Ricardo Pereira

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Paciência22

Superior
19 Agosto 2020
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Nasceu em Lisboa. Filho de quem?
Filho do senhor Domingos, que é natural de Cabo Verde e de Ermelinda Barbosa, natural da Guiné-Bissau. Eles conheceram-se em Portugal, apesar de o meu avô materno ser cabo-verdiano e a minha mãe ter estado em Cabo Verde também. Cresci com eles separados, desde que me lembro. Tenho quatro irmãos, três da parte do pai e um da parte da mãe. Sou o único filho de ambos. Tenho um irmão mais novo, os outros são todos mais velhos. Eu cresci com o meu irmão Paulo, filho da minha mãe e que é o mais velho, tem mais 17 anos que eu.

O que os seus pais faziam profissionalmente?
A minha mãe era escriturária na EPUL e o meu pai era encarregado de obras.

Cresceu com a sua mãe em que zona de Lisboa?
Em Benfica. Mas o meu pai esteve sempre presente. Ele vivia na margem sul, mas ia regularmente lá a casa ou eu ia passar o fim de semana na casa dele, com os outros irmãos.

Foi uma criança calma ou era reguila?
Nunca fui muito reguila, era muito certinho.

Gostava da escola?
Gostava da escola, não gostava era das aulas [risos].

O que dizia querer ser quando fosse grande?
Sempre jogador de futebol, sem qualquer dúvida.

Torcia por que clube?
Pelo FC Porto. Toda a gente estranhava eu ser de Lisboa e gostar do FC Porto, mas foi um pouco por influência do meu irmão mais velho, o Paulo, que era portista.

Ricardo Pereira em criança


D.R.

Começou a jogar à bola onde?
Na rua, perto de casa. Havia uma garagem que era a nossa baliza. Quando éramos mais, pegávamos em pedras para fazer de baliza. A infância foi passada a jogar à bola com os meus amigos.

Quem eram os seus ídolos?
O principal era o Thierry Henry. Depois também tive o Robinho, o brasileiro. Era mais o Thierry Henry, até porque havia algumas parecenças físicas, mas sobretudo porque jogava muito.

Quando e como começou a jogar num clube?
Comecei no Fofó, com sete anos. Um dos meus amigos com quem jogava na rua, que era mais velho, jogava lá e numa altura ele disse-me que ia haver captações e para ir. Fomos uns dois ou três e foi assim que começou.

Jogava em que posição?
Como avançado. Lembro-me que íamos começar as captações e esse meu amigo disse-me: “Diz que és ponta de lança” [risos]. E foi assim.

Aos 10 anos mudou-se para o Sporting, porquê?
Surgiu o interesse do Sporting ainda antes de acabar a minha terceira época no Fófó e, mesmo no final, apareceu o interesse do Benfica. A minha mãe é benfiquista, mas disse-me: “Tu é que vais decidir, não quero que aches que te influencio, a decisão vai ser tua que é para um dia mais tarde não disseres que foi por minha causa que foste outra coisa”. Acabei por escolher o Sporting, e bem, porque na altura em termos de formação era a melhor. Além de que os treinos da formação eram no Estádio Pina Manique, do Casa Pia, mesmo perto da minha casa e praticamente podia ir a pé para os treinos.

Ricardo com a mãe


D.R.

Ficou seis anos no Sporting. Quais as memórias mais marcantes desses anos?
Primeiro lembro-me da diferença de nível. No Fofó eu era praticamente o melhor jogador, cheguei ao Sporting e era mais um. A qualidade era muito alta. Lembro-me de torneios internacionais que íamos, em que jogávamos contra a Juventus, o Sevilha, etc. E outros em Portugal. Ficou marcado também o ano em que fomos campeões distritais num jogo contra o Benfica, em que o João Mário marcou golo no final e ganhámos 3-2. Mais tarde, recordo-me muito das viagens para a Academia. Juntámos-nos todos no café “Boia Verde”, e íamos todos juntos.

Algum treinador dessa altura que mereça referência?
Diria o Tiago Capaz. Gostei da maneira como treinava, era duro e exigente, mas, ao mesmo tempo, queria o melhor para nós e era fixe, era engraçado.

Aos 16 anos já tinha assinado contrato profissional?
Não. Recebi um subsídio nos últimos dois anos, de 50€ no 1º ano, e 100€ no 2.º. Havia pessoal que tinha contrato de formação com o Sporting e recebia mais, mas eu nunca cheguei a ter.

Porquê?
Porque só alguns tinham, de certa forma, os melhores da altura. Eu, na passagem de juvenil para júnior, fui dispensado do Sporting. Acharam que era melhor para mim sair porque se ficasse não ia jogar tanto.

