiante. Para nós era muito bom jogar lá, mas para os adversários
Acho que nenhum gostava de lá jogar. No Dragão Caixa também temos esse ambiente fantástico, mas os adeptos estão mais longe e não se conseguem fazer sentir como em Fânzeres. Adoro jogar no Dragão Caixa, sobretudo quando o público está a puxar por nós e a apoiar-nos. Isso ajuda muito a equipa a ganhar.
Contra o Barcelona, pelo Barcelona
Estive muitas vezes para ser campeão europeu pelo FC Porto. Numas vezes merecemos ganhar mais do que noutras e, noutras ainda, a sorte não esteve do nosso lado. Infelizmente não conseguimos ganhar. Umas vezes contra o Barcelona, outras contra o Follonica. Foi uma espinha que me ficou atravessada. Tinha ganho campeonatos, taças, supertaças e o que faltava era um título europeu, para o qual trabalhávamos muito. Quando consegui estar do outro lado, tive a felicidade de ganhar a Liga Europeia que eu tanto queria. A nível individual todos queremos ganhar o maior número de títulos possível e mais ainda quando são títulos tão importantes como a Liga Europeia. Agora que estou no FC Porto outra vez, essa é uma espinha que quero tirar, quero ganhar uma Liga Europeia pelo FC Porto. Anseio muito, trabalho muito para isso e Deus queira que isso se concretize um dia destes.
O título mundial
Perdi cinco finais do Campeonato do Mundo, todas contra a Espanha, e chegámos a um momento em que nos perguntávamos por que é que não conseguíamos ganhar. Mas a Espanha também teve jogadores e uma década de ouro em que ganhou tudo. Era difícil tirar-lhes aquele título. Finalmente, depois de tantos anos a perder finais, conseguimos ganhar o título mundial. Chegou tarde, passaram muitos anos para o conseguir, mas consegui. Foi um momento de glória indescritível.
Um fã na equipa
Quando ouço isto é
é muito bom. É bom, porque ser reconhecido por um jogador com a qualidade do Hélder Nunes é gratificante. É bom de ouvir. Eu também aprendo com ele, mesmo ele sendo muito mais novo do que eu, e espero que ele também tenha aprendido alguma coisa comigo.
Patinar aos 34
Felizmente já ganhei muita coisa, mas gostava de continuar a ganhar. O que se ganhou já está para trás, fica para a história, temos de continuar no presente e continuar a ganhar. Quantos mais títulos, melhor para mim. É assim que eu penso. Trabalho todos os dias para poder estar no meu melhor e para poder ajudar a equipa. No fundo, para continuar a crescer.
Os 35 títulos já conquistados por Reinaldo García: 1 Campeonato do Mundo, 1 Taça das Nações, 1 Copa América, 3 Ligas Europeias, 1 Taça Continental, 1 Taça Intercontinental, 7 Campeonatos Nacionais, 4 Taças de Portugal, 4 Supertaças de Portugal, 4 Ligas Espanholas, 2 Taças do Rei, 5 Supertaças de Espanha e 1 Liga Argentina.
Este Passe de Letra, da autoria de Alberto Barbosa, está na edição de dezembro da revista Dragões