Na final da Taça de Portugal, com o Benfica, em 2012/13


D.R.

O que sentiu?
Uma grande desilusão, no sentido de pensar que ia ser bem mais difícil conseguir o objetivo de ser jogador profissional. Nos anos anteriores à passagem de juvenil para júnior havia uns 10 jogadores que passavam a juniores, por isso eu tinha aquela esperança de que iria conseguir. Recordo que, no último jogo, jogámos no Olival contra o FC Porto, acabámos por perder o título nesse jogo e no final eu chorava pela derrota, mas também por saber que se calhar aquele seria o meu último jogo pelo Sporting. Vendo hoje, felizmente que acabou por ser.

Por que diz felizmente?
Porque foi muito bom para mim ter saído da casa da minha mãe, para ir viver para a Figueira da Foz, sem família. As coisas correram super bem. Sinto que cresci bastante a partir desse ano.

Já tinha empresário quando foi para a Naval?
Não. Só surgiu quando já lá estou, durante a época.

Então de onde veio a solução Naval, quando saiu do Sporting?
Através do próprio Sporting. Na reunião em que fui com a minha mãe, eles disseram que me ajudavam e deram-me a opção de continuar no Belenenses ou ir para a Naval 1.º de Maio.

Ricardo com a medalha da conquista da Taça de Portugal, a ser acarinhado pelos adeptos do Vitória


D.R.

Por que escolheu a Naval?
Julgo que o Belenenses na altura tinha alguns problemas financeiros, não sei bem por que acabei por escolher a Naval. Fui com mais dois colegas, também dispensados pelo Sporting. Fomos os três, vivemos no mesmo apartamento os três, com mais dois colegas de equipa.

Adaptou-se bem a viver sem a mãe e o mano mais velho por perto?
No início foi complicado. Lembro-me de falar com a minha mãe à noite, desligar e ficar a chorar, por estar longe. Não queria mostrar à minha mãe que estava triste porque sabia que ela ainda ia sofrer mais do que eu. Mas o ter de começar a ser mais responsável, o sermos nós a organizarmos-nos para as limpezas da casa, as compras, etc., foi bom para crescer.

Ainda estudava?
Sim. Cheguei a completar o 12.º ano, mais tarde, quando estava em Guimarães.

Como foi sair do Sporting, onde tinha todas as condições, para um clube como a Naval?
Foi fácil porque o nosso grupo era cinco estrelas, o pessoal recebeu-me muito bem, o treinador Luís Miguel Carvalho era dez estrelas, tanto que ainda mantenho contacto com ele. Claro que as condições não eram as mesmas, às vezes tínhamos de tomar banho de água fria, treinávamos num campo de outra equipa e tínhamos de ir numa carrinha, durante 15 minutos para chegar ao treino e muitas vezes eram colegas meus que conduziam a carrinha [risos]. A carrinha era de nove lugares e às vezes éramos 12 lá dentro. Foram bons momentos.

Assinou por quanto tempo com a Naval?
Eu era jogador do clube, mas não tinha contrato, nem me pagavam. Tínhamos almoço, jantar e dormida pagos, mas o resto, aquele dinheiro de bolso, era a minha mãe que dava.

No carro, com os irmãos da parte de pai


D.R.

Como surgiu o V. Guimarães na época seguinte?
Ainda fiz um ou outro treino com os seniores da Naval, o mister Luís Miguel tentou que eu assinasse contrato, mas a direção não optou por isso. No final da época surgiu o Vitória. O pessoal do Sporting chegou a falar em voltar, mas nada muito concreto e a minha mãe foi muito contra, do género: “Dispensaram-no e agora querem-no outra vez?” [risos]. E, com o interesse do Vitória, a mim também não me interessava muito voltar. Parecia-me que Guimarães seria o próximo passo certo. Aí já está envolvido o Pedro Falcão, que é meu empresário até hoje.

Foi para os juniores do Vitória ou foi logo para a equipa principal?
Fui para os juniores, assinei contrato de formação, passei a receber uns 300€. Vivia numa casa grande na parte de trás de um seminário de padres. Eu e os outros jogadores da formação do que vinham de fora. Devíamos ser uns 15 jogadores, dos 14 aos 17 anos. Havia um senhor que nos levava a comida ao almoço e jantar, e tínhamos uma senhora que fazia as limpezas.

Tantos jovens sozinhos numa casa, devia haver muita festa e muitas partidas, não?
Algumas, mas eu estava mais tranquilo, porque tinha um quarto só para mim na parte de baixo. Na parte de cima era onde havia mais quartos, mais juntos e onde nos juntávamos para as refeições. Recordo que andávamos todos na mesma escola, havia uma carrinha que nos vinha buscar e trazer.

Estava com 17 anos. Quando foi chamado pela primeira vez para treinar com a equipa principal?
Cheguei em agosto, assinei contrato de formação, como as coisas corriam bem propuseram um contrato profissional por volta de outubro, novembro e a partir dessa altura comecei a ser chamado pelo Rui Vitória para treinar com os seniores. Passei a treinar sempre com eles, mas jogava com os juniores. A minha primeira convocatória para um jogo da equipa principal julgo que foi contra o Benfica. Apesar de não ter jogado, lembro-me de ver aquele espetáculo todo da I Liga, as televisões, comecei a sentir o gosto daquela realidade que quase nem me parecia real.

Ricardo foi chamado para representar Portugal, pela primeira vez, na seleção de Sub 19

FRANCISCO PARAÍSO

Nessa época fez três jogos pela equipa principal. Recorda-se do primeiro em que participou?
Claro. O primeiro foi com o Paços de Ferreira, em casa, entrei 15 minutos. Não me lembro de estar nervoso. Joguei como extremo direito. Depois fui convocado para mais alguns em que não cheguei a jogar, e joguei no penúltimo jogo do campeonato que foi com o Feirense, fora, entrei quase aos 90 minutos, fiz uma assistência para golo e o jogo, entretanto, acabou. Uma grande festa, foi o Soudani quem marcou o golo e metade dos jogadores foram a correr ter com ele e a outra metade veio atrás de mim. [risos]. E fiz o último jogo do campeonato. A minha família foi ver e no dia do jogo estou à porta do hotel a falar com eles, chegou o Rui Vitória, apresentei a minha família, ele cumprimentou-os, virou-se para mim e perguntou: “Estás preparado?”; “Claro que sim”. Na minha ideia era preparado para entrar. Quando fomos para a reunião percebi que ia jogar a titular. Foi um jogo em casa, com a Académica. Apesar de termos perdido, o jogo correu-me muito bem.

Qual o valor do seu primeiro ordenado como profissional?
À volta de 1000€.

O que fez com o dinheiro?
Com o dinheiro que juntei tirei a carta de condução. E depois foi para o carro, um Fiat Grande Punto, cinzento.

Gostava de sair à noite, de ir a discotecas?
Era mais de sair quando estava na Figueira da Foz, em que íamos para os bares do centro da cidade. Mas sempre fui muito calminho. Em Guimarães não saía tanto, também já havia outro mediatismo e eles não facilitavam muito nessas coisas. As coisas corriam-me bem, comecei a ser mais conhecido, por isso tentava proteger-me nesse aspeto.

Namoros sérios, já havia?
No primeiro ano de Guimarães tive a minha primeira namorada mais a sério. Namorámos alguns anos, mas, entretanto, terminámos.

Gostou do Rui Vitória como treinador?
Gostei. Ele deu-me aquela confiança necessária, tirava a pressão aos jovens. Lembro-me de dizer: “Vai lá para dentro, faz como se estivesses nos treinos, que tudo vai correr bem”. Isto para um jovem que está a começar é importante, sentir que tem a confiança do treinador.

Ricardo (à esquerda) já no FC Porto, ao lado de Saido Berahino do West Bromwich Albion, durante um amigável de 2014


MATTHEW ASHTON

Foi o autor do golo que deu a Taça de Portugal, na final contra o Benfica de Jorge Jesus, em 2012/13. O que sentiu?
Foi um momento inesquecível. Ainda para mais na época que foi, em que o Vitória de Guimarães tinha dificuldades financeiras, a nossa equipa era praticamente nova, a maioria dos jogadores estava a fazer os primeiros jogos na I Liga, eram jogadores que não jogaram tanto em anos anteriores, por isso ainda teve mais significado.

Recorda-se do que o Rui Vitória vos disse ao intervalo, quando ainda estavam a perder 1-0?
Recordo-me que ele estava de bom humor, parecia que estávamos a ganhar o jogo. Ele dizia: “Malta, estamos a jogar muito bem, temos que continuar assim. Estou mesmo tranquilo em relação ao jogo e ao resultado porque só têm de continuar e acreditar que é possível dar a volta”. Lembro-me da tranquilidade que ele nos transmitiu e até o otimismo.

Quando foi chamado pela primeira vez a representar Portugal?
Na primeira época do Vitória cheguei a ir algumas vezes à seleção sub-19. Eu já tinha estado em seleções distritais, em Lisboa. Foi bom voltar a ver companheiros com quem joguei no Sporting ou contra quem joguei durante muitos anos. Fiz jogos de qualificação, mas não fui chamado para o Europeu. Nos sub-20 é que fiz a qualificação e fiz o Mundial de 2013. No Europeu de sub-21 já estou no FC Porto.

Que propostas surgiram no final da época 2012/13?
Chegou-se a falar no interesse do Benfica, mas não gostei muito da abordagem, porque um ano antes tinha havido um negócio do Targino, que ia para o Benfica, mas depois lesionou-se e supostamente o Benfica já tinha pagado parte dessa transferência; por isso era um bocado, vamos acertar as contas, transferindo eu e o Tiago Rodrigues. Ainda por cima a ideia era eu ficar com o estatuto de equipa B, porque o Benfica tinha uma tabela, em que todos os jovens tinham o mesmo contrato. Mas eu já estava um nível acima, já jogava I Liga, nunca achei que o interesse fosse mesmo genuíno, entretanto apareceu o FC Porto, com um contrato com melhores condições, com interesse real e foi perfeito.

Com o amigo Afonso Figueiredo


D.R.

Quando se mudou para o Porto ficou a viver onde e com quem?
Fiquei a viver sozinho perto do Olival.

Os valores que o FC Porto lhe pagava eram muito superiores aos que ganhava no Vitória de Guimarães?
Sim. Era um contrato de cinco anos. Os valores eram cinco vezes mais.

Como foi entrar no balneário do FC Porto?
[Risos] Foi estranho. Ver jogadores internacionais ali ao meu lado e eu ser igual a eles foi um bocado estranho, parecia quase irreal.

Ficou sentado ao lado de quem?
No início fiquei mais com o Licá, porque quando fomos para lá ficamos os dois num hotel ao lado do Dragão. Tanto que às vezes íamos juntos para o treino. Tinha também lá o Tiago Rodrigues, o Josué, era mais este o meu grupinho.

Algum dos jogadores mais antigos que tenha sido particularmente simpático, ou pelo contrário, mais antipático?
Só tenho boas recordações. Lembro-me do Lucho, do Helton e do Danilo que disse-me logo que se precisasse de alguma coisa era só dizer. Acolheram-me super bem.

Não foi praxado?
Havia aquela coisa do corredor pelo qual tínhamos de passar e levávamos uns calduços e uns pontapés, mas nada de mais.

Com a mãe, o irmão mais velho, Paulo, e o sobrinho


D.R.

Chegou ao mesmo tempo que o treinador Paulo Fonseca. Com que opinião ficou dele?
Gostei muito dele e da equipa técnica dele. Tinham boas ideias, davam-se bem com o grupo. Acho que na altura faltou-lhe um pouco de maturidade e tenho certeza de que aquilo preparou-o para o futuro e para os projetos que teve a seguir. Só tenho boas coisas a dizer sobre ele.

Contra quem fez o seu jogo de estreia no FC Porto?
Contra o V. Setúbal. Entrei no final. Ganhámos o jogo. Nessa época comecei a treinar algumas vezes a lateral porque só havia três laterais na equipa, o Alex Sandro, o Fucile e o Danilo.

Sentiu-se confortável a jogar com lateral?
Foi estranho. Uma coisa é jogar a extremo e apanhar o lateral, outra é ser lateral. Lembro-me que muitas vezes jogava contra o Licá, porque ele jogava a extremo esquerdo e eu, a defesa direito. E ele como fazia muitos movimentos nas costas, no início eu ficava sempre à toa, porque olhava ele estava de um lado, eu olhava para a bola quando ela vinha e quando voltava a olhar ele já estava do outro lado e eu um bocadinho perdido. Foi preciso aquela adaptação, perceber o posicionamento, o ter de jogar com a linha defensiva, ter atenção à bola e ao jogador, era tudo novo para mim, apesar de ter feito um ou outro jogo com o Vitória a lateral também.

Também jogou várias vezes pela equipa B, certo?
Sim, houve nos jogos em que não era convocado, acabava por jogar na equipa B.

Ficou triste com a saída do Paulo Fonseca?
Um treinador vive de resultados e as coisas não estavam a correr tão bem como era de esperar, por isso acabou por ser natural que acontecesse, faz parte do futebol. Entretanto, entrou o Luis Castro. Tinha boas indicações dele. Acabei por jogar mais vezes.

Com um estilo completamente diferente do Paulo Fonseca?
Sim, mas eram dois treinadores que gostavam de jogar um futebol atrativo.

Ricardo (à direita) num jogo pela seleção


D.R.

Que diferenças maiores notou entre os adeptos do FC Porto e os do V. Guimarães?
No Porto era a uma escala maior. Digamos que no Vitória tive a iniciação, com adeptos incansáveis no apoio que dão. Mas no FC Porto diria que é mais intenso. A pressão é maior, a cobrança é maior.

De que forma é que sentia essa cobrança?
Apesar de não jogar tanto, as pessoas na rua abordavam-me, e sempre do género: “É para ganhar no fim de semana”. Um empate no FC Porto é uma derrota, praticamente. As pessoas não se coíbem de manifestar o seu ponto de vista. Como jogadores tínhamos de ter atenção ao que fazíamos, onde íamos, porque é um clube grande em que toda a gente nos conhece.

Fala-se muito da mística do FC Porto. O que significou para si a mística do FC Porto e de que forma a sentiu?
É o nunca desistir, é o dar sempre tudo, é aquela equipa com raça e agressiva, no bom sentido, que tem de dominar e ganhar porque só o ganhar é que interessa. Acima de tudo são estes valores.

Isso é transmitido de que forma?
Por toda a gente que trabalha no clube, pelos adeptos, pela história, quem está de fora percebe que há ali alguma coisa de diferente. E no dia a dia, sem dúvida. Lembro-me que, se empatássemos, a maioria das pessoas no clube estava triste ou na azia.

O Luís Castro acabou por voltar à equipa B. Teve pena?
De certa forma, sim, porque nesse final de época fiz alguns jogos e esperava que o ano seguinte fosse de continuidade e que jogasse mais, acabou por não acontecer.

Com a seleção de Sub 21, no Europeu de 2015


D.R.

Como foi a entrada do Julen Lopetegui na equipa?
É um treinador intenso. Tivemos uma pré-época forte. Também foi uma época em que o clube insistiu em muitos jogadores novos e bons e eu gostava muito da ideia de jogo dele.

Que ideia de jogo era essa?
De tentar ir pela certa, de ter paciência com a posse de bola, de variar os flancos de jogo, de ter uma pressão constante no adversário.

Como pessoa e líder de balneário que tal era?
Nessa parte é que não foi tão bem-sucedido, na minha opinião.

Porquê?
Porque lhe faltava de certa forma ter atenção ao plantel todo. Tentar puxar por toda a gente. Depois, a empatia entre ele e os adeptos parecia não existir ou, pelo menos, não estar sincronizada.

Lopetegui dava muito mais importância aos que jogavam do que aos que não jogavam?
De certa forma. Hoje, com a experiência que tenho, sou da opinião que até se deve dar mais atenção aos que não jogam, porque os que jogam estão bem.

D.R.

Essa segunda época não lhe correu tão bem porquê?
Porque não joguei tanto. Achava que ia ser mais em crescendo relativamente à época anterior e não aconteceu, deixei de me sentir importante. Tínhamos um plantel extenso, éramos uns 25 e às vezes quando fazíamos exercícios e eram precisos apenas 22 jogadores, normalmente eram sempre os mesmos que ficávamos à parte. Eu, o Kelvin, o Otávio, mais um ou outro. Uma pessoa deixa de se sentir tão importante e já não tem aquela alegria de jogar. Não foi uma época tão boa nesse sentido.

Como fez para dar a volta a essa situação e manter-se focado e estimulado?
Continuava a trabalhar, a tentar dar o meu máximo. Mas, no fundo, sabia que dificilmente as coisas iam mudar. Tanto que fui eu quem falou na época seguinte em sair. Precisava mudar de ares. Na altura até foi complicado porque eles não queriam que eu saísse, as coisas só se fizeram mesmo no último dia de transferências.

O que o levou a escolher o Nice?
Sinceramente, por ser o único interessado. Eu queria ir para o estrangeiro. Queria um desafio novo e sair da minha zona de conforto. Achei que seria mais benéfico para mim. O Nice já estava interessado há umas semanas e acabou por acontecer nos últimos dois dias.
 

SUPERMLY

Tribuna Presidencial
14 Setembro 2017
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Está todo rebentado das lesões

Deixem se disso
A lesão de ligamentos é relativamente benigna, hoje em dia consegues colocar um joelho mais forte com uma reparação do que com o ligamento original.
A questão é ver se não existiu dano adicional(menisco ou cartilagem).
A foda é rutura de tendão de aquiles. É talvez a lesão mais incapacitante de todas as desportivas e nunca fica igual.
O Danilo teve uma(parcial)e perdeu de certa forma alguma dinamica mas não tem perdido mobilidade
Lembro me do Abel Hernandez e desde ai foi sempre a descer.

Eu proprio já tive 2 uma em cada perna e posso te dizer que é horrivel
 
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